Paixão Nacional: Como as coisas funcionam
Todos os anos, dezenas de jovens talentos despontam na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Diamantes brutos que precisam ser trabalhados para um dia confirmarem seu talento e não ficarem “pelo caminho” como aconteceu com promessas como, por exemplo, Lulinha e Dinélson (Corinthians), Frauches (Flamengo) e Ronieli (São Paulo). Mas a equação “time competitivo + jovens talentos” é difícil de ser bem sucedida com a pressão que os times grandes sofrem por resultados. Então, a menos que o jovem em questão seja um fora de série como Neymar ou Gabriel Jesus, cravar seu espaço nos profissionais é sempre complicado.
Os técnicos também preferem trabalhar com jogadores prontos nos clubes grandes. Usar muitos “meninos da base” (como se diz) é complicado quando se precisa lutar sempre por títulos. A solução imediata é mandar os talentos para outros clubes menores, por empréstimo, para que ganhem mais rodagem. Foi o que fez, por exemplo, o Corinthians em 2016, quando mandou Maycon para a Ponte Preta e colheu os frutos de seu amadurecimento em 2017. Mas a fila de jovens esperando por uma oportunidade nos clubes brasileiros é grande. Apenas no Corinthians, campeão da Copa São Paulo em 2017, Pedrinho, Carlinhos, Mantuan e Marciel (já emprestado) esperam por uma sequência no time principal.
Mas o “nome” pesa mais e os veteranos que não tem mais mercado na Europa (e até mesmo aqueles que não são veteranos, mas já se “queimaram” o bastante no “primeiro mundo”), são constantemente “repatriados” e apresentados com toda pompa e circusntância para aplacar os ânimos das torcidas que, irracionalmente, sonham com Adriano, Vágner Love e Gabigol – na esperança de que estes repitam o raro milagre de Ronaldo no Timão – ao invés de dar às jóias da base o tempo de maturação para virarem craques e migrarem para o mercado europeu a peso de ouro – e não por bananas como se faz por estas bandas.
Uma mentalidade profissional, com visão de longo prazo, seria a solução para a eterna mendicância de nossos clubes que desprezam a base por força das circunstâncias e passam temporada após temporada adiantando cotas para cobrir os intermináveis rombos em seus cofres.