Paixão Nacional: expliquem-se
O susto que o Avenida provocou no Corinthians na última quarta-feira no Itaquerão quando, pela segunda rodada da Copa do Brasil, abriu uma vantagem de 2 a 0 no placar em um espaço de nove minutos (antes dos 15 do primeiro tempo), bagunçou momentaneamente com os odds do Bodog, patrocinador oficial da competição, assustou quem investiu na vitória tranquila dos donos da casa e escancarou de vez os sérios problemas defensivos do Alvinegro – que já havia sofrido para empatar em 2 a 2 com o Ferroviário do Ceará na primeira rodada do torneio. Desde a saída de Balbuena, o atual campeão paulista sofre com a falta de segurança da sua zaga. Experiente, Henrique nem de longe lembra o zagueiro que chegou a fazer parte da seleção brasileira. Teve participação decisiva nos dois gols que o Timão sofreu nesta semana – mas, evidentemente, não foi o único responsável – e não é o “líder” capaz de dar experiência aos talentosos Pedro Henrique e Léo Santos (de longe, os melhores zagueiros do elenco corintiano, o que na comparação significa pouco).
Manoel – outro zagueiro com rodagem –, veio do Cruzeiro numa tentativa de arrumar o setor defensivo e nada resolveu até agora: o Corinthians sofreu 12 gols em nove jogos oficiais em 2019.
Com uma imagem construída à base de sólidos sistemas defensivos, Fábio Carille sofre para ajustar a defesa corintiana e vê suas qualidades como “organizador de zagas” serem questionadas (afinal, ele é bom mesmo ou deu sorte de trabalhar com bons atletas no passado?). Pior: age como se não enxergasse o óbvio.
Ao final do jogo na última quarta-feira o treinador disse que a meta é que o time pare de sofrer gols (jura?) mas que a defesa, por enquanto, continuará com Manoel e Henrique – um traço que lembra mais a teimosia de Tite do que a convicção de que este é o melhor caminho.
E sem ter uma defesa eficaz, a diretoria do clube negocia com o Fluminense o empréstimo de Léo Santos até o final do ano. Inexplicavelmente fora dos planos de Carille, o defensor pode fazer o mesmo caminho de Gustagol que passou a temporada de 2018 no Fortaleza, voltou ao Timão em 2019 e é, neste momento, titular incontestável e, até aqui, o único que se salva em uma temporada que começou com mais baixos do que altos.
O duelo de amanhã, dia 24, contra o Botafogo pelo Campeonato Paulista mostrará se Carille e seus zagueiros realmente aprenderam algo com o susto de quarta-feira ou se seguirão fechando os olhos para o óbvio à espera de um novo Tolima que corrija os rumos do alvinegro paulista.