Paixão Nacional: hora de brincar, hora de trabalhar
A Seleção Brasileira está em alta com o público – apesar das pequenas vaias ao final do primeiro tempo de Brasil e Equador na Arena do Grêmio, na última quinta-feira, dia 31. Talvez a maior prova disso – além, é claro, da “lua de mel” que Tite vive com a imprensa – sejam as 36 mil pessoas que foram até a Arena Amazonas, no sábado, dia 2, assistir ao “treino” da equipe. Além de dar alguma utilidade ao “legado da Copa” – “elefante branco” para os íntimos –, a ação de marketing (ninguém vai admitir, mas, apesar do fundo social envolvido com a arrecadação de alimentos não-perecíveis, foi marketing), colocou os astros que atuam nos principais mercados do mundo perto do público.
Diferente do “oba-oba” generalizado da seleção de 2006, a comissão técnica de Tite sabe dar ao público o que ele quer (ver os atletas de perto) e exigir do elenco a seriedade necessária para se disputar uma eliminatória de Copa do Mundo (aplicação tática, responsabilidade e disciplina nos treinos e em campo). Mesmo com o passaporte carimbado para a Rússia, o técnico e sua comissão sabem que são poucas as oportuninadades – daqui até a abertura da Copa –, para se treinar o time, fechar a lista de convocados e aprimorar o conjunto e a intensidade. Tem a hora de brincar e tem a hora de falar sério.
Neymar e Gabriel Jesus “jogaram para o público” quando deram a volta olímpica na Arena, tocando a bola um para o outro sem deixá-la cair no chão. Isso é coisa de boleiro; de peladeiro. É o tipo de habilidade que o público quer ver e uma brincadeira que agrada aos jogadores. Tite satisfaz assim o torcedor e o elenco. E ganha a cumplicidade de ambos. Cumplicidade que faltou ao sisudo Dunga que, com praticamente o mesmo elenco em mãos, foi incapaz de extrair o máximo – e em alguns casos, até um pouco mais – de cada jogador.
Tite dá aos atletas o que eles querem e recebe deles o que precisa. Diante da lealdade e honestidade do “professor”, o elenco “comprou” sua ideia de jogo e está disposto a dar aquele 1% à mais que faltou nas últimas seleções brasileiras. O torcedor vê isso e dá ao comandante o benfício da “paciência”, tão importante num momento em que, por um motivo ou outro, o resultado não vier.
Dar a volta olímpica tocando a bola um para o outro sem deixá-la cair no chão não ganha o jogo mas… será que não ganha mesmo?