A atual fase do Brasil no UFC
Em 2012, o Brasil somava quatro cinturões do UFC: Anderson Silva (campeão dos médios), Junior Cigano (pesados), José Aldo (penas) e Renan Barão (interino dos galos). O MMA estava em alta no país, muitos eventos acontecendo por aqui, astros dominando a mídia e levantando a bandeira do esporte, e novos ídolos brilhando. Dá até saudade. Quase quatro anos depois do dia em que Cain Velásquez encerrou o melhor momento do país na franquia ao tomar o título de Cigano, no dia 29 de dezembro daquele ano, o fã de lutas vive uma desconfiança assustadora. Existiram outros campeões do país durante os últimos anos, mas as perguntas que rondam nossas mentes atualmente são sempre as mesmas. O que aconteceu com os brasileiros no UFC? Que fase é essa? O país voltará a ser uma potência no show?
A primeira pergunta que o fã deve fazer é: estamos mesmo numa fase ruim ou o que falta é valorizar aqueles que vêm fazendo bonito? Atualmente, Amanda Nunes é campeã peso galo feminino do evento. Além dela, até que haja um anúncio oficial do evento, José Aldo é o campeão interino dos penas do Ultimate. Isso sem contar as inúmeras chances que o país tem de disputar o cinturão nos próximos meses.
Confira a lista de brasileiros que estão no Top 5 de suas divisões e podem disputar o título do UFC em breve:
- Peso palha feminino – Jessica Andrade (nº 5 no ranking)
- Peso galo feminino – Amanda Nunes (campeã da categoria)
- Peso mosca do UFC – Jussier Formiga (nº 3 no ranking)
- Peso Galo – John Lineker (nº 2) e Raphael Assunção (nº 3)
- Peso Pena – José Aldo (campeão interino da categoria)
- Peso leve – Rafael dos Anjos (nº 2) e Edson Barboza (nº 5)
- Peso meio-médio – Demian Maia (nº 3)
- Peso médios – Ronaldo Jacaré (nº 3)
- Peso meio-pesado – nenhum lutador no top 5
- Peso pesado – Fabricio Werdum (nº 1) e Junior Cigano (nº 4)
Além dos detentores de título — Amanda Nunes e José Aldo — o Brasil conta com dez lutadores no Top 5 de suas categorias. Alguns deles muito próximos de uma chance pelo cinturão.
A grande questão é que os novos nomes tupiniquins que figuram no topo de suas divisões ainda não são tão expressivos quanto aqueles que “apresentaram” o MMA ao torcedor brasileiro anos atrás. Esse mesmo público que se acostumou com as vitórias de Spider, Aldo, Cigano e companhia teve de lidar com capítulos dolorosos na história do país na organização. Que tempos são esses onde Aldo perde em 13 segundos para um falastrão? Spider cai no doping e fica quatro anos sem vencer, Belfort não tem sido mais tão ameaçador… Muitos “medalhões” seguem na ativa, mas não tão em alta.
Apesar do que pode parecer, a chamada “crise” que acontece atualmente no Brasil dentro do UFC não é tão dura assim. O que acontece é que o novos potenciais a ídolos não têm um perfil que facilita a continuação da popularização da modalidade no país. Muitos vivem fora do Brasil — o que dificulta o trabalho do Ultimate na hora de construir um ídolo —, a maioria tem uma postura disciplinada e discreta e poucos têm força suficiente para assumir o papel de liderança dentro do país, tornar-se a referência número um. Claro que, se Anderson Silva ou Vitor Belfort (ou, quem sabe, os dois!) se recuperarem no octógono, já seria um grande passo, mas a questão é pensar mais à frente. Se ambos se aposentarem amanhã… Quem fica?
Todo esporte precisa de referências para manter sua relevância em um país. E o brasileiro gosta de vencedores, seja da modalidade que for.
José Aldo é o nome mais forte no momento. É jovem, talentoso, carrega o título de “campeão do povo”, mas está desiludido com o UFC e possivelmente vai encerrar a carreira de forma precoce. A campeã Amanda Nunes pode surpreender como personalidade brasileira do mundo das lutas. Ela encara Ronda Rousey em dezembro e pode maximizar sua força se for bem trabalhada pela mídia. A dificuldade é que ela vive nos EUA e também não demonstra muito interesse em potencializar sua imagem. Fabricio Werdum é outro com capacidade de ser grande no país, mas acabou de perder o título no maior evento da história do Ultimate no Brasil, em maio. No momento, sua imagem está machucada. Cigano é outro bom nome, mas não consegue manter o ritmo, devido a lesões.
Talvez a solução para recuperar a autoestima do torcedor brasileiro de lutas seja a mesma usada para apresentar o sucesso do país na modalidade, usada em agosto de 2011, quando o UFC 134 marcou o o retorno do UFC ao Brasil. Um evento grande, com os nomes mais expressivos do país lutando numa mesma noite, pode marcar um novo recomeço para o país no evento e abrir os olhos dos fãs para os talentos menos valorizados, mas que possuem grande potencial.