O que será do futuro de Shogun e Jacaré após os resultados no UFC São Paulo?
O UFC Fight Night São Paulo deixou um gosto amargo nos fãs brasileiros no último sábado (16). Embora a noite tenha contado com bons resultados, como a vitória de Charles Do Bronx contra Jared Gordon e o triunfo de Ricardo Carcacinha sobre Eduardo Garagorri, o show teve como seus dois últimos atos o empate de Maurício Shogun contra Paul Craig e a derrota de Ronaldo Jacaré contra Jan Blachowicz. Resultados até vaiados pela torcida. Uma péssima forma de fechar a temporada no Brasil.
Ao todo foram oito brasileiros enfrentando rivais de outras nacionalidades – o evento teve quatro confrontos Brasil x Brasil – e apenas três saíram do cage com o braço erguido: Charles do Bronx, Francisco Massaranduba e Ricardo Carcacinha.
Shogun e Jacaré eram os grandes nomes da noite, mas não desempenharam o esperado dentro do cage.
Ex-campeão do Pride e do UFC, Shogun enfrentou um adversário mediano, longe do alto escalão da categoria dos meio-pesados. Mas ainda assim esbarrou na forma física e na falta de atividade no cage – ele fez seis lutas nos últimos quatro anos. Apesar da vantagem esmagadora no quesito experiência, Shogun quase acabou nocauteado no no primeiro round, que pode ter sido lido como um 10-8. Depois ele se recuperou e venceu os rounds seguintes, mas passou longe de ser brilhante e convincente. O empate caiu bem, embora ele discorde.
Fato é que depois de 17 anos de carreira, Shogun fala em aposentadoria. Ele ainda tem idade para lutar. Aos 37, ainda pode render dentro do octógono. O problema é a falta de interesse. O Shogun de hoje passa longe do que vimos no passado e talvez para preservar seu legado seja, assim como ele mesmo indicou, hora de parar. Ele revelou ter apenas mais uma luta no contrato com o Ultimate, algo que foi combinado e pode ser renegociado com a família.
Uma revanche com Paul Craig seria uma boa luta de despedida devido ao nível do rival e o desfecho do primeiro encontro. Uma boa oportunidade de fechar a conta ainda no lucro.
Já Ronaldo Jacaré, aos 39, deu o primeiro passo na categoria dos meio-pesados. Foi com o pé esquerdo, ele perdeu na decisão dividida para Jan Blachowicz, mas não há motivo para falar em aposentadoria, como no caso acima. O duelo entre Jacaré e Blachowicz foi sonolento, morno, com pouquíssima emoção. O brasileiro alegou problemas de saúdes nas vésperas do evento, mas também teve um pouco de cautela na conta. Depois de casos como Luke Rockhold e Chris Weidman, que foram nocauteados na estreia até 93kg, o brasileiro sabia que uma mão bem encaixada poderia derrubá-lo mesmo vinda de Blachowicz, pouco conhecido pelo poder de nocaute. Ele não quis se expor.
Foi possível também ver que Jacaré, uma vez mais pesado, conectou golpes fortes no rival e dosou seu cardio. Bem ou mal fez cinco rounds contra um lutador top 5 da categoria dos meio-pesados. Não cansou a nível alarmante. É possível tirar bons ensinamentos da derrota. Ele merece fazer mais um ou dois testes na divisão antes de cogitar descer de volta para os médios.
No geral, o ano se encaminha para uma conta negativa. Segundo dados levantados pelo Combate, são 76 vitórias de gringos contra brasileiros no UFC em 2019, contra 63 triunfos verde e amarelo. Pode ser tarde demais para virar o placar, mas talvez já seja hora de planejar bem a próxima temporada para tentar entender o que tem acontecido com atletas brasileiros e os motivos de um número tão alto de derrotas no confronto contra o resto do mundo.