O legado deixado por Urijah Faber no MMA
Foram quatro chances de conquistar o cinturão do UFC. Em nenhuma delas ele conseguiu concretizar o feito de deter o título mais cobiçado do MMA, mas se engana quem pensa que a carreira de Urijah Faber se resume a isso. Aos 37 anos, ele é um dos maiores veteranos da modalidade e foi um dos primeiros lutadores a alcançar notoriedade antes mesmo de chegar ao Ultimate. No último sábado, ele anunciou sua aposentadoria com uma vitória por decisão contra Brad Pickett, pelo UFC Sacramento, diante de sua família e seus amigos, no “quintal de casa”. Mais do que um nome popular no mundo das lutas, Faber é um exemplo de que você não precisa ser campeão do UFC para conquistar o respeito dos fãs.
Antes que você pense que estou ignorando os feitos dele no extinto WEC, é exatamente por aí que a história de sucesso dele começa. Na verdade, sua trajetória iniciou em 2003. Depois de somar vitórias pelos eventos “King of The Cage” e “Gladiator Challenge” em um tempo onde o MMA ainda não era tão popular nos Estados Unidos e o sucesso da modalidade era concentrado no Japão, devido a força do extinto Pride, Faber estreou no WEC em 2006. Sua primeira luta foi logo pelo título peso pena do evento. Ele venceu Cole Escovedo, se tornou campeão do WEC e defendeu o cinturão por cinco vezes. Àquela época, ele já era o maior nome do WEC. Vale lembrar que o evento era especializado em categorias leves como peso leve, peso pena, peso galo… No UFC, essas categorias não existiam em 2008. Faber foi talvez o primeiro grande nome do mundo das lutas de uma categoria leve. Sabemos que até hoje é difícil um atleta de peso leve ter uma valorização igual a de um peso-pesado. Se hoje é assim, imagine quase uma década atrás.
Depois que perdeu o título do WEC para Mike Brown, em 2008, Faber nunca mais voltou a ser campeão mundial. Ele mudou dos penas para os galos, depois voltou para os penas e encerrou a carreira como peso galo. Teve disputas de cinturão contra Mike Brown (duas vezes), José Aldo, Renan Barão (duas vezes), Dominick Cruz (duas vezes)… Perdeu todas, mas ganhou respeito. Mesmo sem recuperar o cinturão do WEC e conquistar o título do UFC, o americano sempre esteve na lista dos lutadores mais queridos do público, sempre no top 5 nas categorias em que lutou.
Conhecido como “garoto californiano” no mundo das lutas, seu estilo dentro e fora do octógono atraiu fãs ao redor do mundo. Fora do cage, faz jus ao apelido. Usa camisetas, bonés, chinelos, entre outros acessórios usados por um surfista da Califórnia. Urijah aparecia em estilo despojado até em coletivas de imprensa e eventos oficiais do UFC. Dentro do cage, um lutador para lá de empolgante. Talentoso em pé, mas especialmente no chão – onde somou 19 finalizações na carreira – Faber acumulou diversos prêmios por “performances da noite” e colecionou fãs ao redor do mundo. Mais do que isso, o americano sempre foi um atleta carismático, nunca se envolveu em polêmica e conseguiu estar sempre em atividade, longe de lesões. Isso o ajudou a firmar sua posição de um dos atletas mais populares do UFC.
Pioneiro, empolgante e inspirador. A carreira de Urijah Faber nos ensina muito. Ele pode nunca ter conquistado o título do UFC, mas nunca perdeu tempo lamentando pelo que não tem e fez o melhor daquilo que tinha. Ele nunca abaixou a cabeça, sempre seguiu em frente. Por isso é tão adorado e respeitado no mundo das lutas.
Agora, Faber vai dedicar sua atenção à liderança de sua academia, a Team Alpha Male, uma das mais respeitadas do mundo das lutas. Além de passar seu conhecimento adiante, o “garoto californiano” vai trabalhar com os talentos de sua academia para que novos astros alcancem o mesmo sucesso que ele conseguiu. Com ou sem cinturão.