UFC

A polêmica por trás da derrota de Michael Bisping para Kelvin Gastelum no UFC China

Foto: Divulgação/UFC

A luta principal do UFC Fight Night ocorrido em Xangai, China, no último sábado (25), contou com um nocaute arrasador de Kelvin Gastelum no primeiro round diante de Michael Bisping. O resultado foi para lá de expressivo para a carreira do americano de 26 anos. Já para na carreira do inglês de 38, a derrota não tem muito impacto. O que preocupa é o dano causado ao ser humano Bisping. Esta é a polêmica levantada após o inglês cair apagado ao fim do combate no octógono. E não é difícil entender o motivo. Eu explico.

Para quem não se lembra, Michael Bisping foi finalizado por Georges St-Pierre no dia 4 de novembro, pelo UFC 217, em Nova York (EUA). Ele aceitou o duelo com Gastelum em mais um ato de bravura. É bonito ver atletas se colocando à disposição da organização para lutarem e “salvarem” eventos do Ultimate. É uma demonstração de disposição, honra, comprometimento e amor ao MMA. Mas é como o presidente do UFC Dana White já declarou: “muitas vezes precisamos proteger os lutadores deles mesmos”.

Não é à toa que lutadores recebem suspensões médicas após eventos do UFC. Bisping recebeu 30 dias após o UFC 217, algo que não foi cumprido. É bom lembrar que tais suspensões são aplicadas por comissões atléticas após breve avaliação momentos após a luta. Tais diagnósticos podem ser modificados após nova avaliação. Bisping teve de passar por uma bateria de exames até ser liberado para enfrentar Gastelum semanas após a derrota para St-Pierre. Ainda assim, o dano físico a ele exposto foi grande.

Michael não lutava há mais de um ano quando pisou no octógono do UFC 217. Ou seja: depois de ficar 13 meses parado, ele lutou duas vezes em três semanas. Expôs seu corpo ao treinamento pesado, ao corte de peso, que sempre é agressivo, e, claro, ao dano físico que muitas vezes é lutar MMA. É bom lembrar que contra GSP ele foi apagado (!), e antes de “dormir” no octógono com o mata-leão de St-Pierre, ele sofreu concussões ao ser derrubado pelo canadense com socos que o levaram a knockdown. Para completar, diante de Gastelum, ele sofreu um nocaute brutal que o fez cair apagado também. Isso tudo aos 38 anos. Sabe-se lá o dano que tais atividades podem causar ao futuro de Michael Bisping.

Por outro lado, é até possível enxergar um dano calculado nessa situação. Bisping já anunciou que fará em março a última luta de sua carreira. Tais derrotas não prejudicam tanto sua carreira, que já está no fim. Mas podem, sim, prejudicar sua saúde física e mental no futuro, independente de continuar como atleta ou não nos próximos anos.

A saúde de um lutador é um assunto muito sério. Em um esporte de combate, onde atletas se expõe a danos perigosos toda vez que entram em ação, todo cuidado é pouco. O que Bisping fez ao salvar o UFC China e se colocar à disposição para substituir Anderson Silva foi louvável, mas também foi irresponsável. Há limites! Exatamente por ter 38 anos, ser um ex-campeão, astro e ídolo do UFC, o inglês – e a organização, que obviamente tem sua parcela de culpa, maior até que a do lutador – poderia dar o exemplo para que novas gerações trabalhem com mais consciência.