AAF não chega para competir com a NFL
Se você ainda não percebeu, uma nova liga profissional de futebol americano acaba de estrear. O pontapé inicial da Alliance of American Football foi dado nesse último fim de semana com quatro jogos no calendário.
Tem muita gente me perguntando o que eu achei da primeira rodada, mas admito que não consegui ver um jogo. O que posso dizer é que a liga não chega para competir com a NFL. Muito pelo contrário, ela chega para ajudar.
Oito times competirão por dez rodadas, com os quatro melhores se classificando para os playoffs. A Final acontece no dia 27 de abril.
Os jogadores têm perfis diferentes. Alguns gostariam de voltar para NFL e buscam mostrar que ainda têm gasolina no tanque, enquanto outros, procuram uma primeira chance na NFL.
Os contratos não são grande coisa. Todos os jogadores recebem 250 mil dólares por 3 temporadas. Tim Tebow e Colin Kaepernick foram sondados, mas Tebow declinou e Kaepernick pediu 20 milhões. Não vai rolar, Kap.
Uma coisa que achei sensacional, e pode ser proveitoso para os jogadores, é o jeito que fãs interagem com o jogo. A plataforma de Fantasy é muito valorizada e jogadores ganham dinheiro quando são escolhidos nessas ligas. Eles até ganham bônus quando são curtidos no Facebook!
A liga tem algumas regras diferentes. Não tem kickoff, algo que a NFL já considerou eliminar para proteger os atletas.
Existe um oitavo árbitro, o sky judge, que não chega a ficar no céu mas é quase isso.
Ele fica no último andar do estádio, onde tem uma visão privilegiada e pode consertar erros dos árbitros em campo, incluindo jogadas de interferência.
Onside kicks não existem. Times perdendo por pelo menos 17 pontos OU atrás do placar nos últimos 5 minutos podem tentar o que é chamado de um Onside conversion. O time que quiser ficar com a bola tem uma jogada ofensiva para ganhar 12 jardas e ficar com a posse. Isso acontece da linha de 28 jardas do campo de defesa.
Reconhecendo que as linhas ofensivas podem ser mais fracas, a liga só permite que a defesa mande até 5 jogadores para pressionar o quarterback. Ninguém quer ver jogos com placares baixos e os quarterbacks se machucando.
Uma coisa que eu gostei bastante: o play clock tem apenas 35 segundos. Na NFL, são 40 segundos entre as jogadas. O tempo mais curto deixa o jogo mais dinâmico.
Tudo isso serve para a NFL pensar em algumas mudanças. A utilização de um oitavo árbitro é bem interessante, por exemplo.
A NFL sofre muito com os erros de arbitragem, e a AAF pode ser um teste importante para a NFL experimentar com novas ideias.
Mas, como eu disse, a AAF não vai tirar os holofotes da NFL.
Entendo que a AFL chegou com força nos anos 60 e depois se juntou à NFL. Mas, naquela época, a NFL não tinha presença em tantos mercados como tem hoje, e havia espaço para mais times de futebol americano.
Além disso, emissoras estavam famintas para transmitir a bola oval, e a ABC recebeu essa oportunidade com a AFL.
A liga se estruturou e conseguiu competir financeiramente com a NFL, oferecendo excelentes contratos para os melhores jogadores.
A AAF está muito longe desse patamar, e a NFL já está presente em todos os mercados importantes.
Apenas dois dos oito times da AAF jogam em mercados da NFL: o Atlanta Legends e o Arizona Hotshots. Ambos jogam em estádios universitários.
A liga intriga pelo fato de ser uma opção durante essa “ressaca” de sete meses sem a NFL mas não ameaça o brilho da NFL.