‘Galinha’ ou ‘gigante’? Argentina prende a respiração com o drama do River na Libertadores – e quem gosta de futebol no Brasil deve fazer o mesmo
Famoso time de Buenos Aires joga mais que uma classificação contra o Jorge Wilstermann – defende também sua centenária imagem
Não são só os brasileiros que erram feio nos palpites da Libertadores e subestimam as equipes de países menos tradicionais. Tal soberba se vê também na Argentina, país que mais vezes conquistou a competição (24 Libertadores, quase a soma de Brasil, 17, e Uruguai, 8, que vêm a seguir). E é o River Plate o time da vez que está entre a cruz e a espada no dilema de manter seu favoritismo na Copa ou dar mais um vexame. Anote e não esqueça: o jogo das 19h15 (de Brasília) desta quinta (21) será imperdível.
Uma ‘galinha’ monumental
É fato: o River Plate tem uma das histórias mais brilhantes do futebol mundial, sendo disparado o clube argentino que mais revela craques. Sua estrutura é incomparável, e o time se vê realmente como um clube europeu cravado no meio da América do Sul. Mas outro tema impossível de discutir na Argentina é a fama que o clube tem de “amarelar” nas decisões e depois chorar as derrotas dos adversários que aparecem menos cotados e, na pura base da raça ou da sorte, deixam o River para trás.
Tal tendência faz com que o River carregue o apelido depreciativo de “as galinhas” ou as “senhoras de Buenos Aires”. Como a Argentina é um país muito mais acostumado a apelidos que qualquer outro da região, não há nunca um torcedor de futebol que jamais comentou ou ouviu alguma coisa sobre esta triste tendência que o clube tem de fracassar quando tudo está correndo bem e o título está cada vez mais perto.
E é exatamente isso o que está ocorrendo agora.
O River perdeu a partida de ida das quartas de final da Libertadores por 3×0 para o Jorge Wilstermann, da Bolívia – que obteve o resultado na semana passada na altitude de 2.650 metros de Cochabamba mesmo jogando pior. Parece loucura que um time jogue pior e vença por 3×0 – mas só quem desconhece a história do time de Núñez pode duvidar que, sim, “tem coisas que só acontecem com o River”.
O resultado não abalou em nada nem os jogadores e nem a torcida. Muito pelo contrário. A partida da Bolívia foi na noite de quinta, e na tarde de sexta os ingressos para a partida da volta já estavam esgotados no Monumental de Núñez.
Buenos Aires vive uma loucura rara. A torcida do River equivale a 35% da população argentina, e todos os fanáticos estão curiosos demais para ver se o time mantém a fama de amarelar ou se consegue a façanha de reverter um 3×0 que precisa de uma vitória de pelo menos 4×0 para a equipe se classificar direto para a semifinal – sem precisar dos pênaltis.
Uma seleção em xeque
Comentamos aqui no Ganhador na semana passada e vale insistir: o River Plate é disparado o melhor time desta Libertadores. Nada menos que dez dos seus 11 titulares são jogadores de seleção. Nove deles defendem ou defenderam a seleção argentina. E o lateral-direito Moreira é da seleção do Paraguai.
O time está diante de uma oportunidade de “fazer história”, como repetem sem parar seus jogadores e o brilhante técnico Marcelo Gallardo desde o final da partida de ida. Todos estão muito mordidos. O volante Nacho Fernández esbanjou confiança e cravou que já o primeiro tempo vai terminar 3×0. O presidente do River, Rodolfo D´Onofrio, disse que não espera nada menos que dez oportunidades de gol – e que vai caber ao time “apenas” converter aquilo que precisa.
A torcida não fala e não pensa em outra coisa. O jogo desta quinta (21) deve ter um verdadeiro descontrole de massas. Os estádios da Argentina costumam ter muitas invasões e total superlotação em partidas tão grandiosas. Dos 65.000 ingressos colocados à venda e já esgotados no Monumental de Núñez, é de se esperar, sem muito exagero, até 80.000 fanáticos deixando os pulmões e a alma nesta partida.
Não é um jogo qualquer. É a noite que vai provar que este River é mesmo um clube gigante ou um time de galinhas. Não tem coluna do meio. É preto – ou melhor, vermelho – no branco.
Palpite
O River está em grande desvantagem no placar, mas não dá para esperar nada diferente do que uma verdadeira “selva de pernas” do time argentino na área boliviana. O River tem jogadores, tem cacife, tem torcida e tem técnico. O time da Bolívia tem um bom placar para defender – e defesa é tudo que eles vão recorrer.
Vem uma noite sofrida e dramática como um tango, mas com um final de enlouquecer. Cravamos vitória do River por 5×1.
Já vimos este filme com o Barça e o PSG na Liga dos Campeões, não?
Jogo das quartas de final da Copa Libertadores da América 2017
Quinta-feira, 21 de agosto
- 19:15 – River Plate x Jorge Wilstermann – Palpite: River