Até quando viveremos a eterna dança das cadeiras?
O Corinthians não trocou de treinador e se sagrou campeão nacional
Técnico ganha jogo? Uns dizem que sim, mas a maioria acha que não. Por que então há tantas trocas nos comandos das equipes? Ninguém sabe ao certo, mas é possível constatar que quem troca de profissional frequentemente não consegue ir muito longe.
Os trabalhos de Fábio Carille e de Renato Gaúcho
O até então desconhecido Fábio Carille assumiu o Corinthians na temporada 2017. Poucos acreditavam que o Timão poderia ir longe com um grupo sem um timoneiro de renome. Além disso, o Palmeiras havia investido pesado na contratação de medalhões. Santos e São Paulo também pareciam viver ambientes melhores que os do Parque São Jorge.
Pois bem: o dinheiro do Porco escorreu pelo ralo, o São Paulo não foi longe, o Santos ficou atrás do Mirassol durante boa parte da contenda e quem chegou à final com o Mosqueteiro foi a surpreendente Ponte Preta. No Brasileirão, os alvinegros brincaram, dispararam e, mesmo com alguns escorregões na reta final, faturaram o título de maneira merecida.
Qual o mérito do comandante? Ter armado uma defesa sólida, ter observado e aproveitado as revelações do sub-20 e ter recuperado jogadores desprestigiados.
No Grêmio, Renato Gaúcho, até então apontado como um profissional de segundo escalão, conquistou a Taça Libertadores da América. Este falastrão se especializou em apostar em atletas desprezados por seus rivais. Também teve mérito conhecer os limites de seu plantel: focou somente na competição sul-americana, abrindo mão do Estadual, da Primeira Liga, do Brasileirão e até da Copa do Brasil!
Foi uma pena não ter havido uma fase decisiva da Série A envolvendo pelo menos Corinthians e Grêmio, os dois times mais certinhos do país ao longo de 2017! Claro que além dos técnicos, os talentos dos jogadores, como Jô e Marcelo Grohe, a obediência tática e a união dos grupos foram fundamentais para o sucesso.
Outro que acertou na insistência foi o América-MG, campeão da segunda divisão. Enderson Moreira está em Belo Horizonte desde 2016.
As demissões
O Atlético-GO demitiu Marcelo Cabo e Doriva antes de deixar o barco para o interino João Paulo Sanches. O Dragão acabou rebaixado na lanterna.
O Flamengo, que tem o elenco mais caro do Brasil, não foi a nenhum lugar em 2017. No meio da liga decidiu trocar Zé Ricardo pelo caríssimo Reinaldo Rueda. Continuou estagnado.
O Bahia que perdeu Guto Ferreira, trouxe Jorginho e depois Preto Casagrande, que acabou trocado por Paulo César Carpegiani, que hoje está desempregado. Para 2018, volta o primeiro nome. Qual o critério?
O Atlético-PR foi o primeiro integrante da Série A a demitir seu professor: Paulo Autuori caiu em 23 de maio e deu lugar a Eduardo Baptista. Fabiano Soares também passou por Curitiba. O Furacão sonha em ter Seedorf no ano que vem.
O Atlético-MG começou com Roger Machado, passou por Rogério Micale e agora diz que confia em Oswaldo de Oliveira, que tenta estabilizar o Galo.
A Chapecoense demitiu primeiro Vagner Mancini e depois Vinícius Eutrópio. Terminou a temporada com Gilson Kleina, que deve permanecer na Arena Condá.
O degolado Coritiba chegou ao cúmulo de demitir o ídolo Pachequinho. Marcelo Oliveira não resolveu e o Coxa desceu.
O Palmeiras até que insistiu bastante tempo com Cuca. Quando o Verdão foi eliminado de tudo, o Palestra colocou o auxiliar em seu lugar.
A Ponte Preta tentou em vão evitar sua queda com Eduardo Baptista no lugar de Gilson Kleina.
O Santos mandou embora Dorival Júnior e duas vezes Levir Culpi (teve que voltar atrás da primeira vez a pedido da torcida).
A poucos quilômetros da Vila Belmiro, o São Paulo quis Dorival Júnior, que pegou o assento vazio de Rogério Ceni, que perdeu o emprego.
Sport começou com Ney Franco, passou por Vanderlei Luxemburgo e Daniel Paulista. Quase pegou o elevador com a seta para baixo.
O Vasco trocou Milton Mendes por Zé Ricardo e alcançou a Libertadores.
O Vitória deu pés nas bundas de Petkovic e de Alexandre Gallo. Vagner Mancini livrou o Leão do descenso.
O caso Resende FC
Após o Campeonato Carioca de 2017, Carlos Leiria assumiu o comando do Gigante do Vale. De julho para cá, ele só dirigiu seus jogadores em quatro oportunidades. Todas elas pela Copa Rio: derrota de 1 a 0 para o Barcelona, vitória por 1 a 0 sobre o mesmo azul e grená e dois revezes diante do Tigres por 3 a 2.
Após uma longa preparação para o Estadual de 2018, que incluiu treinos físicos, táticos e jogos-treino, bastou a goleada sofrida por 3 a 0 para a Cabofriense na estreia da Seletiva, que Leiria perdeu a cabeça.
Um recorde: demitido ainda em 2017 válido para a temporada 2018, após uma única peleja!
Teve treinador vacilão também
A tentação por trabalhar em um clube maior faz com que alguns profissionais não cumpram seus contratos. Ao longo do Brasileirão 2017, Guto Ferreira, o “Gordiola” deixou o Bahia para assumir o Internacional, na Série B. Ele acabou demitido alguns meses depois.
O mesmo está acontecendo agora no Flamengo. Reinaldo Rueda deve trocar a Gávea pela seleção chilena e o Urubu já sonda Paulo César Carpegiani.
Quem se despediu ao fim do contrato?
Após cumprir seu contrato, Jair Ventura optou por deixar o Botafogo e seguir carreira no Santos.
O Fortaleza que subiu da terceirona para a segundona agradeceu a passagem de Antônio Carlos Zago, que se despediu dos cartolas ao término de acordo com o Tricolor. Ele acertou sua ida para o Juventude.
Os técnicos da Série A para 2018
Quem dá entrada primeiro no seguro-desemprego?
- América-MG: Enderson Moreira.
- Atlético-MG: Oswaldo de Oliveira.
- Atlético-PR: (?)
- Bahia: Guto Ferreira.
- Botafogo: Felipe Conceição.
- Ceará: Marcelo Chamusca.
- Chapecoense: Gilson Kleina.
- Corinthians: Fábio Carille.
- Cruzeiro: Mano Menezes.
- Flamengo: Reinaldo Rueda (?)
- Fluminense: Abel Braga.
- Grêmio: Renato Gaúcho.
- Internacional: Odair Hellmann.
- Palmeiras: Roger Machado.
- Paraná: Wagner Lopes.
- Santos: Jair Ventura.
- São Paulo: Dorival Júnior.
- Sport: Nelsinho Baptista.
- Vasco da Gama: Zé Ricardo.
- Vitória: Vagner Mancini.