Final da Libertadores: quais são os cuidados que o Grêmio precisa ter com o Lanús?
Tricolor gaúcho corre atrás do tri na competição; primeira partida da decisão será nesta quarta (22) em Porto Alegre, com a finalíssima na semana que vem em Lanús
A metade tricolor do Rio Grande do Sul está em festa como há muitos anos não se via. O Grêmio forte e copeiro está de volta, e terá pela frente um adversário muito duro de ser batido. Que ninguém olhe o Lanús como uma equipe pequena. Até porque o bravo clube grená vai contar com uma legião de secadores – a começar, claro, pelos colorados de sempre. Dá para colocar outros fanáticos neste pacote: santistas e são-paulinos, por exemplo, vão obviamente querer continuar sendo os únicos brasileiros com três conquistas da competição continental em seu currículo.
O Lanús terá de fazer um bom papel no primeiro jogo da final da competição, que acontece nesta quarta (22), às 21h45 (de Brasília), na Arena do Grêmio. Um triunfo massacrante do Tricolor na ida (como ocorreu na semi diante do Barcelona, em Guayaquil) balançaria os argentinos, que recebem a segunda partida da final na semana que vem, em seu modesto estádio localizado na região metropolitana de Buenos Aires. Mas é bom tomar cuidado mesmo assim: foi lá que o Lanús despachou gigantes como o San Lorenzo e o River Plate – e mesmo perdendo por 2×0 e 3×0.
Grêmio encara um teste de frieza
O Grêmio é o grande favorito pelo menos na partida de ida, que será disputada diante de uma torcida enlouquecida, que não vê uma Libertadores desde a conquista de 1995, quando contava com Felipão, Arce, Paulo Nunes e Jardel. O Lanús reconhece este estado de catarse – e certamente fará de tudo para o Grêmio perder a cabeça. Todos os recursos entrarão em campo, incluindo as provocações e as entradas violentas de sempre. A meta desde o minuto zero vai ser fazer com o que o clube gaúcho não se sinta cômodo diante do seu torcedor.
O Lanús já provou que não se assusta nesta situação – pelo contrário, se fortalece.
Mais do que acostumado a medir forças com as agremiações mais vitoriosas de seu país nos últimos anos, a equipe conquistou o Campeonato Argentino no ano passado e deixou claro: passa por cima de qualquer um. E isso está bem claro nas pegadas deixadas nesta Libertadores. Na primeira fase, o Lanús foi o líder do grupo, superando o tricampeão Nacional, do Uruguai. Nas quartas, a vítima foi o San Lorenzo, campeão em 2014. Veio a semi com o temível River Plate, e pouca gente fora da Argentina apostava na classificação do Lanús, ainda mais porque o gigante de Núñez, campeão de 2015, vinha de massacrar o Jorge Wilstermann.
Derrotado fora de casa por 1×0, o Lanús fez uma partida extraordinária na volta, vencendo por 4×2 e tirando os Millonarios do páreo. O time do técnico Jorge Almirón é experiente, corajoso e não tem medo de cara feia. Se o Grêmio achar que seu ótimo histórico no futebol sul-americano será suficiente para faturar a taça, correrá o risco de se dar muito mal nesta decisão.
Lanús é time que sabe jogar
Está redondamente enganado quem acha que o Lanús está nesta decisão na base do chutão, da catimba e de um ou outro lance de sorte lá na frente. Muito pelo contrário: a equipe argentina não se encaixa nas características típicas das agremiações de menor tradição em seu país. Este Lanús joga com a bola no pé e sobe ao ataque trocando muitos passes ao invés de fazer a ligação direta entre zagueiros e atacantes.
O técnico é o esperto Jorge Almirón, ex-Independiente, que aproveita as melhores características de seus jogadores. É um time de muita movimentação e muitas tabelas, e que investe bastante nas jogadas pelos lados do campo, principalmente com o ponteiro rápido, habilidoso e encrenqueiro Lautaro Acosta, da seleção argentina.
No comando do ataque, o Lanús conta com um dos artilheiros da Libertadores: o veteraníssimo José “Pepe” Sand, de 37 anos, que já balançou as redes oito vezes nesta edição do torneio. Sand não é técnico e nem habilidoso, mas é um esportista de altíssimo nível nos quesitos maturidade e serenidade. Tem também um posicionamento invejável na área e sabe fazer o pivô fora dela. Como o Lanús não conta com a figura tradicional do armador e camisa 10 ao estilo de Riquelme ou D’Alessandro, Sand volta para buscar jogo e ajudar a acionar os pontas e os volantes. O Grêmio precisa ter atenção máxima com ele.
Uma Libertadores mais democrática
Com quase seis décadas de história, a Libertadores não é mais um privilégio de alguns poucos clubes da elite futebolística sul-americana. Nos últimos tempos, o seleto grupo dos vencedores da competição passou a ser muito mais amplo (e talvez nem tão seleto assim). Só nas últimas dez edições, foram quatro campeões inéditos: LDU, Corinthians, Atlético-MG e San Lorenzo. Nesse mesmo período, alguns dos maiores campeões da história da Libertadores foram derrotados em finais: Cruzeiro, Peñarol, Boca Juniors e Olimpia.
O Grêmio que abra o olho: o Lanús corre por fora, mas não é nenhuma grande zebra.
Palpite
No sufoco, no pontapé e na raça, dá Grêmio, especialmente pela partida ser em Porto Alegre. Apostamos em um 1×0 para os gaúchos, que certamente vão viajar para a Argentina na semana que vem com a decisão ainda bastante aberta.
Jogo de ida da decisão da Libertadores da América 2017
Quarta-feira, 22 de novembro
- 21:45 – Grêmio x Lanús – Palpite: Grêmio