Mundial de Clubes

Até quando jogos bizarros como Al-Jazira x Auckland City vão fazer parte do Mundial de Clubes?

Foto: GIUSEPPE CACACE/AFP/Getty Images

Todos esperam que a decisão tenha um Real Madrid x Grêmio. Mas este começo de Mundial, convenhamos, tem de ser repensado         

Discutir a relação. O diálogo e a ponderação tão essenciais no convívio entre as pessoas estão sendo pedido aos gritos também no futebol. E mais precisamente no Mundial de Clubes que será aberto nesta quarta-feira (6) com um jogo de interesse nulo. Quer a real? Ignore este Al-Jazira e Auckland City que abre o Mundial e define o adversário do Urawa Red Diamonds nas “quartas de final”. Deste lado da chave está o Real Madrid, mas o Mundial está tão mal feito que sua fase de quartas de final tem apenas dois jogos, assim como a semi.

É um torneio que precisa de mudanças para ontem.

(Se mesmo assim você se interessa pela partida, saiba que ela será às 15h de Brasília, na cidade de Al Ain, nos Emirados Árabes, no mesmo estádio de 22.000 lugares que será o palco do confronto do Grêmio nas semifinais).

Pluralidade merece qualidade

Nada contra os bravos árabes do Al-Jazira ou os neozelandeses do Auckland City. Todo e qualquer atleta terá da gente sempre qualquer respeito. Mas como respeitar dirigentes que não entendem que tal confronto poderia ser uma seletiva fora do escopo da competição que quer ser chamada de “Mundial”? A Fifa repensa uma mudança drástica no formato do torneio – deixando-o com 24 clubes em formato parecido ao Copa do Mundo de 1986 a 1994. A disputa seria também a cada dois ou quatro anos, e não anualmente, como agora. A ideia é inicialmente boa, embora careça de maior reflexão. De certo, mesmo, só a necessidade de se abolir tais partidas de um evento que deveria ser nobre, e não este arremedo de improviso e de oportunismo, pois só mesmo uma mentalidade muito caça-níquel pode justificar tamanha baixa qualidade em algo que deveria ser para poucos.

Este “Mundial” tem sete representantes – e este número ímpar já é uma razão de incômodo, pois qualquer aula básica de matemática aplicada provaria que o esporte é sempre mais justo com quantidades pares. Ou seis ou oito times. Ter sete clubes é uma aberração.

Além de Al-Jazira e Auckland City, os demais times são Grêmio, Real Madrid, Urawa Red Diamonds (do Japão), Wydad Casablanca (Marrocos) e Pachuca (México).

Por que não fazer dois triangulares, por exemplo, e colocar Grêmio e Real para enfrentar, Al-Jazira e Auckland City, que sejam, em uma rodada inicial?

Esta é só uma sugestão. Com certeza há melhores. A outra certeza é que, do jeito que está, não dá para piorar. O interesse é nulo. Nem os árabes ou os neozelandeses estão ligando muito.

O caminho até a final

Outra grande prova do quanto este Mundial é fraco: como querer valorizar uma competição que deixa de aproveitar e se interessar pelas rodadas iniciais porque a expectativa toda está concentrada em uma decisão que, na enorme maioria dos casos, é entre o europeu e o sul-americano?

(Não, não fugimos da aula e não nos esquecemos do Mazembe em 2010, do Raja Casablanca em 2013 e do Kashima Antlers no ano passado. São apenas exceções que confirmam a regra. Nós estudamos e não somos idiotas. Nós vivemos disso. São essas letras que vocês leem que pagam as nossas contas. Somos falíveis, todos são, mas temos responsabilidade e respeito pelo ofício. Não acordamos bêbados num dia querendo escrever e trabalhar com esporte e caímos de paraquedas aqui na sua frente. Ocupar este espaço é decorrência de uma vida inteira de preparação. Pense um pouco nisso antes de destinar seu comentário raivoso por aqui. Quer trocar ideia? Trocamos. Quer insultar? Vá falar com a parede ou com o espelho. Não damos conversa para loucos.)

Voltando ao “Mundial”, que é o que interessa, o Grêmio já tem um jogo para estudar, analisar e até mesmo torcer. O seu adversário na partida prévia será o vencedor entre o Pachuca, do México, e o Wydad Casablanca, de Marrocos, no próximo sábado.

A semi do Grêmio ocorre no dia 12, a terça-feira da semana que vem. O Real Madrid atua um dia depois, a quarta (13), conhecendo também no sábado (9) quem será o seu “rival”, se Urawa Red Diamonds, Al-Jazira ou Auckland City.

A final do Mundial de Clubes está prevista para ocorrer em 16 de dezembro, no Zayed Sports City Stadium, majestoso estádio para 43.000 pessoas na cidade de Abu Dhabi.

A própria sede da competição poderia ser aperfeiçoada e gerar um interesse muito maior dos fãs.

A movimentação financeira de um Grêmio x Real, por exemplo, seria imensamente maior em um destino mais acessível e menos distante para ambos os países. Não há a necessidade de um destino único, tampouco. As fases iniciais poderiam ser em um país e a decisão em outra. O que merece uma reflexão é se um país de histórico esportivo nulo como os Emirados Árabes são merecedores de tal evento.

Ah sim: a edição deste “Mundial” árabe é a terceira disputada em país diferente nos últimos quatro anos, juntando-se a Marrocos e Japão.

Pagou, levou. É assim? Não pagamos, não vemos, não assistimos. Até que mudem.

Jogo da 1ª fase do Mundial de Clubes

Quarta-feira, 6 de dezembro

  • 15:00 – Al-Jazira x Auckland City – Palpite: Fazer outra coisa