Sonho do Palmeiras, Sampaoli pede demissão do Santos e está livre no Mercado da Bola
Sem falar a mesma língua que o presidente do Santos, José Carlos Peres, Sampaoli pede demissão e não trabalha mais na Vila Belmiro; a nebulosa multa contratual deverá criar atritos entre o treinador e o clube por algum tempo.
Após garantir o segundo lugar na classificação geral do Campeonato Brasileiro com um elenco muito abaixo dos milionários Flamengo e Palmeiras, Jorge Sampaoli falou grosso em sua última reunião com a diretoria do Santos. O objetivo do encontro na manhã do dia 9 era definir o projeto para 2020 e a continuidade do treinador na Vila Belmiro. Com sérios problemas de relacionamento com o presidente santista, José Carlos Peres, Sampaoli colocou sua lista de exigências muito acima da capacidade do clube praiano. Sem acordo, o argentino pediu demissão – no que foi atendido na noite de ontem, dia 10.
Sem esconder seu desejo pela contratação de Sampaoli, o Palmeiras deve abordar o argentino nas próximas horas com números, planos e cifras. Mas ainda há a questão da comissão técnica montada por ele. O gerente de futebol Gabriel Andreata, os auxiliares Jorge Desio e Carlos Desio, os preparadores físicos Pablo Fernández e Marcos Fernández, e o analista de desempenho Felipe Araya seguem vinculados ao Santos e a multa rescisória está em mais de R$ 3 milhões.
As exigências de Sampaoli
Valorizado no mercado e insatisfeito com a forma como José Carlos Peres conduz o Santos, Jorge Sampaoli engrossou a voz e a lista de exigências para seguir no clube em 2020. As informações sobre o real teor da conversa entre técnico e membros do Comitê de Gestão na última segunda-feira, dia 9, seguem desencontradas mas há pontos em comum em todos os relatos.
O “pacote Sampaoli 2020” tinha como principais exigências a garantia de um investimento de R$ 100 milhões em contratações, a manutenção dos principais nomes do elenco e a retirada da multa contratual da comissão técnica indicada pelo treinador (pouco mais de R$ 3 milhões).
O Comitê de Gestão do Santos, como era de se esperar, disse “não”. Com isso, Sampaoli entregou o cargo e fez as malas.
Multas e o futuro de Sampaoli e Santos
A multa – ou não-multa – de Jorge Sampaoli com o Santos sempre gerou uma série de dúvidas. Ao pedir demissão no dia 9, Sampaoli afirmou não dever nenhum tipo de multa ao Santos. Situação diferente da de sua comissão técnica que segue vinculada ao Peixe e, segundo José Carlos Peres, só sai antes do final do contrato com o pagamento da multa.
O Santos, por seu lado, diz que o caso Sampaoli está entregue ao Departamento Jurídico do clube e que a multa do treinador não apenas seguia valendo como será cobrada na justiça.
Enquanto o nó não desata, o Santos tenta convencer o auxiliar Jorge Desio a assumir o posto de treinador da equipe. Desio é colaborador de Sampaoli desde os anos 90 e é visto na Vila Belmiro como alguém capaz de manter as ideias implantadas pelo ex-treinador e, com um perfil mais apaziguador, criar uma relação menos turbulenta com a cartolagem santista.
Se não der certo, os nomes de Ariel Holan, Miguel Ángel Ramírez, atualmente no Independiente Del Valle, Sebastián Beccacece (ex-auxiliar de Sampaoli), José Pékerman e Juan Carlos Osorio são os preferidos do Peixe. Vale lembrar que antes de se acertar com Sampaoli, o Santos negociava com Holan.
E o Palmeiras?
Sonhando com Jorge Sampaoli desde a demissão de Mano Menezes, o Palmeiras deverá fazer uma investida oficial pelo treinador nas próximas horas ou dias. A pedida de R$ 2 milhões mensais para cobrir os salários de toda a comissão técnica e do próprio Sampaoli não chega a assustar o Verdão. A multa de R$ 3milhões para tirar a comissão técnica que está no Santos também não. O maior entrave é a questão da multa do próprio Sampaoli que, assim como o gato de Schrödinger, pode ou não estar viva. Caso o argentino feche com o Verdão, poderemos ter uma reedição do “Caso Scarpa” em 2020.