Análise: Holanda e Argentina fizeram a pior semifinal da história das Copas. O castigo vem agora, e elas dificilmente estarão em 2018
Holandeses e argentinos jogam o futuro nesta semana e nem o mais otimista apostaria nos dois juntos no próximo Mundial da Rússia
Chovia, e quando alguém se lembra de uma partida de futebol pela chuva que caía é porque o jogo grande coisa não foi. Em 9 de julho de 2014, Argentina e Holanda arrastaram um chatíssimo empate por 0x0 no Itaquerão até as cobranças de pênaltis. Quem foi ao estádio naquela tarde saiu com a sensação de ter visto a pior semifinal da história das Copas, tamanha a falta de emoção.
Nos pênaltis, o goleiro argentino Sergio Romero foi Sergio Goycochea, o mito das cobranças: pegou dois chutes e classificou os raçudos vizinhos para a decisão enfim perdida para a Alemanha. A Holanda depois não negou fogo mesmo na disputa do Terceiro Lugar: arrasou o Brasil por 3×0.
Que sina, a brasileira. As últimas duas Copas do Mundo tiveram derrotas para a Holanda como resultado final. O 2×1 nas quartas de final de 2010, com o covarde pisão de Felipe Melo em Robben, e o arrasador 3×0 de Brasília no adeus de Felipão à Amarelinha.
A Laranja caiu do pé
Muitos brasileiros amam o futebol holandês pelas claras semelhanças entre as escolas. Os europeus têm um estilo de jogo que prioriza o ataque e exibe uma fileira de craques históricos para fazer inveja até ao Brasil. Para ficarmos em três nomes, falamos de Cruyff, Van Basten e Wesley Sneijder. E é este último, o carrasco do Brasil em 2010, que foi afastado justamente da semana mais decisiva de seu país no futebol nos últimos 15 anos.
A última Copa do Mundo sem a Holanda foi a de 2002 – quando o campeão foi justamente o Brasil. E não é exagero dizer que só um milagre vai permitir que a Laranja se classifique para o Mundial da Rússia. A ausência holandesa seria uma absoluta pena. Depois de viajar tão longe para ser finalista (na África do Sul) ou semi (no Brasil), os europeus bem que mereciam se deslocar para um país mais próximo, no caso da Rússia, para pintar as arquibancadas com o tom laranja característico das partidas da Copa do Mundo.
A Holanda é a terceira colocada em sua chave, o forte Grupo A que conta até aqui com liderança da França (17 pontos) e segundo lugar da Suécia (16). Os laranjas têm 13 pontos até aqui. Precisam desesperadamente terminar pelo menos em segundo para brigar pela chance de ir à Repescagem da Europa.
O que dificulta a vida holandesa também é o saldo de gols, primeiro critério de desempate.
Os comandados do técnico Dick Advocaat somam cinco gols positivos, contra 10 da França e 11 da Suécia.
O próximo compromisso – de vida ou morte – da Holanda será já nesta sexta (7), às 15h45 (de Brasília), quando enfrenta a Bielorússia fora de casa. Em caso de derrota, os holandeses já ficariam praticamente eliminados. O duelo derradeiro e decisivo será contra a Suécia, na terça (10), às 14h45, em Amsterdã.
Os países que estão nesta briga com a Holanda têm compromissos menos complicados. A Suécia recebe a fraca seleção de Luxemburgo na sexta (7), enquanto a França tem diante de si um jogo mais difícil ao enfrentar a Bulgária em Sófia no mesmo dia.
Além de Holanda x Suécia, a rodada final mostra um França x Bielorrúsia em Saint-Dénis que tem toda a cara de barbada para a nova e brilhante safra francesa.
A situação da Holanda é clara: para não depender de ninguém, precisa ganhar as duas partidas e com uma boa diferença de gols. Resta saber se a equipe terá capacidade para tanto. O meia Wesley Sneijder foi cortado por conta da sua pouca atividade no Nice, clube que defende. A grande esperança de gols passa a ser Ryan Babel, convocado pela primeira vez em seis anos. Ele atua hoje no Besiktas, da Turquia.
E a Argentina?
Falar de dificuldade na Eliminatória é falar também da atual vice-campeã mundial Argentina, que corre o risco de fracassar e sequer se classificar à Copa mesmo contando com o melhor do mundo em seu elenco.
A situação da Argentina é menos dramática que a da Holanda pela simples questão da pior qualidade dos seus adversários. Os vizinhos fecham a Eliminatória enfrentando o Peru às 20h30 (de Brasília) desta quinta (5) na Bombonera e o Equador na próxima terça-feira, em Quito, em um jogo que deve contar com um Equador já não almejando nada.
A Argentina conta com seu terceiro técnico nesta Eliminatória. Começou com Tata Martino, passou por Patón Bauza e agora conta com Jorge Sampaoli. É um elenco repleto de grandes nomes – mas ainda sem um time.
São três possibilidades: classificação direta, repescagem ou eliminação. Há um terço de chance para cada, por incrível que pareça. O caminho para o hexa do Brasil está se abrindo ainda em 2017. Tite certamente está de olho nisso.