Humor

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O FUTEBOLISTA

Uma história real

Shugiro Lim sempre se sentiu um pária. Um mestre na arte de lavar, passar e engomar, ele teve a péssima ideia de abrir sua tinturaria na Mooca, reduto italiano da capital paulistana que enriqueceu exportando canollis para todas as feiras-livres da cidade. Lim sempre foi um peixe fora d’água e um péssimo confeiteiro.

Aventurou-se a fazer canollis uma vez… para nunca mais. O uso exagerado de shoyu e maizena no preparo do doce, lhe fizeram alvo das mais terríveis ofensas por parte das mammas locais, que mordiam os polegares ao passar por ele. Cabisbaixo, Lim voltou para aquilo em que era bom: sua lavanderia.

Ninguém em toda a Mooca conseguia, como ele, tirar as manchas de canolli das roupas do público que todo domingo assitia ao jogo do Juventus e se empanturrava de açúcar – num ritual de aquecimento para o evento principal: os jogos do alviverde no meio da tarde. A grandeza do amor italiano permtia-lhes ter dois times “do coração”.

Mas tinham as mammas e os polegrares mordidos. Isso magoava Lim. Ele queria ser aceito pela comunidade local sem o julgamento dos polegares.

Então, um dia, sua sorte mudou. O homem de sorriso contagiante entrou em sua modesta lavanderia. Carregava uma calça vinho, bem fedorenta – parecia que não era lavada há meses.

“E não é mesmo”, confirmou o cliente. “Ficou tão suja que a patroa me proibiu de lavar na máquina em casa”.

Não era problema para Lim. Na verdade, era uma oportunidade única que ele não deixaria passar.

“Preciso dela no sábado”, falou o homem cuja alegria iluminava a modesta tinturaria.

“Clalo”, respondeu Lim, acenando a cabeça frenéticamente. Seria sua obra-prima.

No mesmo dia, o pequeno chinês fechou as portas de sua lavanderia e desligou os telefones. Não saiu para  a rua em nenhum momento. Esperou pacientemente pelo sábado com a TV sintonizada em um canal esportivo.

E o sábado veio. O time do homem de sorriso fácil perdeu o jogo. Em sua poltrona, Lim gargalhava enlouquecidamente enquanto esfregava canollis na calça vinho. De vez em quando, entre uma risada e outra ele gritava: “molde polegal agola, véia xalope!”.

A lavanderia fechou. Lim se mudou e agora só quer saber de acompanhar futebol ao lado de sua calça vinho encardida e uma caixa de canollis – que ele mesmo faz.

Na Mooca, as mammas encontraram outro motivo – tão besta quanto – para morderem os polegares.

E o homem de sorriso fácil comprou uma secadora de roupas para tentar não perder o campeonato.