UFC

O medo de Conor McGregor

Foto: Isaac Brekken/Getty Images

Quem acompanha a carreira de Conor McGregor pode perceber que o irlandês tem um estilo de luta frio e calculista. Salvo os confrontos com Nate Diaz, onde o irlandês se colocou em posição de risco ao levar-se em consideração a categoria e o tempo de preparo para as lutas, o atual campeão dos leves não costuma “trocar porrada” como muitos atletas. Ele bate, se esquiva, mantém distância… Isso tudo para evitar ao máximo ser acertado na cabeça. Parece óbvio, mas não é. Muitos lutadores não têm problema em sofrer golpes, mas o irlandês sabe que isso pode trazer danos a longo prazo.

Nesta semana, o treinador de McGregor, John Kavanagh, deu uma entrevista ao jornal irlandês “The Independent”, onde revela a preocupação de Conor com traumas cerebrais, o que justifica seu estilo de luta mais focado em precisão do que agressividade. Não precisamos ir muito longe para entender a razão da preocupação. São inúmeros os casos — especialmente no boxe — de atletas que ficam com sequelas após encerrarem suas carreiras nas lutas. Os frequentes golpes sofridos na cabeça podem se tornar um problema sério no futuro.

Conor não é o único a se preocupar com seu futuro e bem-estar. Mas são poucos os atletas que admitem ter tal precaução. Ele não chegou a admitir publicamente, mas se Kavanagh falou é porque o irlandês não se importa com isso. Até nos treinos é possível perceber que o irlandês foca muito em movimentos. É raro vê-lo fazendo sessões pesadas de sparring. Ele expõe seu corpo o menos possível. E isso vem dando certo resultado.

Já vimos alguns casos de atletas que nunca mais voltaram a ser os mesmo após sofrerem traumas sérios na cabeça. Ronda Rousey já mostrou que não voltou bem após o chute alto avassalador de Holly Holm, Junior Cigano nunca mais foi brilhante desde que sofreu durante cinco rounds contra Cain Velásquez em sua primeira derrota no MMA, e por aí vai.

Vejo o assunto da seguinte forma: quanto mais um lutador apanhar dentro do octógono, menor será sua longevidade lutando em alto nível no esporte. Sim, ele pode lutar até os 50, mas não significa que ele terá a mesma performance depois que sofrer ataques fortes na cabeça. Isso é algo muito sério. Muitos vezes é inevitável, mas em uma modalidade que busca se profissionalizar cada vez mais, conscientizar atletas dos cuidados com seu futuro é justo.   

A preocupação é mais um sinal de inteligência de Conor. Sem danificar seu “software”, ele pode lutar em alto nível por mais tempo, raciocinar melhor durante uma luta e preservar sua integridade mesmo em uma modalidade de alto impacto.

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