No Mineirão lotado, o Cruzeiro deve conquistar sua 5ª Copa do Brasil diante do Flamengo
Mantendo minha rinha pessoal com meu colega de Ganhador, Miguel Gonzalez, eu havia dito neste mesmo espaço que o Cruzeiro sairia em vantagem sobre o Flamengo no primeiro jogo da grande final da Copa do Brasil no último dia 7. Embora não tenha sido lá uma vantagem, o empate em 1 a 1 foi bom para dar moral à Raposa – o Flamengo abriu o placar com um gol irregular de Lucas Paquetá e obrigou a equipe mineira a correr atrás do resultado com Arrascaeta. Isso mostrou que o Cruzeiro tem estrutura emocional para sair atrás e buscar um resultado que lhe seja favorável. Pelas características de seu elenco, o Flamengo deve tomar a iniciativa do jogo. Porém, atuar na retranca, esperando o adversário para definir a partida em uma bola é a cara de Mano Menezes e por mais que o coração rubro-negro de Miguel diga o contrário, esta Copa do Brasil já tem dono e ele é mineiro.
Como chegamos aqui
Recuperando o que eu já havia escrito às vésperas do jogo de ida, diferente do Cruzeiro que está na Copa do Brasil desde a primeira rodada e precisou eliminar – pela ordem – Volta Redonda, São Francisco (estes dois em jogo único), Muricy (o time de Alagoas e não o técnico/comentarista), São Paulo, Chapecoense, Palmeiras e o todo-poderoso Grêmio – na dramática decisão no Mineirão – o Flamengo, que disputava a Libertadores até ser eliminado de forma vergonhosa ainda na primeira fase, foi catapultado diretamente para as oitavas de final da Copa do Brasil, onde sofreu para superar o Atlético-GO (0 a 0 em casa e vitória por 2 a 1 em Goiânia); quase foi eliminado pelo Santos (venceu por 2 a 0 em casa e perdeu por 4 a 2 na volta, salvando-se graças aos chamados “gols qualificados”); e finalmente encarou o Botafogo nas semifinais e depois de um empate em 0 a 0 no Engenhão, classificou-se com o 1 a 0 “chorado” em casa.
O empate em 1 a 1 no primeiro jogo da grande final deixa tudo igual para o duelo desta quarta (não existe gol qualificado na final da Copa do Brasil). Pelo estillo de jogo do seu técnico e o tipo de elenco que tem, é válido apostar que o Flamengo irá tomar a iniciativa da partida de amanhã. Com uma defesa que se acostumou a tomar gols – o último contra o Avaí pela 25ª rodada do Brasileirão – o rubro-negro inevitavelmente acabará se expondo ao contra-ataque cruzeirense, que costuma ser fatal no Mineirão.
Muralha?
Embora tenha conseguido melhorar o setor defensivo do Flamengo, o técnico colombiano Reinaldo Rueda ainda não conseguiu fazer milagres e sem poder contar com o zagueiro Rodolpho e o goleiro Diego Alves (para ficarmos apenas na retaguarda), que não puderam ser inscritos na competição, apostou suas fichas na dupla formada por Juan e Réver no miolo de zaga e no jovem Thiago no gol. Como a sorte anda de mal com o time da Gávea, Thiago sofreu uma fratura no pulso durante um treinamento após a partida do dia 7 e Rueda precisará confiar na recuperação técnica de Muralha que, em má-fase foi, inclusive, motivo de piada na capa do jornal carioca Extra. Sem poder contar com seus melhores goleiros no momento para a decisão, Rueda achou por bem poupar Muralha do jogo contra o Avaí para não correr o risco de ir para a final com o quarto goleiro do plantel carioca – ou, pior, ter a má-sorte de ver seu arqueiro levar um caminhão de gols do Avaí e desmoralizar ainda mais o atleta em seu pior momento na Gávea.
Enquanto isso, na Toca da Raposa, Fábio segue fechando o gol celeste.
Plano A
Como pressão pouca é bobagem, o Flamengo ainda colocou o Brasileirão como seu “Plano C”. Por ser finalista, a Copa do Brasil é, obviamente, seu “Plano A” – sua melhor chance de conquistar um título importante na temporada e também uma forma de garantir-se na Copa Libertadores do ano que vem. Se não conseguir, resta o “Plano B”: a Copa Sul-Americana na qual é semifinalista.
Isso não quer dizer que o Cruzeiro vai para o jogo livre de pressão. Ao contrário: a Copa do Brasil é a única chance de título para a Raposa nesta temporada. Mas o empate com gols no Maracanã dá ao time mineiro uma relativa tranquilidade de poder esperar pelas ações do Flamengo – e, se tomarmos os resultados do Brasileirão como parâmetro, dar a bola para o adversário é a melhor estratégia. Além do mais, novo empate leva a decisão para os pênaltis e, neste caso, nunca é demais lembrar que a fase de Fábio é muito melhor que a de Alex Muralha.
Como o leitor – e o Miguel – pode ver, tudo conspira a favor do Cruzeiro.
Freguesia
Como se tudo que foi dito acima não fosse motivo suficiente para todo mundo acreditar no triunfo da Raposa, vale resgatar que o Flamengo tem um histórico de “freguesia” diante do Cruzeiro.
Pelo Campeonato Brasileiro, os times se enfrentaram em 53 ocasiões. Os mineiros venceram 23 vezes enquanto que os cariocas triunfaram em 17 oportunidades. Houveram ainda 13 empates, incluindo o 1 a 1 do primeiro turno do Brasileirão 2017.
Pela Copa do Brasil, os times decidiram o título de 2003. Melhor para o Cruzeiro, que empatou em 1 a 1 no Maracanã e deu uma chapoletada de 3 a 1 no Mineirão. E continuando no campo da “conspiração cósmica”, o 1 a 1 no jogo de ida se repetiu este ano.
Com licença, preciso colocar o champanhe pra gelar.
Prováveis Escalações
Cruzeiro: Fábio; Ezequiel, Léo, Murilo e Diogo Barbosa; Henrique, Hudson, Robinho, Thiago Neves e Alisson (Rafinha); Raniel. Técnico: Mano Menezes.
Flamengo: Muralha; Rodnei, Rever, Juan e Pará; Cuellar, William Arão, Diego e Berrio; Guerreiro e Everton (Gabriel ou Vinicius Júnior). Técnico: Reinaldo Rueda.
Nosso palpite
Jogando em casa, esperando pelo adversário, o Cruzeiro deve levar o título para sua sala de troféus sem maiores sustos nesta quarta-feira. 2 a 1 pra Raposa.
Jogo de volta, da final da Copa do Brasil de 2017
Quarta-feira, 27 de setembro:
-
21h45: Cruzeiro x Flamengo (Fox Sports, SporTV)