Raio-X da Libertadores 2018: Fase de Grupos
Brasileiros estão bem cotados, mas poucos devem avançar com tranquilidade
As fases preliminares ficaram para trás e todos os 32 times que irão compor os oito grupos da Copa Libertadores da América 2018 já estão definidos. Entre os favoritos, podemos elencar boa parte dos clubes brasileiros, mas equipes tradicionais como Boca Juniors, River Plate, Peñarol e Colo-Colo não podem ser descartadas.
A seguir, faremos um raio-x de cada grupo, analisando as possibilidades de cada time.
Grupo 1: Cerro Porteño, Defensor, Grêmio e Monagas
Atual campeão da competição, o Grêmio desponta como o grande favorito do Grupo 1. O time vinha sendo muito cobrado pelo mau desempenho no Gauchão, mas a vitória nos pênaltis sobre o Independiente, que valeu o título da Recopa, foi importante para recuperar a confiança. Jogando completo, o time de Renato Portaluppi é fortíssimo, e chega para brigar pelo bicampeonato. O único senão é a possibilidade de perder o jovem Arthur, que está em avançadas negociações com o Barcelona.
A briga pela segunda vaga deverá ficar entre Cerro Porteño e Defesor. O Cerro foi o melhor time do Paraguai em 2017, e volta a disputar uma Libertadores após um ano de ausência. Em 2016, o time avançou até às oitavas, mas caiu diante do Boca. A campanha nesta temporada até aqui não foi das melhores, e a equipe contabiliza apenas uma vitória em quatro jogos pelo campeonato nacional. O Defensor está há quatro anos sem participar do torneio, mas retorna na condição de vice-campeão uruguaio. O time está em ascenção no campeonato do seu país, mas não tem um grande histórico em competições internacionais.
O Monagas disputará a Libertadores pela primeira vez em seus 28 anos de história na condição de franco atirador. O time vem de uma inédita conquista do Campeonato Venezuelano, mas começou muito mal a temporada, e venceu apenas um dos cinco jogos disputados em 2018.
Grupo 2: Atlético Nacional, Bolívar, Colo-Colo e Delfin
No Grupo 2, quem deve dar as cartas é o Atlético Nacional, que vem acumulando bons resultados nos últimos anos. Em 2016, os Verdolagas conquistaram a Libertadores, a Copa da Colômbia e a Superliga da Colômbia. No ano passado, ficaram com os canecos do Campeonato Colombiano e da Recopa Sul-Americana, e começaram bem 2018 ao triunfar no Torneio da Flórida. O time se mostrou muito competitivo nos Estados Unidos, e chegou a vencer o Atlético Mineiro por 2×0.
O tradicional Colo-Colo aparece como a segunda força. Seu plantel é muito experiente, e terá a responsabilidade de reverter um incômodo retrospecto. Apesar de participar da Libertadores com frequência (esta será a quarta consecutiva), o time chileno não avança às oitavas desde 2007. Aos 34 anos, o ex-palmeirense Valdívia é um dos destaques do Cacique.
O Bolivar disputou a Libertadores pela última vez em 2016, e caiu ainda na primeira fase. No entanto, em sua participação anterior, em 2014, superou o Flamengo para se classificar na fase de grupos, e avançou até a semifinal, quando foi massacrado pelo San Lorenzo, que acabou ficando com o título. Terá a seu favor a altitude de 3640 metros de La Paz.
O Delfin chegou em 2016 à primeira divisão do futebol equatoriano, e já no ano seguinte foi vice-campeão nacional. Esta será a primeira competição internacional do jovem clube fundado em 1989. Será uma grande surpresa se conseguir passar de fase.
Grupo 3: Atlético Tucumán, Libertad, Peñarol e The Strongest
O Grupo 3 tem tudo para ser o mais equilibrado desta Libertadores, mas nenhum dos quatro times parece ter fôlego para brigar pelo título.
Se o peso da camisa fizer a diferença, uma das vagas certamente ficará com o Peñarol. Os Aurinegros já conquistaram cinco vezes a competição, além de serem tricampeões mundiais. A última campanha de destaque dos uruguaios foi em 2011, quando chegaram até a final, mas perderam para o Santos de Ganso e Neymar. Em 2016 e 2017, cairam ainda na primeira fase. O time é o atual campeão uruguaio.
O Atlético Tucumán disputou a primeira Libertadores de sua história no ano passado, e agora repete a dose depois de ter sido finalista da Copa Argentina. Apesar da eliminação ainda na fase de grupos, o ano de 2017 foi considerado um dos melhores da história do clube, que avançou até as quartas-de-final da Copa Sul-Americana e disputou um dos títulos mais importantes do futebol argentino. Se o craque do time, Luis “Pulga” Rodríguez, estiver inspirado, nossos hermanos têm boas chances de classificação.
Libertad e The Strongest têm um longo histórico de participações no torneio. Os paraguaios não tiveram muito sucesso nos últimos anos, e caíram na primeira fase em 2015 e 2017. Já os bolivianos, chegaram às oitavas de final no ano passado depois de duas eliminações consecutivas na fase de grupos, mas perderam para o Lanús. Assim como o Bolívar, terão a altitude a seu favor.
Grupo 4: Emelec, Flamengo, River Plate e Santa Fe
O time do Emelec evoca as piores lembranças possíveis para a torcida do Flamengo, que até hoje não se conforma com a traumática eliminação de 2012. O Rubro-Negro tem o plantel mais forte do Grupo 4 no papel, mas terá que superar a sina das eliminações na fase de grupos. O clube se reforçou com o artilheiro Henrique Dourado, e começou a temporada de forma promissora ao conquistar a Taça Guanabara. Para evitar a repetição do fracasso de 2017, os cariocas precisarão melhorar seu desempenho como visitantes.
O principal concorrente do time da Gávea deve ser o River Plate, que a despeito da má fase vivida no Campeonato Argentino, conta com o peso da camisa tricampeã da competição. Os Millonarios contrataram os atacantes Lucas Pratto e Juan Quintero, que se juntam a Scocco, Fernández e Martínez no elenco comandado por Marcelo Gallardo. No ano passado, o time foi semifinalista da Copa Sul-Americana.
O Santa Fe chamou a atenção pela facilidade com que passou pelo Santiago Wanderers na fase preliminar, com duas vitórias por 2×1 e 3×0. Os colombianos contam com os gols de Morelo, que já marcou seis vezes em quatro jogos, e ainda que não seja um dos favoritos à classificação, deve dar muito trabalho.
Grupo 5: Cruzeiro, Racing, Universidad de Chile e Vasco
Com dois brasileiros, um argentino e um dos mais tradicionais clubes do Chile, o Grupo 5 é considerado “da morte” por muitos analistas.
Campeão da Copa do Brasil em 2017, o Cruzeiro chega com um time mais estruturado que o do Vasco, que perdeu peças importantes no início da temporada. A Raposa se reforçou com o artilheiro Fred, o lateral Edilson, campeão da Libertadores pelo Grêmio, além do volante Bruno Silva, que se destacou jogando pelo Botafogo. O Cruzmaltino perdeu Nenê, Luíz Fabiano e Matheus Vital, mas a reposição não foi à altura, e o time hoje conta principalmente com os garotos vindos da base. Com dez gols marcados e nenhum sofrido, o Gigante da Colina encheu seu torcedor de esperanças após as três primeiras partidas da fase preliminar, mas a derrota por 4×0 para o Jorge Wilstermann mostrou que é preciso ter cautela.
O Racing tem tradição de ser um time raçudo e difícil de ser batido em Avellaneda. A Academia vive um bom momento, e estreará na Libertadores ostentando uma sequência de quatro vitórias. O time está há um mês sem sofrer um revés pelo Campeonato Argentino. Sua última participação no torneio continental foi em 2016, quando acabou eliminado pelo Atlético Mineiro nas oitavas-de-final.
O Universidad de Chile chega como campeão do Torneio Clausura 2017, mas decepcionou em suas últimas três participações na Libertadores. Em 2014 e 2015, caiu na fase de grupos, e em 2016 foi eliminado pelo River Plate ainda na fase preliminar. Os chilenos têm boas recordações de 2011, quando eliminaram o Vasco na semifinal da Copa Sul-Americana. Devem dificultar a vida dos brasileiros, principalmente jogando em casa.
Grupo 6: Estudiantes, Nacional-URU, Real Garcilaso e Santos
Depois de perder jogadores importantes, como Lucas Lima e Ricardo Oliveira, o Santos foi atrás do técnico Jair Ventura, que fez um belo trabalho com o limitado time do Botafogo no ano passado. Para o ataque, o Peixe acertou com Eduardo Sacha e repatriou Gabigol, que desde que voltou da Europa está com a pontaria afiada, e tem feito gols decisivos. O time chega menos badalado do que no ano passado, quando perdeu para o Barcelona de Guayquil nas quartas-de-final, mas se Ventura conseguir implementar o mesmo espírito de luta do Botafogo de 2017, pode ir muito longe.
Todo cuidado é pouco com o Estudiantes, que já conquistou cinco vezes o título da Libertadores. O time que se prepara para disputar a competição, contudo, não chega a empolgar. O León faz apenas a 10ª melhor campanha do Campeonato Argentino, e venceu 47% dos jogos. No ano passado, o time foi eliminado na primeira fase da Libertadores, e sofreu um novo revés, diante do Nacional-PAR, nas oitavas-de-final da Copa Sul-Americana.
O Nacional que enfrentará o Estudiantes desta vez será o do Uruguai, tricampeão da Libertadores e da Copa Intercontinental. O time venceu os dois jogos contra a Chapecoense na fase preliminar, e mostrou força em casa para superar o Banfield no segundo confronto.
O Real Garcilaso é o grande azarão do grupo. O time disputou a Libertadores duas vezes. Em 2013 foi o clube mais jovem a participar do torneio, com apenas três anos e meio de fundação, e conseguiu avançar até as oitavas-de-final. Em 2014, foi o saco de pancadas do Grupo 5, o mesmo do Cruzeiro.
Grupo 7: Corinthians, Deportivo Lara, Independiente e Millonários
O Corinthians ainda se ressente pela perda de jogadores titulares na conquista do título brasileiro, em especial o centroavante Jô, que não foi substituído à altura. A falta de um homem-gol pode prejudicar a campanha dos paulistas, que de resto vêm apresentando o mesmo futebol pragmático e eficiente que os levou ao sucesso no ano passado. O técnico Fábio Carille permanece à frente do time, que em 2018 obteve cinco vitórias, dois empates e quatro derrotas em seus 11 compromissos.
O Independiente é o maior vencedor da Libertadores, com sete títulos, e no ano passado ganhou o bicampeonato da Copa Sul-Americana em cima do Flamengo. É um time copeiro, e em suas fileiras conta com bons nomes como Bustos, Menéndez, Meza e Benítez. Deve avançar de fase juntamente com os brasileiros.
Fundado em 2009, o Deportivo Lara já participou de três Copas Sul-Americanas e representou as Venezuela em duas Libertadores, sem nunca passar da primeira fase em nenhuma das competições.O Millonarios, por sua vez, é o clube com o maior número de conquistas do Campeonato Colombiano, mas não repete o desempenho em âmbito internacional. No ano passado, foi eliminado pelo Atlético Paranense na fase preliminar.
Grupo 8: Alianza Lima, Boca Junior, Junior Barranquilla e Palmeiras
O estrelado elenco do Palmeiras começou a temporada de forma arrasadora, com 100% de aproveitamento nos seis primeiros jogos, mas a queda de rendimento às vesperas da estreia na Libertadores preocupa. O time que estreará contra o Junior Barranquilla vem de três tropeços consecutivos, um dos quais uma derrota em um jogo tenso e desgastante contra o Corinthians. O grupo é difícil, mas a diferença de investimento em relação aos adversários é gritante, e ninguém espera do Verdão nada menos do que uma classificação tranquila e posteriormente a briga pelo título.
Um dos concorrentes, porém, será o temível Boca Juniors, que venceu o Campeonato Argentino do ano passado e caminha a passos largos para conquistar o bi, com 12 pontos de vantagem sobre o Talleres. O time parece estar voltando aos seus melhores dias, e a grande atuação de Tévez contra o San Martín renovou as esperanças da torcida.
O Junior Barranquilla foi semifinalista da Copa Sul-Americana em 2017, mas não começou bem a temporada, e é o 13º colocado no Campeonato Colombiano. Na fase preliminar, passou pelo Olímpia por 3×2 no placar agregado, e sofreu para eliminar o Guananí-PAR pela contagem mínima. É a terceira força do grupo, e só avançará de fase se algo muito surpreendente acontecer.
A classificação do Alianza Lima é ainda mais improvável. Além de ser tecnicamente inferior aos demais, o time não tem se destacado sequer no Campeonato Peruano. É o grande azarão do Grupo 8.