O cruzeirense acidental
“Tu é cruzeirense!”.
Foi assim, direto como um soco no estômago, que minha esposa – gaúcha e torcedora do Grêmio – me definiu. Tentei argumentar, me defender… “Nem mineiro eu sou”, disparei, totalmente dominado pelo desespero que surge sempre que nos colocam contra a parede. Não adiantou. “Se tem jogo do Cruzeiro”, ela disse, “é certo que teu palpite está com eles”.
“Blasfêmia!” – disse, reunindo alguma indignação. “Meus palpites são baseados em dados e no meu feeling…”
“Que é sempre a favor do Cruzeiro, mineirinho”.
Só podia ser sacanagem da parte dela. Fui procurar meu histórico de postagens no Ganhador – especificamente aquilo que chamamos na redação de “Porradabol”, que nada mais é do que o confronto de palpites de dois redatores para um mesmo jogo. E, bem… ela tem razão.
Encanto mineiro
Sem perceber o plano maligno do pauteiro, fui, postagem após postagem, sendo transformado em um torcedor do Cruzeiro. Foram cinco jogos em que eu apostei minha alma no sucesso celeste. Três deles, contra o Grêmio, pela Copa do Brasil e pela Copa da Primeira Liga (e, no final, eu tinha razão, como podemos ver aqui, aqui e aqui). As outras duas vezes, são pelas finais da Copa do Brasil (aqui e aqui).
Não que os pacotes de pães de queijo congelados no meu freezer tenham algo a ver com isso, mas com o desempenho recente do time nos mata-mata tem sido fácil acreditar no sucesso do Cruzeiro na Copa do Brasil. É uma pena que a Raposa tenha demorado tanto a engrenar no Brasileirão. Tivesse começado melhor no primeiro turno, com certeza, estaríamos disputando o título e… “ESTARÍAMOS”, não! Eles estariam! O Cruzeiro! Jornalistas são imparciais – péssima hora para assar pães de queijo…
Hoje tem
E chegamos ao momento atual – nesta quarta-feira, que determinará a supremacia do Porradabol. De um lado Miguel Gonzalez, depositando suas esperanças nas mãos de Alex Muralha; do outro, eu, acreditando que Mano Menezes irá contra todos os seus instintos e pedirá para o noss… SEU Cruzeiro ter um pouquinho só de apetite pelo gol que trará a Copa do Brasil para noss… para a Toca da Raposa!
Serão 90 minutos empolgantes, sem dúvida. E eu estarei com um olho na TV e outro nos pães de queijo, mais azul que Mel Gibson em Braveheart (Coração Valente, lembram?) pronto para gritar “é campeão!” no whats da redação.
E dormindo no sofá, porque minha esposa gaúcha ainda não me perdoou pela eliminação do Grêmio da Copa do Brasil e na Primeira Liga.