A corrida alucinante de Conor McGregor
Aos 28 anos, ele tem milhões de seguidores na internet, soma 20 vitórias e três derrotas no MMA, acumula inúmeras frases de efeito — a maioria delas prevendo um futuro que ultimamente tem se confirmado —, tem um país inteiro ao seu lado, o mundo inteiro interessado em cada passo seu e está prestes a se tornar o primeiro homem na história a se tornar campeão do UFC em duas categorias simultâneas. A caminhada de Conor McGregor até o UFC 205, que acontece neste sábado, em Nova York (EUA) é meteórica. Não foi, ela ainda é. O astro irlandês ainda precisa bater o duríssimo campeão Eddie Alvarez para alcançar tamanha glória de sustentar os cinturões dos penas e dos leves, mas seu caminho até se aproximar da chance é único.
Conhecido pela irreverência e a coragem de falar o que pensa, além de anunciar ao mundo sem medo o que pretende fazer, McGregor tem pressa. Ainda vamos descobrir o motivo, mas pensemos: aos 28 anos, para que esse ritmo alucinante? Sua carreira se desenha como um sprint, uma corrida onde ele dá tudo de si de início, não apenas para chegar ao fim logo, mas para fazê-lo em tempo recorde. O que muitos encaram como maratona, ele encara como corrida. Ele chegou, está fazendo muito, e em breve irá partir. “Obrigado pelo queijo, te vejo depois.” Conor não tem medo, não pensa demais, não prefere esperar, não reclama de mudanças de última hora… Ele aceita e faz. E isso tem de ser louvado, pois poucos atletas agem dessa forma. Especialmente campeões.
Qual foi o último campeão do UFC que lutou quatro vezes em 11 meses? Qual deles se aventurou duas categorias acima de última hora (vide UFC 196)? Qual deles fez três lutas em três categorias diferentes (leve, meio-médio e pena) em menos de um ano? A coragem de McGregor é premiada com oportunidades que ninguém tem no UFC. Muitas vezes é injusto, mas na maioria das vezes não é. Acredite!
Essa corrida rumo ao inédito faz sentido levando em consideração a juventude e inteligência do irlandês. Jovem, ele tem mais energia para dedicar a todo esse processo que muitos tratam como uma “loucura do jogo”. Que processo? Ser o maior nome do UFC na atualidade requer infinitos compromissos com a imprensa, entrevistas, encontros com patrocinadores e tudo aquilo que faz parte da rotina de um atleta vitorioso. Ninguém aguenta isso por muito tempo. Então, enquanto ele aguentar, o fará com maestria. Conor corre agora para descansar ao final da jornada. Cumprir tudo o que McGregor tem feito de forma tão espetacular e efetiva custa muito. Não custa dinheiro. Isso é o que ele mais ganha quando cumpre todos os seus compromissos. Mas ele tem de abrir mão de prazeres como momento com amigos, família, lazer, descanso… Todo ser humano precisa disso.
Ninguém nesse mundo aguenta tanto tempo nesse ritmo. Nem ele vai aguentar. Pode anotar. E não vai aguentar não só por cansaço, mas porque ele já percebeu que não precisa lutar por muito mais tempo. É rico, um ícone na Irlanda, famoso no mundo todo… Fora a infinidade de possibilidades na carreira fora do MMA, assim como Ronda Rousey, que já declarou que está perto de seu fim no esporte. E talvez o mais importante: ele aproveita o “timing”, encara seus desafios em seu auge, não espera passar ou melhorar. Se a fase é boa, por que não abraçar o mundo? Ele pode cair? Pode! Já caiu uma vez, mas logo se levantou. Cada aposta que ele faz em seu próprio potencial é arriscada. Mas, quando se tem confiança, é meio caminho andando viver a glória de provar ao mundo que você é capaz de algo.
O campeão dos penas tem um anúncio pessoal a fazer após o UFC 205. Se anunciar a aposentadoria, terá deixado um legado especial. Se optar por interromper sua carreira para voltar daqui a um ou dois anos, pode voltar ainda jovem, pronto para injetar mais uma dose de adrenalina no mundo das lutas. Se continuar lutando, ele seguirá pensando em novos recordes e feitos históricos por algum tempo.
Conor McGregor tem pressa e não tem medo. E isso faz dele um dos lutadores mais intrigantes da história do esporte.