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Daniel Cormier precisa administrar favoritismo em disputa de cinturão contra Lewis no UFC 230

Daniel Cormier é campeão dos pesados do UFC
Foto: Divulgação / UFC

O UFC 230, que acontece neste sábado, coloca frente a frente Daniel Cormier, atual campeão dos meio-pesados e pesados, e Derrick Lewis, o desafiante da categoria até 120kg. O confronto é a luta principal do show que ocorre em Nova York, no icônico Madison Square Garden. O favoritismo de DC é tamanho que isso torna o combate que tinha tudo pra ser monótono ainda mais empolgante. Lewis tem tudo para ser tratado como azarão, mas tem uma chance de ouro nas mãos e pode, sim, quebrar a banca e derrubar Cormier se o americano vacilar.

O acerto para a luta foi inesperado. A poucas semanas do UFC 230, o Ultimate ainda não tinha encontrado um rival para o show de Nova York. Diante da falta de opções, a organização escalou Daniel Cormier para o evento, e convocou Lewis. O problema é que Derrick lutou no UFC 229, há menos de um mês, numa luta dura de três rounds. Nem DC, e muito menos ele, chegam para o duelo com um camp de treinamento completo. Lewis, inclusive, chegou a declarar após a vitória suada por nocaute contra Alexander Volkov que precisava treinar seu preparo físico, não estava satisfeito com a performance conquistada no show. Mas não dá pra julgar a atitude do peso-pesado. Sabe lá quando ele teria a chance pelo cinturão. Esses chamados, na hora certa ou não, tem de ser atendidos.

Daniel é favoritíssimo, por diversos motivos. Pra começar, ele é muito mais completo que o rival. Derrick tem boas derrubadas e bate pesado, mas Cormier tem nível olímpico de wrestling e já provou que também sabe nocautear. Ele é fera no que chamamos de dirty boxing (ou boxe sujo). É um estilo de golpes curtos tão eficiente que foi usado para que Cormier nocauteasse Stipe Miocic. Em julho, para quem não se lembra, DC desbancou o maior campeão da história dos pesados do UFC. Ele se tornou o segundo homem na história da organização a deter dois cinturões ao nocautear Miocic na luta principal do UFC 226, em Las Vegas. Eu estive lá e vi de perto seu poder. Vale lembrar também que Cormier nunca perdeu uma luta como peso-pesado. As duas vezes que ele perdeu, ambas contra Jon Jones, ele estava atuando como meio-pesado.

O bom do mundo das lutas é que esse esporte tem um nível de imprevisibilidade incrível. É claro que Daniel Cormier é o favorito, mas não dá para tratar Derrick como carta fora do baralho. O americano soma nove vitórias nas últimas dez lutas, acumula dez nocautes em sua carreira no UFC – um recorde – e diferente de Daniel, embora não tenha recebido o tempo necessário para se preparar para a luta, ele está com o cardio mais em dia, pois emendou a preparação para Volkov nessa para Cormier. E o mais importante: a forma como venceu Volkov é um alerta para DC. No UFC 229, Derrick estava perdendo a luta até o fim do terceiro round, quando ao “45 do segundo tempo”acertou uma bomba que fez o gigante russo desmoronar. Mesmo como grande azarão, Lewis tem armas que merecem ser respeitadas, qualquer deslize de DC pode custar caro. E mesmo cansado, como estava no terceiro round, a potência de seu golpe ainda é assustadora.

Será a primeira vez que Daniel Cormier irá lutar como multicampeão. Dono do cinturão dos meio-pesados e dos pesados, ele tem tudo para viver uma noite histórica no Madison Square Garden, uma arena tão histórica para o mundo das lutas. Já Lewis, tem diante de si uma oportunidade única de encarar um campeão com pouco tempo de preparo e quem sabe assim diminuir a discrepância que existe entre os dois quando o assunto é técnica de luta. Embora não seja no papel a luta mais competitiva, quando um campeão gigante como Daniel Cormier encara um azarão nocauteador como Lewis, o público não deixa de assistir, pois sabe que qualquer coisa pode acontecer.

Ser favorito é consequência do trabalho de Cormier, mas que ele, de fato, leve seu rival a sério, ou todo seu legado por ganhar uma marca irreparável.