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Porque Ronda Vs Cyborg nunca deve acontecer no UFC

Fotos: Matthew Stockman; Buda Mendes/Getty Images

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que não conversei com o Dana White ou tenho qualquer informação privilegiada sobre o futuro de Ronda Rousey e Cris Cyborg. Mas, para quem acompanha o UFC, não é difícil concluir que uma superluta entre as rivais é algo muito (muito mesmo) difícil de acontecer. Por diversos motivos. Embora seja o sonho de muitos fãs de lutas, um encontro entre a americana e a brasileira depende de muita coisa para sair do papel até sacudir o mundo dos esportes de uma forma histórica.

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Peso

Para começar, é sempre bom lembrar: Ronda e Cyborg lutam em categorias de peso diferentes. Enquanto a ex-campeã do UFC atua na divisão até 61,2kg, Cris é a atual campeã da categoria até 65,8kg no Invicta FC. É uma diferença de 4,6kg. Se por um lado a brasileira diz que não consegue descer até o peso de Ronda, a americana sabe que seria estupidez subir até a divisão da rival. Qual a solução? Um duelo em peso casado, entre as duas categorias. Cyborg se apresentou duas vezes pelo UFC até 63,5kg. Ela já anunciou que não repetirá a dose se não for para enfrentar Rousey. A brasileira sofre de forma dolorosa para descer de peso e não pretende repetir o sacrifício para enfrentar lutadoras que passam longe do calibre de Ronda. E ela está certa.

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Futuro

Aos 29, Ronda declarou recentemente que está perto do adeus ao MMA. Pode ter certeza de que sua luta contra a campeã Amanda Nunes, que acontece no dia 30 de dezembro, em Las Vegas (EUA), pelo UFC 207, vai guiar seu caminho. Se ganhar, talvez ela faça mais uma luta de despedida. Quem sabe uma revanche com Holly Holm? Se perder para a brasileira, não vejo motivo para voltar ao octógono. Já falamos sobre isso aqui: Ronda Rousey não precisa mais do MMA para viver. Ela está rica e ostentando opções para sua carreira fora do esporte. Seu retorno acontece especialmente para recuperar seu orgulho (leia-se cinturão do UFC) tomado após a queda traumática contra Holm, em novembro do ano passado. Me surpreenderia se uma superluta com Cris Cyborg — algo que poderia machucar seu legado em caso de derrota — estivesse nos planos da lutadora. Até porque, se ela vencer Amanda, será então a campeã peso-galo do UFC. Por que raios ela encararia Cyborg fora de sua divisão? Ao menos até aqui Ronda Rousey tem se mostrado diferente de Conor McGregor em suas decisões no UFC.

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Dinheiro

Uma superluta entre Ronda e Cyborg geraria muito lucro? Sim! Para o UFC, para a Ronda, para a Cyborg, para a mídia, para as casas de apostas, para os patrocinadores… Para todo mundo. Mas será que Ronda está disposta a correr tal risco por dinheiro? Ela não precisa mais disso. Seus passos dentro e fora do octógono são muito bem calculados. A chance de Cris é seguir fazendo suas provocações até que Rousey se convença que uma superluta com a brasileira é algo pessoal, independente de peso, dinheiro ou qualquer outro obstáculo que possa se manter no caminho.

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Rumores

Diversos sites americanos especularam nas últimas semanas que Ronda Rousey teria exigido uma condição para seu retorno ao UFC: não ser questionada sobre qualquer assunto relacionado a Cris Cyborg. É válido notar que a americana volta a pisar no octógono daqui a pouco mais de um mês. Ela não tem dado entrevistas e, segundo Dana White, pode chegar até o dia da disputa de cinturão com Amanda Nunes sem sequer responder uma pergunta à mídia especializada. Ou seja: se Ronda Rousey não está em condições psicológicas de pensar em Cris Cyborg, ela certamente não encararia uma exaustiva e poderosa promoção para uma superluta com a rival.

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Depois de tantas realizações e feitos históricos, não é inteligente duvidar da capacidade do UFC em conseguir realizar essa superluta pra os fãs. Mas por enquanto o confronto parece muito longe de acontecer. São muitos obstáculos no caminho e há de se ter muita paciência e vontade para tirar tudo da frente até alcançar o objetivo.

Tudo pode acontecer, mas, atualmente, apostar na realização desse confronto num futuro breve é acreditar em algo que é praticamente impossível. Não há fundamentos para crer nisso.

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