Vôlei

Por que José Roberto Guimarães não ganha a Superliga Feminina de Vôlei há 13 anos?

Foto: KAZUHIRO NOGI/AFP/Getty Images

Técnico da seleção brasileira feminina é um dos melhores do mundo, mas já acumula longo tempo sem saber o que é o topo do principal campeonato do país           

José Roberto Guimarães é um dos homens mais importantes da história do esporte brasileiro. Comandante da surpreendente medalha de ouro do vôlei masculino na Olimpíada de Barcelona, em 1992, ele é também um renomado técnico no vôlei feminino. Nem é preciso ir muito longe. Foi também contando com o seu trabalho que as meninas do país obtiveram os únicos dois ouros brasileiros na modalidade, nos Jogos de 2008, em Pequim, e de 2012, em Londres. José Roberto é hoje técnico do recém-criado Hinode Barueri, a equipe que surge com o maior potencial de crescimento no returno da Superliga Feminina. Mas é bastante improvável que a equipe, hoje a sexta colocada, surja com capacidade de desbancar as favoritas, o Dentil/Praia Clube, comandado por Paulo Coco – assistente de José Roberto- e o Sesc-RJ, do treinador Bernardinho, outro lendário representante da modalidade no país.

 

Longe da decadência

Olhar para a lista de títulos de José Roberto Guimarães chega a assustar. Ele foi tricampeão da Superliga Feminina nas temporadas de 2002/2003, 2003/2004 e 2004/2005, sempre pelo Finasa/Osasco, uma máquina de jogar. E desde então, jamais chegou sequer a uma decisão.

O técnico buscou outros ares depois de sair de Osasco – clube que hoje conta com outro treinador de elite, Luizomar de Moura. José Roberto treinou a equipe masculina do Unisul em 2005 e 2006 e passou a trabalhar na Itália e na Turquia, onde comandou o Scavolini e o Fenerbahce – pela equipe turca, ganhou o Europeu e o Mundial de Clubes da modalidade.

Ou seja: a ausência de José Roberto Guimarães do topo da Superliga Feminina tem muito de sua passagem pelo exterior e um pouco também pela sua nova motivação, que é construir equipes praticamente do zero. Foi o que ocorreu em Campinas, com o Vôlei Amil, já extinto depois de disputar os torneios do calendário nacional entre 2012 e 2014. E é o que ele faz agora com o Hinode Barueri.

Quem acompanha a Superliga sabe bem que o principal campeonato de clubes do vôlei brasileiro é um território quase dominado por Rio e Osasco, equipes que hoje disputam a temporada com os nomes de Sesc e Vôlei Nestlé. Para José Roberto Guimarães ganhar a Superliga, hoje, a chance seria só se assumisse o comando de alguns desses times. Melhor que não assuma. Uma das grandes atrações do esporte é ver a variedade de trabalhos. Conferir o que ele, José Roberto, é capaz de fazer com atletas que não são as melhores é sim uma atração e tanto, seja qual for a classificação final.

 

Chance de reação

O time de Barueri ocupa a sexta colocação, com 18 pontos, seis atrás da quinta colocada, o Fluminense, que tem 24. Os quatro primeiros nesta Superliga Feminina são Dentil/Praia Clube (39 pontos), Sesc-RJ (34), Vôlei Nestlé (28) e Camponesa/Minas (25).

A retomada da temporada promete ser das mais favoráveis a José Roberto Guimarães e suas comandadas. A equipe enfrenta o lanterninha Sesi, que perdeu todos os 13 jogos disputados. A partida será em Barueri, às 19h30 (de Brasília) deste sábado (9).

Outro grande jogo que surge neste final de semana é entre as equipes do Minas e do Fluminense. O clube carioca pode até ser considerado a surpresa da temporada até aqui, fazendo jogos disputados contra equipes grandes e mostrando uma boa performance especialmente na defesa. O Rio tem larga tradição no vôlei feminino, e a aparição do Fluminense é uma grata lembrança a quem vibrou com os duelos históricos entre Flamengo e Vasco – Virna versus Fernanda Venturini, quem viu não esquece.

Seja qual for o campeão, o fato é que o vôlei brasileiro realmente vive o seu auge, com títulos por onde quer que se olhe no cenário mundial. Os homens são os atuais campeões olímpicos. As mulheres ganharam o Grand Prix, a competição anual por países, simplesmente 12 vezes.  Se o futebol anda a desejar ainda na esteira do 7×1, e com a perspectiva da redenção na Copa do Mundo deste ano, o vôlei não tem do que se redimir. A modalidade é uma realidade de décadas no Brasil. Sorte de quem acompanha.

 

Jogos da 3ª rodada do returno da Superliga Feminina

Sábado, 9 de janeiro

  • 18:30 – Bauru x BRB/Brasília – Palpite: Bauru
  • 19:30 – Hinode Barueri x Sesi-SP – Palpite: Barueri
  • 19:30 – Nestlé x São Cristóvão Saúde/São Caetano – Palpite: Nestlé
  • 20:00 – Sesc-RJ x Renata Valinhos/Country – Palpite: Sesc
  • 20:00 – Camponesa/Minas x Fluminense – Palpite: Minas

Sábado, 23 de janeiro

  • 19:30 – Dentil/Praia Clube x Pinheiros – Palpite: Praia Clube