Pentacampeão da Superliga Masculina, o Sada Cruzeiro merece ser chamado de melhor time brasileiro da história?
Cinco títulos consecutivos e seis taças em sete campeonatos. É difícil encontrar argumentos que contestem a soberania cruzeirense no vôlei do Brasil
Foi emocionante, e quem gosta de vôlei dificilmente encontrou razões para achar algo que pudesse ser melhorado. Com um Mineirinho lotado por 14.800 pessoas, a Superliga Masculina vibrou com um jogo histórico e que vai ser lembrado, não é exagero imaginar, para sempre.
O título do Sada Cruzeiro sobre o Sesi-SP por 3 sets a 2 (25/16, 17/25, 25/22, 23/25 e 22/20), com um fantástico tie-break, colocou fim à decisão mais equilibrada dos últimos tempos. Na primeira partida, no Ibirapuera, o Cruzeiro já havia vencido também por 3 a 2.
E na história, onde a Raposa fica?
Foi um jogaço, um dos mais emocionantes de todos os tempos – e prova da verdadeira batalha mental veio da escolha do melhor em quadra, o incrível levantador Uriarte, do Cruzeiro. Não dá para desconsiderar também a capacidade ofensiva da equipe mineira, pois Evandro e Leal derrubaram, cada um, nada menos que 24 bolas de ataque. Quase um set inteiro de pontuação para cada. “Esse é um grande time, que tem uma grande comissão técnica, e que trabalha muito duro para momentos como esse. Hoje foi um jogo decidido realmente nos detalhes e deu certo para o nosso lado. Absolutamente todos estão de parabéns por mais uma vitória e mais um título. Tivemos parciais altas, um tie-break altíssimo, e no momento decisivo, fomos melhores”, comemorou Evandro.
Nós, do Ganhador, não conseguimos cravar outra equipe que tenha sido tão perfeita ao longo da história da Superliga Masculina. Nem nos primórdios, com a incrível Atlanta Boavista de Xandó, Renan e Bernard no começo dos anos 80, passando pela Pirelli de William, Montanaro, Amauri e tantos outros craques no mesmo período.
É claro que houve outros grandes times. O Banespa, por exemplo, na década de 90, formou talentos como Giovane e Ricardinho, mas se alguém conseguir localizar no passado uma equipe tão equilibrada no jogo coletivo como o atual Sada Cruzeiro, favor avisar, porque nós realmente não conseguimos.
A Raposa de Belo Horizonte atuou com os seguintes titulares neste domingo histórico: Uriarte, Evandro, Simon, Isac, Filipe e Leal. O líbero foi Serginho, e os reservas que participaram da partida foram Fernando Cachopa, Alemão, Rodriguinho e Éder Levi. O comandante foi o genial argentino Marcelo Méndez, de 53 anos. “Contamos com uma diretoria forte, um clube que nos dá tudo, e acho que esse é o grande segredo para a conquista de mais um título”, reconheceu, humilde, sem querer os holofotes para si.
O pentacampeonato do Sada Cruzeiro veio com uma liderança de ponta a ponta. Na fase de classificação, a equipe somou 57 pontos, com 19 vitórias e três derrotas. Os adversários nos mata-matas foram o Lebes Canoas, nas quartas de final, e o EMS Taubaté Funvic (SP), na semi, vencido só em um eletrizante duelo de cinco jogos.
O pentacampeonato consecutivo não encontra precedente na história da Superliga – nem quando o Campeonato Brasileiro não era chamado desta maneira. Até aqui, o Minas (em 1984, 1985 e 1986 e 2000, 2001 e 2002), o Banespa (em 1990, 1991 e 1992) e o Cimed (em 2008, 2009 e 2010) eram as equipes com as maiores dinastias do vôlei masculino brasileiro, sempre com três títulos, nunca acima disso. Vai ser realmente muito difícil encontrar uma nova equipe que rompa este domínio do Cruzeiro – tanto na atualidade quanto no passar dos anos.
O adeus do incrível Leal
Ele nasceu em Cuba, mas se depender da sua capacidade, Yoandi Leal tem lugar garantido na seleção brasileira, como se cogita há um bom tempo e que deve acontecer a partir do final deste ano. As raízes de Leal com o país são imensas. Ele vive no Brasil desde 2012, quando passou a integrar o Sada Cruzeiro, e agora se despede para um novo desafio, que vai ser defender o Civitanova, na Itália.
“Sem palavras para o que está acontecendo. Foi sensacional. Esse ano foi difícil para o nosso time, mas conseguimos sair das situações difíceis e, com essa torcida nos incentivando o tempo inteiro, conquistamos o título”, disse Leal, que comemorou o seu quinto troféu de Superliga pela equipe.
“Estou muito agradecido por ter feito parte do Sada Cruzeiro durante seis anos. A trajetória aqui foi muito produtiva. Fico muito satisfeito por jogar sempre na frente desses torcedores que estiveram junto comigo o tempo todo, desde a minha chegada. Hoje foi meu último jogo frente a eles. Vai dar um pouco de tristeza, mas uma coisa é certa: vou levar todos comigo para sempre no meu coração.”