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Uma sugestão para o fim do problema no corte de peso que vem atormentando o UFC

Foto: Divulgação / UFC

Um dos maiores problemas do mundo das lutas é o corte de peso agressivo ao qual muitos lutadores se propõem antes de seus combates. O assunto já foi tema de intermináveis debates, mas se faz necessário falar a respeito mais uma vez. Isso porque tem sido cada vez mais frequente a falha de lutadores do UFC durante as pesagens matinais, adotadas em junho de 2016. A pesagem oficial sempre acontecia na parte da tarde, na véspera das lutas, mas a mudança aconteceu para evitar o alto índice de falhas que vez ou outra extrapola o nível aceitável. O problema é que agora, aparentemente contra a vontade da maioria dos lutadores, o presidente do UFC, Dana White, quer voltar a fazer as pesagens na parte da tarde.

Para se entender melhor, é bom saber que é muito comum um lutador chegar na semana da luta precisando perder muitos quilos. Isso varia muito de atleta para atleta, mas já existiram casos de lutadores que perdem dez ou mais quilos só em uma semana. Isso é perigosíssimo para a saúde do atleta. Porque então um lutador já não treina no seu peso que vai lutar? Assim ele não precisa cortar nada e não passa por isso, certo? Certo. Mas a justificativa dos lutadores é de que se eles treinarem no peso de luta, mais leves, acabam se lesionando. Então o trabalho é sempre treinar pesado e ir baixando de peso com a proximidade da luta. Muitos fazem esse trabalho de forma profissional e correta, outros muitos fazem o processo de forma displicente e acabam pagando o preço.

A pesagem matinal foi criada para facilitar a vida dos lutadores, segundo o UFC, à época. No fim das contas, eles acabam tendo cerca de sete horas a menos para cortar o peso, mas em compensação ele ganham o mesmo tempo a mais para se reidratarem, se alimentarem e recuperarem boa parte (ou quase todo) o peso cortado durante o processo. Mas a realidade é que um número muito maior de atletas falharam no corte de peso desde que a medida foi implementada. E isso forçou Dana a tomar esse tipo de decisao.

Se um lutador sobe à balança oficial e não bate o peso limite de sua categoria, dependendo do tamanho de sua falha – se ficou muito mais pesado ou nem tanto -, o atleta pode ter parte da sua bolsa dada ao adversário ou simplesmente ser vetado de lutar pela comissão atlética responsável. E como é sempre bom lembrar, um lutador só recebe dinheiro do UFC se lutar. Ninguém recebe salário mensal em nenhuma organização de MMA. Logo, se uma luta cai por conta de problemas no corte de peso de um dos atletas, nenhum dos dois luta, o que é terrível para ambos. O atleta que bateu o peso é o maior prejudicado, pois ele sofreu, cumpriu sua obrigação, e tem de ver o rival ter uma atitude antiprofissional que coloca em risco seu trabalho. Sem contar que muita vezes o lutador que bateu o peso recebe parte da bolsa do rival que falhou no corte de peso. Isso ameniza o problema, mas significa que ele aceita enfrentar o adversário mais pesado. E pior: muitas vezes o lutador que falhou no corte de peso vence a luta.

No UFC 225, ocorrido no último sábado (9), em Chicago (EUA), Yoel Romero falhou no corte de peso. Ele precisava bater 83,9kg, peso limite da categoria dos médios. Depois de se pesar com 500g excedentes, o cubano teve quase duas horas para uma nova tentativa. Na segunda vez, ele bateu cerca de 84kg, cerca de apenas 100g acima do peso, o que invalidou sua participação na disputa de cinturão dos médios contra Robert Whittaker. Em disputas de cinturão, não há tolerância ou negociação caso um atleta falhe no corte de peso. No caso de Romero, se ele vencesse a luta com Whittaker, não seria declarado como campeão por conta da falha no corte de peso. Imagine a confusão se Whittaker, atual campeão, perde para um desafiante e continua com o título.

Independente da decisão de manter a pesagem durante a manhã ou voltar a fazê-la à tarde, o problema precisa acabar. E honestamente acho que a melhor solução é aumentar a multa aplicada a lutadores que falharem. Os 20, 30% comuns em punições  não me parecem o suficiente. Que tal 50%? Será que seria o suficiente para diminuir os erros? Lutadores têm duas principais obrigações na carreira: bater o peso e lutar. O alto índice de falhas no primeiro processo é ridículo, antiprofissional. Isso precisa mudar já! Quem sabe com punições que podem colocar todo o esforço do camp a perder atletas não valorizam o corte de peso? Chega de falhas! O esporte precisa ser mais profissional.

Ah, sobre a pesagem pela manhã ou pela tarde, não há forma mais justa de decidir do que perguntar aos próprios atletas da organização. O que eles acham? A maioria realmente prefere se pesar a tarde? Melhor ter mais tempo de corte de peso ou de reidratação ? O assunto deve ser decidido com o apoio dos atletas. A organização tem de valorizar a voz deles.