Messi não decide e a Argentina pode ficar fora da Copa do Mundo de 2018
O festival de empates da penúltima rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo da Rússia 2018 serviu apenas para complicar ainda mais a já difícil situação da Seleção Argentina (e me fazer cair do burro na guerra psicológica que travo com Miguel Gonzalez aqui no Ganhador; mas, pelo menos, ele também não ganhou esta). Apenas dois jogos – Colômbia x Paraguai e Chile x Equador – não terminaram em igualdade, o que dá à 18ª (e última) rodada um sabor todo especial.
Messi falha mais uma vez
Definitivamente a Seleção Argentina precisa parar de convocar este Messi genérico que joga pelo país e chamar, pelo menos uma vez que seja, o verdadeiro – aquele que joga no Barcelona, sabe? Chega a ser constrangedor o modo como o melhor do mundo não consegue, nunca, ser decisivo pela sua seleção. O jogo de ontem contra o Peru, em La Bombonera, foi mais uma prova disso.
Os donos da casa começaram exercendo certa pressão em cima do time de Guerrero e cia, mas, à medida que o resultado – e o gol – não vinham, o tradicional nervosismo tomava conta da equipe de Jorge Sampaoli, que até criava, mas falhava miseravelmente na falta de pontaria de seu ataque – Benedetto perdeu pelo menos duas chances inquestionáveis – e na irregularidade de Messi, que mais uma vez não foi capaz de decidir, nem mesmo na bola parada.
No final, a melhor chance do jogo acabou sendo do Peru, em cobrança de falta de Paolo Guerrero, no último (sério: último mesmo) lance do jogo, brilhantemente defendida por Sergio Romero – para alívio da torcida Argentina. Tivesse o Peru vencido ontem, a tampa do caixão argentino já estaria fechada. Como não venceu, a combinação dos demais resultados das eliminatórias faz com que 6 seleções cheguem à última rodada disputando 4 vagas: 3 que garantem a classificação direta e 1 na repescagem contra a Nova Zelândia. Garantido mesmo, só o Brasil.
Com ar e sem gols
Esqueçam os 3640 metros de altitude de La Paz. Esqueçam o gramado medonho do estádio que foi palco do duelo entre Bolívia e Brasil. Apenas guardem um nome: Carlos Lampe. O goleiro boliviano que atua no Huachipato (Chile) foi o nome do jogo e impediu que a Seleção Brasileira goleasse por, pelo menos, 5 a 1 – sim, os donos da casa acertaram um tirombaço do travessão de Alisson.
Eu havia dito aqui que o Brasil não ia golear. Mas acreditei que a vitória viria. Sem vencer a Seleção Boliviana em La Paz desde 1981 pelas eliminatórias, Neymar e seus Blue Caps viram as chances de acabar com o tabu pararem nas mãos de Lampe. É bem provável que o astro brasileiro e Gabriel Jesus tenham pesadelos com o arqueiro por alguns dias – Neymar, inclusive, pediu a camisa do goleiro rival ao final do jogo; uma justa recordação daquele que, brilhantemente, parou o ataque brasileiro que teve o mérito de – diferente da Argentina – criar durante todos os 90 minutos mesmo com o ar rarefeito da capital boliviana.
Sem precisar se preocupar com a classificação – e nem mesmo com a primeira colocação – Tite queria usar o duelo para fazer alguns testes… mas não deu certo. A tentativa de Thiago Silva titular ao lado de Miranda na zaga durou apenas 28 minutos. O defensor do Paris Saint Germain sentiu a coxa direita e foi substituído por Marquinhos – titular de Tite em todos os jogos até aqui pela Seleção Brasileira. No mais, as tentativas de sempre: sai Phillipe Coutinho entra William, sai Paulinho entra Fernandinho. Alex Sandro na lateral-esquerda foi bem, mas não deve tomar a vaga de Marcelo ou Filipe Luis em 2018 – salvo algum “desastre” ou uma queda muito drástica de rendimento de um dos dois.
No mais, o Brasil jogou para o gasto e sem levar cartões entra completo contra o Chile e garante nenhum desfalque entre os titulares para o início da Copa do Mundo – a menos que alguém consiga a façanha de ser expulso de campo na próxima terça-feira.
Dois triunfos
O Chile fez a sua lição de casa, venceu o Equador, subiu para a 3ª posição e empurrou a Argentina para o 6º lugar (fora da Copa). Muita coisa para um 2 a 1 que começou com os chilenos na frente (Vargas marcou depois de receber um passe açucarado de Valdívia – o que foi do Palmeiras e não o que está no Galo), tomou o empate aos 38 do segundo tempo (com Romario Ibarra) e fez o gol da vitória aos 40 com Alexis Sánchez.
Apesar da vitória de ontem aliviar um pouco a pressão sobre a Seleção Chilena, a classificação ainda não está garantida. Vencer o Brasil, no Allianz Parque, na próxima terça-feira, garante o Chile na Copa. Se empatar ou perder, dependerá da combinação de resultados dos outros jogos para saber se brincará na neve no ano que vem ou não.
Já o eliminado Equador terá a oportunidade de decidir o futuro da desesperada Argentina em Quito. Promete ser um jogo desaconselhável para cardíacos.
Com um gol de Falcão García, a seleção Colombiana estava classificada para a Copa do Mundo até os 42 minutos do segundo tempo. Ospina, bom goleiro colombiano, falhou bisonhamente aos 43 e 46 minutos e “entregou” dois gols para Cardozo e Sanabria que viraram para o Paraguai e agora, chegam para a última rodada das eliminatórias também sonhando com uma vaga (precisa vencer a Venezuela e torcer por uma combinação nem tão improvável de resultados). Pior para a Colômbia que agora decide sua vaga no confronto direto contra o Peru.
Empate nunca é um bom resultado
O Uruguai tinha tudo para garantir-se na Copa do Mundo na noite de ontem. Não conseguiu. Embora tenha criado boas oportunidades durante quase toda a partida, os astros Suárez e Cavani não conseguiram tirar o 0 do placar e agora o time de Óscar Tabarez precisa da vitória contra a Bolívia, em casa, para poder ir para Moscou sem sustos.
O jogo como um todo não foi bom. O Uruguai foi ligeiramente superior – quem tem Suárez e Cavani tem obrigação de ser “superior” – mas não foi capaz de dominar o jogo. A Venezuela chegou a assustar em alguns momentos, mas nada que pudesse colocar “fogo no jogo”.
No geral, um jogo chato ou como costumo dizer: 90 minutos de vida perdidos e que não voltam nunca mais.
Como ficou
Com os resultados de ontem, a classificação das Eliminatórias Sul-Americanas ficou assim:
- Brasil – 38 pontos (classificado)
- Uruguai – 28 pontos (classificado)
- Chile – 26 pontos (classificado)
- Colômbia – 26 pontos (classificado)
- Peru – 25 pontos (repescagem)
- Argentina – 25 pontos (tem chances)
- Paraguai – 24 pontos (tem chances)
- Equador – 20 pontos
- Bolívia – 14 pontos
- Venezuela – 9 pontos
Rodada Final
A última rodada das Eliminatórias Sul-Americanas ficou assim:
- Brasil x Chile
- Paraguai x Venezuela
- Equador x Argentina
- Peru x Colombia
- Uruguai x Bolívia