Michael Bisping merece respeito como lutador
Ele foi conhecido durante muito tempo como um astro do UFC que sempre “batia na trave” na hora de conquistar uma chance pelo cinturão. Fez sua primeira luta oficial na maior organização de MMA do mundo na final do The Ultimate Fighter 3, em junho de 2006, precisou de quase uma década para ter sua chance pelo cinturão e… Não decepcionou. Depois de tanto tempo carregando o fardo de ser um lutador empolgante, mas que não brilhava na hora certa, veja só: Michael Bisping fez de 2016 o melhor ano de sua carreira. Três lutas e três vitórias históricas que o garantem ao menos uma chance pelo título de “lutador do ano” no Oscar do MMA que acontece no fim do ano. Já passou da hora de respeitá-lo como lutador.
A principal característica desenvolvida por Bisping ao longo dos anos e que se destaca como seu maior trunfo atualmente é a coragem. Recorde o caminho do lutador nos últimos meses até este pós-UFC 204, quando ele conseguiu sua primeira defesa de título bem sucedida contra Dan Henderson, em Manchester (ING), após triunfo na decisão dos juízes.
Thales Leites
Em julho de 2015, Bisping encarou Thales Leites no UFC Escócia. O inglês aceitou encarar o brasileiro que vinha de oito vitórias consecutivas e estava atrás no ranking dos médios. Ele venceu de forma dominante, quebrou a expressiva invencibilidade de Thales e pediu por um “desafio grande” na próxima luta.
Anderson Silva
Pedido atendido. Em fevereiro, Michael encarou a lenda Anderson Silva no UFC Londres. Diante do maior lutador de todos os tempos, Bisping lutou de igual para igual e apesar do nocaute sofrido durante a luta – erroneamente não acusado pelo árbitro do combate – teve hombridade para seguir lutando e garantir o triunfo na decisão dos juízes. Naquele momento, muitos atletas poderiam ter ficado intimidados ou até perder o rumo da luta, que era favorável até então. Ali ele mostrou um coração que poucos conheciam.
Luke Rockhold
A nova demonstração de coragem aconteceu em maio. Depois de vencer Spider em momento histórico na carreira, Bisping foi, enfim, convocado a sua primeira disputa de título no UFC. Com a lesão de Chris Weidman, o inglês entrou como substituto e aceitou fazer a revanche com Luke Rockhold – que vencera meses antes – com menos de um mês de preparação. Muitos astros do UFC costumam negar essas oportunidades de última hora. Focado, técnico e corajoso, Bisping chocou o mundo ao nocautear o rival e conquistar o título dos médios.
Dan Henderson
Para completar, no último sábado (8), Bisping encarou Dan Henderson pela segunda vez. É claro que por um lado existe a injustiça de que ele deveria enfrentar Ronaldo Jacaré, brasileiro melhor ranqueado para a ocasião. Mas por outro lado é preciso reconhecer o risco que o inglês correu. Campeão dos médios, ele aceitou enfrentar o 13º colocado no rankings dos médios, em casa, e anos após perder para o mesmo rival de forma traumática. Ele tinha tudo a perder. Mas ganhou. Após cinco rounds apertados, o astro inglês sofreu dois knockdows, se levantou, e apesar das inúmeras lesões e um corte enorme no olho seguiu lutando com garra para garantir a primeira defesa de cinturão bem sucedida no UFC e consequentemente vingar a derrota sofrida para Hendo em 2009.
Claro, vão existir argumentos do tipo: ele perdeu para o Spider por nocaute, Rockhold não lutou sério, Dan Henderson está velho… Bisping não tem nada com isso. Subiu no octógono, manteve o foco, mostrou coração e concluiu sua missão.
Coragem é algo que merece reconhecimento no mundo das lutas. Quem se arrisca alcança conquistas maiores. Para quem até pouco tempo não era reconhecido pela áurea vencedora, Michael Bisping já deu os primeiros passos para, quem sabe, deixar um legado especial no mundo das lutas. A coragem impõe respeito.