Grupo C, de Comadres: empate sem graça e sem gols garante França e Dinamarca no mata-mata
Por Leandro Gaignoux
A terceira e última rodada da primeira fase da Copa do Mundo da Rússia, disputada na terça-feira (26), nos mostrou que franceses e dinamarqueses serão os representantes do Grupo C nas oitavas de final. A França encara a Argentina, no sábado (30), às 11h, horário de Brasília, na cidade de Sochi. Já a Dinamarca vai jogar com a Croácia um dia depois, às 15h, em Nizhny Novgorod.
França
Como esperado, a seleção francesa, favorita para estar na grande final do dia 15 de julho, em Moscou, conseguiu a classificação na liderança da chave, com sete pontos. Diante da Dinamarca, na capital russa, o treinador Didier Deschamps – campeão em 1998 – deixou seis jogadores titulares no banco de reservas. A intenção era poupar, visando ter menos problemas no futuro, seja por conta de lesão ou suspensão. Os poupados foram: o goleiro Lloris, o lateral-direito Pavard, o zagueiro e os meias Pogba e Matuidi, além do atacante Kylian Mbappé. Este último atleta até entrou no decorrer da partida, mas não chegou a fazer nada demais, assim como Antoine Griezmann, que parece não ter chegado à Rússia ainda. O jogo foi tão sonolento que a torcida vaiou os dois times após o apito final do juiz brasileiro Sandro Meira Ricci.
Na campanha dentro da chave, a França teve duas vitórias, contra Austrália e Peru, e este empate com a Dinamarca. Para o mata-mata tudo muda, né? A motivação e a necessidade de vitória imediata fazem toda a diferença na hora do vamos ver. Agora só vem pedreira, meu amigo. Prepare o coração!
Austrália
A pequena chance australiana que restava de conseguir a classificação foi para o ralo logo que a bola rolou em Sochi. Os Socceroos se despediram do maior evento esportivo do planeta na lanterna do Grupo A – confirmando as previsões iniciais – com apenas um ponto, conquistado no empate de 1 a 1 com a Dinamarca na segunda rodada. A outra notícia chata foi que o veteraníssimo meio-campista Tim Cahill, de 38 anos, só entrou em campo na última partida. Como não balançou a rede rival, ele não chegou a marca de quatro gols em quatro Copas consecutivas. Se tivesse feito, o ex-jogador do Everton, da Premier League, igualaria ao Rei Pelé. Em 2022, no Qatar, tem mais, porém, por conta da idade avançada, Cahill será mais um espectador, assim como nós.
Peru
Os peruanos retornam para casa 36 anos depois de voltarem a disputa do Mundial de cabeça erguida. Com a vitória, a seleção da América do Sul ficou na terceira colocação com três pontos. O legal também foi que o atacante Paolo Guerrero fez um gol, fazendo valer a pena toda a disputa judicial por conta do doping. Se o Guerrero tivesse jogado na estreia, diante da Dinamarca, as chances de sucesso aumentariam, e hoje poderíamos estar falando aqui neste texto sobre uma classificação. Bola fora do treinador argentino Ricardo Gareca. Fica a lição para os Los Hincas!
Dinamarca
Os vikings avançaram na segunda colocação com cinco pontos fazendo o feijão com arroz, sem arriscar muito contra a França, já que o empate servia para os dos times. Foi o famoso jogo de compadres. Nas oitavas, o capitão e destaque Christian Eriksen, do Tottenham, da Premier League, vai precisar suar a camisa e, com a qualidade que tem, desiquilibrar os jogos. A tendência é que o limite para esta equipe seja as quartas de final. Não vejo a Dinamarca surpreendendo. Está longe de ser a Dinamáquina. Em 1986, no México, o país nórdico chegou às oitavas, sendo eliminado por 5 a 1 pela Espanha.
Quem passa das oitavas?
Bom, França tem um confronto duríssimo com a Argentina, que conseguiu se reerguer depois de quase protagonizar uma vexame histórico no Grupo D. Minha expectativa é que os europeus levem a melhor, porém vai ser preciso sofrer. A tendência é que os hermanos ganhem muita moral com esta sobrevida, sem falar também que eles contam no elenco com o craque Lionel Messi, um dos melhores jogadores de toda a história do futebol.
A Dinamarca encara a forte Croácia, de Luka Modrić, Ivan Rakitić e Mario Mandžukić, candidata a grande surpresa nesta Copa do Mundo. Para vencer, os vikings terão que jogar muita bola. Não creio que eles sejam capazes de colocarem os croatas para fora. Mas, quem sabe, né? Este esporte nos prova todo dia que é extremamente imprevisível.
ATUALIZAÇÃO ANTERIOR: 18/06/2018
Apesar do sofrimento, a favorita França superou a Austrália enquanto a Dinamarca saiu na frente dos concorrentes peruanos
Por Leandro Gaignoux
A primeira rodada do Grupo C da Copa do Mundo da Rússia, no último sábado, confirmou as nossas expectativas, apesar de termos duelos bem apertados envolvendo França, Austrália, Peru e Dinamarca. A grande novidade é que o arbitro de vídeo foi extremamente importante nas partidas desta chave. Sem esta tecnologia, estaríamos falando agora sobre erros do juiz, como os que aconteceram no jogo do Brasil com a Suíça.
França
Favorita a não só se classificar na liderança da chave, mas para ser campeã no dia 15 de julho, em Moscou, a França sofreu para vencer a Austrália por 2 a 1, em Kazan. Todos os gols deste jogo contaram com a ajuda do árbitro de vídeo. A verdade também é que esperávamos mais do time comandado pelo técnico Didier Deschamps.
O meio-campo Paul Pogba declarou que achava que o jogo seria mais tranquilo, sem muita tensão. Só que estreia é sempre mais complicado, né? Os atletas e a torcida precisam saber lidar com a ansiedade. Creio que para o resto da competição, os franceses vão estar mais soltos dentro de campo, sem grandes problemas para chegarem às oitavas de final.
O triunfo inicial garantiu a campeã de 1998 no primeiro lugar do grupo. Ou seja, até agora, a expectativa está sendo confirmada. Os atacantes Antoine Griezmann e Kylian Mbappé, considerados as grandes referências dos Le Bleus, podem ser os destaques individuais da Copa. Qualidades eles têm, apesar de contra os australianos não terem apresentado um bom futebol. Para o jogo desta quinta-feira, 21 de junho, na cidade de Ecaterimburgo, contra o Peru, a França deve jogar melhor. Pelo menos é o que o mundo todo espera dela.
Austrália
Os Socceroos, apontados por muitos analistas como candidatos a ficarem no último lugar do grupo, ocupam a terceira colocação, mas, já provaram que vendem muito caro a derrota. Diante da França, eles fizeram um jogo duro e complicado. Confesso que acreditava em uma vitória francesa por uma boa margem de gols. São as surpresas que só a Copa do Mundo pode nos apresentar. Em um amistoso, a vitória seria certa.
A classificação para as oitavas é algo muito difícil de acontecer. Agora, o objetivo da Austrália será o de atrapalhar a vida de Peru e Dinamarca, sendo uma espécie de estraga prazer. Sabe como é? O próximo compromisso é o encontro com os dinamarqueses também na quinta, às 9h, em Samara. A cada Copa que passa, os australianos se mostram um pouco mais competitivos. Isso se deve ao fato de os seus principais jogadores atuarem em equipes do futebol europeu. Por exemplo, o volante Mooy joga no Huddersfield, enquanto que o goleiro Ryan defende o Brighton. Ambos os times são da disputadíssima e badalada Premier League – o melhor campeonato nacional do planeta.
Ah, um detalhe que não podemos deixar de citar e que interfere bastante na qualidade de jogo é que o treinador holandês Bert van Marwijk comanda a seleção da Austrália desde fevereiro deste ano, apenas. Realmente é um tempo muito curto para trabalhar um time que não está junto todos os dias, diferentemente de como acontece nos clubes.
Esperamos que o veterano meio-campista Tim Cahill, de 38 anos, saia do banco para se tornar, ao lado de Pelé, um dos jogadores que marcaram gols em quatro Mundiais seguidos. Apesar da idade, ele tem qualidade.
Peru
Na lanterna da chave, o Peru não teve o melhor retorno ao Mundial depois de 36 anos assistindo pela televisão. O treinador Ricardo Gareca começou o jogo com o atacante Paolo Guerrero, do Flamengo, no banco. Pô, o maior artilheiro da seleção sul-americana tinha que estar dentro de campo. Tanto que, quando ele entrou, já perdendo por 1 a 0, os peruanos tiveram uma injeção de ânimo. Eles também não contavam que o meia Christian Cueva,do São Paulo, perderia um pênalti quando o placar ainda estava 0 x 0.
Agora, a equipe precisa recuperar a parte emocional e ir com tudo para cima da França, hein! Uma nova derrota sepulta, de vez, todas as chances de classificação. Para este embate, Guerrero precisa começar jogando, o que não sei se vai acontecer, não. Fora de campo, a torcida peruana invadiu a Rússia e está dando um show nas arquibancadas.
Dinamarca
Com a vitória de 1 a 0, a Dinamarca começou muito bem a disputa com o Peru pela segunda vaga nas oitavas. Um novo triunfo sobre os australianos já confirma a vaga. O futebol apresentado pelos vikings é realmente o que tínhamos imaginado antes da estreia. O meio-campista Eriksen, do Tottenham, da Premier League, é a grande referência desta equipe, que busca usar a qualidade do chute de seu jogador mais talentoso. A segunda bola é um belo recurso utilizado pelos dinamarqueses. Sisto, Poulsen e Jorgensen também fazem um bom trabalho ofensivo.
À princípio não, teremos a reedição da Dinamáquina, porém, vamos ver uma equipe bem capaz de complicar a vida da qualquer um. Como a Austrália precisa vencer de qualquer jeito, os europeus poderão ficar mais atrás no campo, só explorando o contra-ataque. Gostaria de ver a Dinamarca propondo o jogo. A notícia ruim é que o meio-campista Willian Kvist foi cortado da seleção. Ele sofreu lesão na costela depois de disputar uma jogada aérea. Lasse Schöne deve ficar com a vaga em definitivo no time.
Quem avança?
A primeira rodada, apesar dos jogos com resultados apertados, retratou bem quem deve ficar com as vagas para as oitavas de final do Mundial: França e Dinamarca. Resta saber quais serão as posições na tabela. No entanto, acredito que os franceses, que contam com recursos ofensivos maiores que os dinamarqueses, vão ficar com a liderança no final da etapa de grupos.
ATUALIZAÇÃO ANTERIOR: 29/12/2017
Sorteio faz do Grupo C um dos mais interessantes da primeira fase
Por Flávio Soares
Não chega a ser exatamente um “grupo da morte”, mas, com o amplo favoritismo da França para ficar com uma das vagas – muito provavelmente o primeiro lugar – o Grupo C da Copa do Mundo da Rússia 2018 dá indícios, no papel, de que será um dos mais emocionantes (ao lado do D) com as boas seleções de Peru e Dinamarca lutando pela outra vaga e com a sempre imprevisível Austrália podendo atrapalhar os planos e arrancar pontos dos favoritos.
França
Contando com o talento de jogadores como Antoine Griezmann e Olivier Giroud no ataque e Paul Pogba no meio-campo, os Bleus entram como favoritos e devem liderar o grupo, com as outras três equipes lutando pelo segundo lugar. Mas que os franceses não entrem fazendo corpo mole acreditando que a vaga está garantida: as demais seleções do grupo são perigosas.
Sob o comando de Didier Deschamps – capitão da seleção vencedora da Copa de 1998 – a França chega à Rússia como uma das favoritas ao título – ao lado de Alemanha e Brasil. Mas foi uma caminhada que teve lá seus tropeços.
Além dos destaques mencionados acima, a seleção francesa tem em seu elenco a habilidade de Thomas Lemar, a segurança do voltante N’Golo Kanté e o vigor dos jovens Mbappé e Dembelé. E mesmo com tantos trunfos, não conseguiu superar a seleção de Portugal em pleno Stade de France, tendo que se contentar com o segundo lugar na decisão da Eurocopa.
Nas eliminatórias, entretanto, os Bleus fizeram uma campanha respeitável e seu aproveitamento de 76,7% foi coroado com uma goleada de 4 a 0 em cima da Holanda na última rodada do Grupo A (que também tinha a sempre complicada seleção da Suécia).
Austrália
O caminho da seleção australiana foi (e continua sendo) muito acidentado. O terceiro lugar no Grupo 2 das Eliminatórias Asiáticas – atrás de Japão e Arábia Saudita – foi conquistado com muito sofrimento e viradas improváveis nos minutos finais. A classificação para a Copa veio depois de duas – isso mesmo: DUAS – repescagens.
A primeira, dentro da própria Ásia, foi contra a seleção Síria. E o triunfo só veio no segundo tempo da prorrogação (como disse: caminho acidentado). Na segunda repescagem, os domadores de cangurus tiveram a vida um pouco mais fácil contra a seleção de Honduras e depois do empate em 0 a 0 fora de casa, definiram a vaga com um – quem diria? – consistente 3 a 1 em Sidney. Ainda no campo dos resultados “esquisitos”, a seleção australiana participou da última Copa das Confederações e não passou da primeira fase: derrotado pela Alemanha, o “down under team” conquistou “importantes” empates contra Camarões e a forte seleção chilena. Resultados interessantes que perdem a relevância quando confrontados com a próxima informação.
Justificando o gosto australiano pela excentricidade, o técnico Ange Postecoglou se desligou da equipe após a classificação para a Copa. Sem pressa, os dirigentes deixaram para fevereiro o escolha do novo treinador – que está, acreditem, entre Jürgen Klinsmann e Sven Goran Eriksson que terão, obviamente, “muito tempo” para preparar o time até o início do Mundial da Rússia.
Peru
Foram precisos 36 anos para que o Peru se classificasse novamente para uma Copa do Mundo. E foi um belo caminho. Nas Eliminatórias Sul-Americanas, a seleção peruana deixou “na saudade” equipes favoritas à vaga, como Chile e Paraguai e faturou o quarto lugar na classificação – que lançou os peruanos na repescagem contra a Nova Zelândia.
Sob o comando do argentino Ricardo Gareca – velho conhecido da torcida palmeirense – os peruanos passaram sem sustos pela repescagem (vitória por 2 a 0 em casa e empate por 0 a 0 na volta). Susto mesmo veio da Fifa, que após a análise positiva de um exame anti-dopping, suspendeu o atacante Paolo Guerrero. Para a sorte da seleção peruana – e do Flamengo – a pena de Guerrero foi revista e o artillheiro estará livre para atuar na Copa do Mundo ao lado de Trauco e Cueva – outros destaques da seleção que atuam no Brasil.
Dinamarca
Ver a seleção dinamarquesa jogando deixa muito claro que os tempos de “Dinamáquina” – apelido que o time ganhou durante a Copa do Mundo do México em 1986 – ficaram no passado.
O time do técnico Åge Hareide é taticamente muito disciplinado e, por isso mesmo, muito previsível. Formatado em um 4-3-3 que funciona em torno do talento do meia Eriksen, a Seleção da Dinamarca depende muito da habilidade do atleta do Tottenham que, quando inspirado, pode liderar o time a vitórias como o 5 a 1 contra a Irlanda do Norte e os 4 a 0 frente a Polônia. Por outro lado, esta “dependência” explica as apresentações irregulares da equipe que terminou em segundo lugar no Grupo E das Eliminatórias Européias.
Se conseguir extrair o máximo dos atacantes Nicolai Jorgensen, Andreas Cornelius e Nicklas Bendtner, e do meio-campista Thomas Delaney (além, obviamente, de Eriksen), a Seleção da Dinamarca chega para a Copa do Mundo com chances de avançar à segunda fase.
Quem avança
Parece não haver dúvidas de que uma das vagas do grupo já é francesa. O maior inimigo dos Bleus nesta fase da Copa é o “salto alto”: se entrarem em campo achando que as partidas estão ganhas antes mesmo de começarem, os franceses cairão do burro e serão a grande decepção da Rússia em 2018.
Mas, em condições normais, eles avançam sem sustos e deixam a briga pela segunda vaga com Peru e Dinamarca – a Austrália, à exemplo da Arábia Saudita deve ir para a Rússia a passeio. Assim como a Dinamarca depende da inspiração de Eriksen, o Peru precisa que Cueva e Guerrero estejam a fim de jogo para render alguma coisa. Para piorar, o atacante peruano chegará à Copa do Mundo após um longo período de inatividade por conta da suspensão imposta pela Fifa. Diante disso tudo, a Dinamarca tem mais chances de seguir adiante na competição.
Continuando
Amanhã daremos continuidade a nossa série de artigos sobre a Copa do Mundo, analisando o Grupo D formado por Argentina, Islândia, Croácia e Nigéria