Humor

Paixão Nacional: imponderável

Dois dias depois da grande final da Copa do Brasil, o assunto ainda é o desempenho do goleiro Alex Muralha do Flamengo e sua “estratégia” de pular sempre no mesmo canto (direito) na decisão por pênaltis contra o Cruzeiro na última quarta-feira.

Depois de reclamar muito de “dois toques” na cobrança de Thiago Neves – o meia escorregou antes de chutar a bola, mas não houve nenhuma irregularidade no lance exaustivamente mostrado pelas emissoras de televisão – Muralha declarou que a escolha de pular sempre no mesmo canto fazia parte de uma estratégia: até aquele momento, o Cruzeiro havia cobrado 25 pênaltis em 2017 e 14 foram no canto direito, o que dava uma média acima de 50%. Infelizmente, para o goleiro do Flamengo, apenas uma cobrança na quarta-feira foi no lado direito, e, mesmo assim, Muralha nem chegou perto de defendê-la. Em quase todas as cobranças, o arqueiro pulou milésimos de segundo antes do cobrador bater – um erro primário para qualquer goleiro de alto nível.

Em defesa de seu atelta, Reinaldo Rueda disse que o jogo havia sido duro e de poucas oportunidades – e foi mesmo – e que faltou ao Flamengo calma e qualidade para fazer o placar no tempo normal tanto no Rio quanto em Minas – e faltou mesmo. Diante disso, os pênaltis entram no campo do imponderável.

Mas não era tão imponderável assim. Defendendo cobranças de pênalti, Muralha tem um aproveitamento de apenas 4,5% (uma defesa, em 2016 contra o Bangu). Pior: em 73% dos casos, ele sequer acertou o canto da batida.

Por mais que se agarre a ideia de que “pênaltis são loteria” (ou imponderável), a comissão técnica do Flamengo sabia que levar a decisão para as penalidades era um péssimo negócio com Muralha no gol. Sua fase não é boa e seu histórico também não ajuda. Faltou ao rubro-negro (muita) qualidade para decidir o jogo no tempo normal.

E, neste caso, o “imponderável” não tem nada a ver.