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Invasão e-Sports: 5 Motivos para você ficar ligado nos esportes eletrônicos no Brasil

Foto: Riot Games Brasil / Flickr / Reprodução

Os e-Sports estão invadindo o Brasil! League of Legends, Counter Strike, Pro Evolution Soccer, só para citar alguns: os torneios profissionais de jogos eletrônicos já arrastam milhões de fãs ao redor do mundo e agora estão ganhando espaço em território tupiniquim. Apesar disso, ainda existe preconceito contra os cyber esportistas. Há quem não enxergue valor na atividade e continue tecendo comentários repetitivos e preconceituosos.

Se você pensa que cyber esportes são apenas “joguinhos” sem valor esportivo e cultural, esse artigo é para você. Aqui vão 5 bons motivos para prestar atenção ao desenvolvimento da prática no país.

 

1) E-Sports são considerados esportes

Não adianta reclamar. Finândia, Itália, Rússia, Egito, África do Sul, China, Índia e outras quinze nações ao redor do mundo já reconhecem os esportes eletrônicos oficialmente como esportes. Outros 24 países já seguem pelo mesmo caminho, inclusive o Brasil. Atualmente, corre na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo o projeto de lei para regulamentar os e-Sports e oficializar os praticantes como atletas. Entre outras vantagens, a lei possibilitará que eventos cyber esportivos sejam financiados por meio de leis de incentivo e editais.

Os mais conservadores argumentam que a prática não exige esforço físico, mas isso é um engano. Em primeiro lugar, porque, apesar da aparente falta de esforço, os cyber atletas se submetem a treinos físicos e dietas para manterem o alto desempenho — semelhante ao de atletas de motociclismo e tiro, duas modalidades olímpicas. Além disso, é preciso considerar que este é um esporte mental, a exemplo do xadrez.

De acordo com a Universidade Federal de Pernambuco, o xadrez “é considerado um esporte porque é um jogo onde há competição, é uma atividade de alto rendimento, há sentimento de superar a si próprio e ao adversário, há desgaste físico e mental, é praticado por milhares de pessoas, é baseado em regras e possui uma entidade reguladora (confederação e federação internacional).” Todas estas características são encontradas nos e-Sports, que atualmente são representados pela recém-criada Associação Brasileira de Clubes de eSports (ABCDE) e pela veterana International e-Sports Federation.

 

2) E-Sports possuem milhões de fãs ao redor do mundo e no Brasil

Os números dos e-Sports são simplesmente impressionantes. Transmitindo por meio de suas redes sociais (Youtube, Twitch e Uzubu) em 18 idiomas, a final do Mundial de League of Legends 2016 obteve um total de 43 milhões de espectadores únicos. É muita gente! Para você ter uma ideia, a final da NBA do ano passado foi considerada recorde de audiência, com 31 milhões. No horário de pico, o torneio de League of Legends atingiu 14.700.000 pessoas conectadas ao mesmo tempo. Imagine se todos os habitantes da cidade de São Paulo — independente de idade, sexo e condição social — sintonizassem a mesma programação, ao mesmo tempo. Ainda ficaria devendo 2 milhões. E outros e-Sports não ficam muito atrás. No top 5 de partidas com mais audiência, Counter-Strike: Global Offensive ocupa da segunda à quarta colocações, somando mais de 69,5 milhões de espectadores.

E a audiência não se limita à internet. A quarta temporada do ESL Pro League aconteceu no Ginásio Ibirapuera, em São Paulo, e contou com público de mais de 15 mil pessoas. Os ingressos custavam entre R$ 17,50 e impressionantes R$ 900. Em LoL, o International Wildcard Qualifier também teve 100% de lotação na Ópera de Arame, em Curitiba. Os fãs pedem por espaços maiores, com maior capacidade de público. Em 2017, é a vez do Brasil receber as melhores equipes de League of Legends do mundo, no Mid-Season Invitational, que acontece em abril e maio. Os ingressos para assistir às partidas presencialmente custavam entre R$ 80 e R$ 140, e esgotaram em menos de uma hora.

 

3) O mercado dos e-Sports está cada vez mais profissional

Assim como qualquer evento de grandes proporções, os e-Sports geram emprego e movimentam a indústria do entretenimento. Algumas pessoas imaginam que as equipes são formadas apenas por jogadores no fundo de quintal, o que está longe da realidade. Times de e-Sports são empresas. Pagam impostos e possuem estrutura profissional. Treinadores, psicólogos, administradores e especialistas em comunicação são apenas alguns dos que integram esse mercado em crescimento.

Uma das maiores provas do desenvolvimento do setor no Brasil é a atual busca por melhores condições de trabalho. Na semana passada, o cyber atleta Guilherme “Vash” del Buono fez uma denúncia das condições de treino do time da Kabum! e-Sports. A equipe de 6 pessoas estava hospedada em um único quarto de hostel em São Paulo, com falta de equipamentos, ventilação, iluminação adequada, filtro de água e estabilidade na internet, e sujeita ao incômodo de festas frequentes.

 


A denúncia repercutiu no mundo todo e contou, inclusive, com intervenção da ABCDE – Associação Brasileira de Clubes de eSports, que cobrou esclarecimentos da empresa. A Kabum não negou as acusações, mas declarou já estar providenciando melhores condições de trabalho aos cyber atletas. A Riot, organizadora do torneio, ofereceu suas próprias instalações para treinos da equipe, como medida temporária.

A partir deste ano, a ABCDE exige que todas as empresas brasileiras de e-Sports registrem seus jogadores em regime de CLT, e enquadra os cyber atletas sob a Lei Pelé.

 

4) Empresários de esportes convencionais estão investindo em e-Sports

No início deste ano, o ídolo do futebol Ronaldo Fenômeno comprou parte da CNB e-Sports Club, equipe que joga na elite brasileira do League of Legends. A notícia animou o mundo dos esportes eletrônicos, que vem recebendo mais e mais investimento por parte de empresários e times de esportes convencionais. Desde 2014, o Santos Futebol Clube fechou parceria com a Desterity Team, que possui times de Battlefield 4, CS:GO, World of Warcraft, entre outros. Em 2016, houve uma explosão nos times de futebol que inauguraram seus próprios times de e-Sports, dentre eles o Manchester City e o Paris Saint-Germain. É uma tendência mundial.

 


Seguindo os passos do público e dos empresários, veio também o interesse das emissoras de televisão. Em 2015, a SporTV obteve 1,4 milhão de telespectadores na transmissão da final do Campeonato Brasileiro de League of Legends. Este ano, a parceria já está fechada para o torneio inteiro. A ESPN também já anunciou uma programação recheada de e-Sports, com CS:GO, LoL, Hearthstone, Overwatch e Clash Royale.

O motivo do interesse da televisão reside não apenas na quantidade de telespectadores, mas também na qualidade. De acordo com a Interpret, LLC, a maioria dos fãs de e-Sports nos Estados Unidos tem entre 25 e 34 anos e são economicamente ativos (possuem emprego em tempo integral). Ou seja, é um público de grande interesse para os anunciantes, e podemos observar que algo semelhante ocorre no Brasil.

 

5) O Brasil é bom em e-Sports

É claro que ainda falta investimento e estrutura para alcançarmos o patamar de países como Estados Unidos, China e Coreia do Sul. Porém, os jogadores brasileiros já mostraram que têm a garra necessária para jogar em alto nível, principalmente no que diz respeito a Counter Strike: Global Offensive. Em 2016, a SK Gaming se tornou bicampeã mundial na ESL One Cologne e faturou o prêmio de 500 mil dólares. Seu capitão, Gabriel “Fallen” Toledo, foi nomeado pela Forbes como uma das trinta maiores personalidades no cenário de e-Sports mundial. Enquanto isso, Marcelo “Coldzera” David — que, aos 22 anos, já recebeu mais de 400 mil dólares em prêmios — foi eleito o melhor jogador de e-Sports do mundo, segundo o The Game Awards, e recebeu a honraria das mãos do nadador americano Michael Phelps.

 

Para encerrar…

Os esportes evoluem junto com a tecnologia. Na Grécia antiga não tínhamos ciclismo, tênis de mesa ou hóquei no gelo. Também não se falavam em esportes intelectuais. No entanto, é esse o futuro que se apresenta diante de nós: uma realidade em que corpo e mente caminham lado a lado. Pode ser difícil aceitar as inovações das novas gerações, mas é preciso nos adaptarmos. Os e-Sports vieram para ficar.

Se nada disso convenceu você, tenho o motivo final: é divertido. Experimente uma partida de qualquer um desses jogos eletrônicos, que você entenderá.