Paixão Nacional: problema resolvido
Desde a vitória do Santos por 4 a 2 em cima do Atlético-GO pelo Campeonato Brasileiro de 2010, existe um problema de Neymar com as cobranças de pênaltis (além dos problemas comportamentais). Na ocasião, o astro em formação ficou inconformado ao ser informado pelo lateral-esquerdo Leo que a instrução de Dorival Júnior – então técnico do Peixe –, era pra que Marcel efetuasse a cobrança. Na época, o Fantástico chegou a fazer a leitura labial de toda a situação e viu que o clima havia azedado de vez. Neymar, que depois do lance passou a fazer “gracinhas” em campo, foi repreendido pelo zagueiro Edu Dracena e pelo técnico e respondeu a ambos com pesados palavrões.
Na época, Renê Simões havia dito que “estamos criando um monstro” diante da forma como o caso estava sendo tratado pelo Santos que, apesar de punir o atleta por seu comportamento, pouco tempo depois, demitiu o treinador – num evidente agrado à sua jóia maior.
Já no Barcelona, Neymar colecionou problemas com seus comandantes – principalmente com Gerardo “Tata” Martino. Achando que seria protagonista em um time que já contava com o absurdo talento de Lionel Messi, o brasileiro teve problemas em aceitar seu papel de “coadjuvante” – uma vez que seria impossível “bater de frente” com o argentino que fez toda sua vida no futebol do clube espanhol. Em 2014 o ídolo incontestável do Barça, Johan Cruyff, declarou que, embora fosse fã do futebol de Neymar, de seu talento e sua habilidade, ele era, naquele momento, o maior problema do clube catalão. Sua contratação não traria mais qualidade para o time e ainda criaria um ambiente ruim no vestiário.
Novos ares
Sem conseguir “se criar” no time de Messi e querendo uma chance de ser protagonista na Europa, o craque brasileiro firmou posição e conseguiu se transferir para o Paris Saint-Germain este ano para ser na França o que na Espanha lhe seria impossível: o Melhor do Mundo e o novo Messi.
Sentindo-se em casa na colônia brasileira que se tornou o vestiário do PSG – Marquinhos, Thiago Silva, Daniel Alves, Lucas e Thiago Mota também fazem parte do elenco parisiense – Neymar chegou ao clube mostrando suas armas e como poderia aumentar o poder de fogo da equipe. A sintonia com Cavani – um dos principais astros do time – parecia até melhor do que a que havia entre ele e Suaréz, o outro uruguaio com quem jogou na Europa.
Mas durou pouco.
No mundo de Neymar não há espaço para outro ego tão grande quanto o dele – e atuando pelo PSG, Cavani, diferente de Neymar que acabou de chegar, fez por merecer o direito de ter um ego inflado. A sede do brasileiro em ser protagonista, porém, não deixa espaço para outro cobrador de faltas ou de pênaltis. Os dois “alfas” estranharam-se no último jogo da Ligue 1 por conta, justamente, de uma falta e de um pênalti (este último, “tarefa” de Cavani, cobrador oficial do time e, matematicamente, dono de um aproveitamento muito superior ao do brasileiro segundo o TruMedia). Dani Alves, como era de se esperar – também recém-chegado ao clube e, diferente do atacante uruguaio, sem nenhuma história com a camisa azul – colocou o astro brasileiro debaixo de suas asas (seguido, é claro, pelo restante da “legião brasileira”). Isolaram Cavani, que saiu do estádio direto para o estacionamento do Parque dos Príncipes sem falar com a imprensa.
Está marcada para hoje, quarta-feira, uma reunião entre os dois brigões, o dono do clube, o técnico e o diretor de futebol para que se chegue a um “entendimento”. Pelo menos para esta temporada já que, de acordo com a ESPN, o jornal espanhol Sport afirmou que o brasileiro exige que Cavani seja negociado na primeira oportunidade.
O que poderia ser um “passeio em Paris” está virando um pesadelo. E novamente por conta de Neymar que, como bem profetizou Renê Simões, virou “um monstro” – no sentido ruim da palavra. E repetindo o que disse Juca Kfouri no Linha de Passe, aos 25 anos, “já passou da hora de Neymar virar homenzinho”. Mesmo porque o talento não pode ser um “passe-livre” perpétuo para a birra juvenil.