Paixão Nacional: acabou?
Após o empate sem gols, ontem, dia 14, entre Santos e Fluminense, muitos têm dito que o Campeonato Brasileiro acabou; que ninguém mais tem condições de tirar o título do Corinthians – que tem um jogo a menos e pode fechar a 20ª rodada no próximo dia 23 (quando enfrenta a Chapecoense) com uma distância de 11 pontos ou mais para o segundo colocado.
Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, atual vice-líder, já disse nesta semana em alto e bom som que colocará os jovens talentos da base para atuar na sequência do Brasileirão e poupará os titulares para os jogos da Copa do Brasil e Libertadores – competições nas quais ainda tem chances concretas de título uma vez que sua profecia não se concretizou e o líder, por equanto, não despencou. Os poderes de Pai Renato não são mais os mesmos…
Nos lados do Parque Antártica, Cuca já assumiu que a luta do Palmeiras neste ano é para ficar no G-4 e garantir a vaga na fase de grupos da Libertadores. Muito pouco para um clube que investiu milhões na montagem do elenco e que, no começo do ano, era apontado como o grande bicho-papão. 2017 terminará sem títulos e Cuca, que voltou ao Palmeiras como um “salvador da pátria” meses depois de sua saída após a conquista do Brasileirão 2016, perdeu seu “status com a galera” e nesta semana foi duramente questionado pelas organizadas que querem saber se o treinador fica no clube em 2018 e quando as “experiências” com o elenco chegarão ao fim – “Professor Pardal” é o apelido do momento. Mas a cobrança em cima do treinador nem de longe é forte como a cobrança em cima do diretor de futebol Alexandre Mattos – responsável maior pela montagem do elenco de 2017. Bancado pelo presidente do clube, Mattos “perdeu o direito de errar” e novos tropeços do time inevitavelmente explodirão em suas costas que, dia a dia, estão menos “quentes”.
O Santos ainda não disse de forma “oficial” que luta apenas pelo G-4 mas, com um jogo a mais e 11 pontos atrás do líder (que podem aumentar para 14 no próximo dia 23), o seu campeonato se resume a buscar o segundo lugar e mais nada.
O Flamengo, outro time que gastou um caminhão de dinheiro na montagem do elenco, com a derrota para o Atlético-MG viu o Corinthians – sem jogar – abrir 18 pontos de vantagem. Realisticamente, o rubronegro jogou a toalha e foca-se apenas na Copa do Brasil e na Sul-Americana para tentar salvar a temporada de 2017 – porque o título de Campeão Estadual é muito pouco para um elenco como o do Flamengo.
Sem ter nada a ver com os problemas dos outros clubes, o Corinthians de Fábio Carille mostra, na prática, o poder do planejamento sobre o elenco. Com jogadores medianos (não há, de verdade, nenhum craque no plantel corintiano), faz uma campanha assustadora; põe a mão na taça com praticamente 1 turno de antecedência e já começa a se preparar para planejar a temporada 2018 a partir da segunda quinzena de setembro.
Tudo muito bom, tudo muito bonito, mas, estamos no Brasil. E nada deste desempenho corintiano será lembrado em 2018 se os resutados no Campeonato Paulista forem “ruins”. Uma série de derrotas nos clássicos fará com que Carille – hoje incensado como um técnico “vencedor” – repita a trajetória de Cuca e passe de “campeão” para “Professor Pardal” num piscar de olhos.