Com Rússia fora do páreo, Olímpiadas de inverno terão disputa acirrada no quadro de medalhas
País mais vitorioso dos últimos jogos foi banido por escândalos de doping
Entre os dias 8 e 25 de fevereiro, os olhos do mundo estarão voltados para o pequeno condado de PyeongChang, na província de Gangwon, nordeste da Coreia do Sul, onde acontece a 23ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno. Ao todo, serão disputadas 14 diferentes modalidades, sete na neve (combinado nórdico, salto com esqui, snowboard, biatlo, esqui estilo livre, esqui alpino e esqui cross-country), e outras sete no gelo (bobsled, skeleton, luge, curling, hóquei, patinação de velocidade e patinação artística).
A exclusão da Rússia, país mais bem sucedido da última edição, sob a acusação de fornecer substâncias proibidas a seus atletas, deverá promover uma reviravolta no quadro de medalhas, e as opiniões se dividem a respeito de quem será o grande beneficiário do espólio deixado pelo país. Aqueles que conseguirem provar que não utilizaram doping serão autorizados a competir, mas na condição de independentes.
No plano político, os jogos foram os responsáveis pela retomada dos diálogos entre as Coréias do Sul e do Norte após dois anos de tensão, e a boa notícia é que atletas dos dois países competirão sob a mesma bandeira.
Noruega, Canadá e Alemanha de olho nas medalhas russas
Entre os especialistas em esportes de inverno, não há um consenso sobre quem será o maior herdeiro das medalhas que estariam destinadas à Rússia. As projeções da Gracenote, uma das maiores publicações internacionais do gênero, apontam para a Noruega. A expectativa é de que os nórdicos, que conquistaram 26 em 2014, estabeleçam um novo recorde nesta edição, com um total de 41 medalhas, sendo 13 de ouro. Para atingir meta tão ambiciosa, um bom desempenho no esqui cross-country será fundamental. A modalidade é o carro-chefe do país, e pode render até 17 medalhas. Outras grandes esperanças de ouro são Kjetil Jansrud (esqui alpino), Johannes Bø (biatlo) e Maren Lundby (saltos com esqui).
Os prognósticos para a Alemanha também são bastante otimistas, e se confirmados farão com que o sexto colocado no quadro de medalhas das Olimpíadas de Sóchi atinja um novo patamar.
Os germânicos chegam à Coréia com a possibilidade de conquistar algo em torno de 39 medalhas (14 de ouro), nada menos do que o dobro da última edição. Uma das explicações para este crescimento é a boa fase vivida pelo país no biatlo, que deve garantir nove medalhas. Eles também são fortes nos esportes de gelo, e têm boas chances de ouro no bobsled com Francesco Friedrich e Johannes Lochner, além de Felix Loch e Natalie Geisenberger no luge, e Jacqueline Lölling na modalidade skeleton.
A corrente que defende que o Canadá será a força dominante destas olimpíadas se apega principalmente ao fato do país ter perdido seu principal concorrente em duas modalidades nas quais é favorito, curling e hóquei no gelo. Além disso, os canadenses devem conquistar medalhas no snowboard com Mark McMorris e Maxence Parrot, no esqui estilo livre com Mikael Kingsbury, e no bobsled com Kaillie Humphries. O país também é forte na patinação artística.
As previsões mais otimistas apontam para algo entre 38 e 40 medalhas, sendo 14 de ouro, enquanto as pessimistas cravam 28, sete das quais douradas.
Estados Unidos buscam primeira medalha no biatlo
Os Estados Unidos terminaram na liderança do quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Inverno apenas uma vez, no distante ano de 1932, e nada indica que repetirão o feito na Coréia. Isto não significa, porém, que o país não possa apresentar um desempenho superior ao de quatro anos atrás, quando conquistou 28 medalhas (nove de ouro), e foi o quarto colocado na classificação geral.
Para esta edição, a projeção é de 29 medalhas (11 ouros), e as maiores esperanças estão no esqui alpino, com Mikaela Shiffrin e Lindsey Vonn, no snowboard, com Chloe Kim, Jamie Anderson e Lindsey Jacobellis, e na patinação de velocidade, com Heather Bergsma. O time feminino de hóquei no gelo também está entre os favoritos, e a patinação artística pode apresentar boas surpresas.
Uma das obsessões do país é a conquista da primeira medalha no biatlo, o que nunca esteve tão próximo de acontecer. O veterano Lowell Bailey, que disputará sua quarta olimpíada, foi o primeiro biatleta do país a ser campeão mundial, em 2017, e poderá encerrar sua carreira com chave de ouro. No feminino, Susan Dunklee foi medalha de prata na categoria 12,5 quilômetros no campeonato mundial, e tem chance de besliscar um pódio.
Brasileiros têm poucas chances
A delegação brasileira será representada por dez atletas, que competirão em cinco modalidades. São eles Isabel Clark, do snowboard, Isadora Williams, da patinação artística, Michel Macedo, do esqui alpino, Jaqueline Mourão e Victor Santos, do esqui cross-country, além de Edson Bindilatti, Odirlei Pessoni, Rafael Souza, Edson Martins e Erick Vianna, que disputam o bobsled.
O país não tem qualquer tradição em esportes de inverno, e nunca conquistou sequer uma medalha. Não se espera que o pódio venha desta vez, mas os atletas buscam superar suas marcas pessoais. No trenó 4-man, o bobsled, o Brasil tem chance de terminar entre os 15 melhores do mundo.