Como São Paulo, Fluminense e Grêmio estão se preparando para a temporada de 2018
Três dos mais importantes tricolores do futebol brasileiro começam a temporada 2018 administrando a saída de atletas e a busca por reforços.
A exemplo do que aconteceu na temporada de 2017, Grêmio, São Paulo e Fluminense começam o ano de 2018 em patamares muito diferentes no que diz respeito ao planejamento e montagem do elenco. Em comum, além do fato de serem “tricolores”, os clubes têm a manutenção dos técnicos que terminaram a temporada anterior à frente dos times – mas apenas Renato Gaúcho (Grêmio) e Abel Braga (Fluminense) foram os comandantes durante todo o ano passado. Dorival Júnior, por outro lado, chegou ao São Paulo para substituir Rogério Ceni, demitido na reta final do primeiro turno do Brasileirão e agora terá a oportunidade de montar o elenco com o qual deseja trabalhar em 2018… ou o que sobrar dele.
Leia a seguir nossa análise para os “três tricolores” e veja porque Fluminense e São Paulo correm o risco de participarem do Brasileirão 2018 lutando para não cair.
Grêmio
O atual campeão da Libertadores começa 2018 dentro dos trilhos, mantendo o bom trabalho do técnico Renato Gaúcho, repondo as baixas que o time vem sofrendo e buscando reforços pontuais.
Para o início do Campeonato Gaúcho, o clube será representado pelo “time de transição”: o grupo que defendeu as cores do time na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2017 (derrota por 4 a 3 para o Atlético-MG), mesclado com alguns reforços, como o veterano meia Douglas que está em fase final de recuperação de uma lesão no joelho, do meia-atacante Thaciano contratado junto ao Boa Esporte e do meia Lima, que retorna a Porto Alegre após o empréstimo para a disputa da Série B pelo Ceará. Seu desempenho chamou a atenção da comissão técnica que pretende dar-lhe chances agora no início do Gauchão. Será também a oportunidade para outros jovens talentos gremistas, como os meias Patrick, Jean Pyerre e Machado mostrarem que já estão prontos para serem opções no grupo principal.
No que diz respeito às baixas, o tricolor gaúcho terá alguna problemas para resolver: o lateral-direito Edílson, um dos grandes destaques do time em 2017, fez as malas e foi para a Toca da Raposa defender as cores do Cruzeiro de Mano Menezes, enquanto que Fernandinho fechou negócio com o Chongqing Dangdabi Lifan, da China e Lucas Barrios confirmou que não jogará pelo Grêmio em 2018. Outro que pode sair é Arthur (que fez muita falta no Mundial de Clubes). O habilidoso volante interessa muito ao Barcelona que, alertado sobre uma posível investida de outros clubes eurpeus, prepara uma oferta que pode incluir a permanência de Arthur por mais uma temporada em Porto Alegre – proposta que muito alegraria clube e torcedores.
Como reforços, o tricolor gaúcho anunciou a contratação do zagueiro Paulo Miranda que estava no Salzburg, do meia Alisson (do Cruzeiro envolvido na troca por Edílson) e deve confrimar a renovação com o atacante Jael. Outro que pode chegar é o atacante Sassá, ex-Botafogo, que vem sendo pouco aproveitado no Cruzeiro.
Com o elenco que tem e os reforços “cirúrgicos” que vem buscando, o Grêmio entra 2018 forte mais uma vez. Renato Gaúcho conhece o time, não tem medo de usar os jovens talentos do clube, tem absoluto controle do vestiário e irá em busca de mais títulos. Com méritos.
São Paulo
O tricolor paulista teve um 2017 terrível. Lutando para não cair na maior parte do Campeonato Brasileiro, o clube se salvou nas últimas rodadas muito em função do talento e da dedicação ao clube de jogadores como Hernanes que fez tudo ao seu alcance para dar alguma consistência ao apático meio-campo do São Paulo. Sofrendo com um planejamento mal-feito e a venda desenfreada de jogadores durante a temporada – Rogério Ceni, por exemplo, teve um time na Florida Cup de 2017, outro na estréia do Campeonato Paulista e um terceiro na abertura do Brasileirão por conta da constante perda/venda de jogadores no Morumbi. E 2018, apesar de reforçøs pontuais aqui e ali, não começa muito melhor.
Começando pela lista de baixas, o São Paulo não contará com os atacantes Gilberto, Marcinho, Denilson e Léo Natel. No gol, Renan Ribeiro rescindiu o contrato e se aprsenta no Estoril, enquanto que o lateral Buffarini já posou com a camisa do Boca Juniors, seu novo clube.
Podem ainda desfalcar o time o zagueiro Rodrigo Caio (alvo do Zênit), o atacante Lucas Pratto (que está na mira do River Plate e já manisfestou o desejo de atuar na Argentina para ficar mais próximo da seleção) e o meia Hernanes que estaria a disposição do tricolor até o meio do ano mas que, por conta de uma cláusula contratual, pode ter que se reapresentar ao Heibei Fortune nesta segunda-feira, dia 8.
Das baixas confirmadas, o São Paulo deverá sentir falta de Gilberto e Renan Ribeiro, principalmente. O atacante, embora não fosse uma unanimidade no clube e muito menos um craque incontestável, era útil no ataque e “salvou” a pele tricolor em vários momentos na temporada passada. O mesmo vale para Renan Ribeiro, goleiro que teve boas atuações, mas sofreu com o péssimo momento da defesa tricolor durante toda a temporada. Estrago menores, mas ainda assim, estragos.
Agora, se perder Pratto, Caio e Hernanes, o São Paulo terá problemas. Os atletas são a espinha dorsal do time de Dorival Júnior. Líderes em seu setores (defesa, meio e ataque) e que não têm reservas equivalentes no elenco do Morumbi e muito menos na lista de prováveis contratações.
Falando em contratações, o tricolor trouxe o bom goleiro Jean, destaque do Bahia em 2017, e acertou a permanência em definitivo de Jucilei no Morumbi. No mais, recebeu de volta o volante Hudson (que não deve esquentar lugar uma vez que interessa a muitos clubes) e o lateral-esquerdo Reinaldo que se destacou na Chapecoense. Todo o resto, como Diego Souza, Tréllez, Gabigol, Gustavo Scarpa e Copete, são especulações; desejos dentro do Morumbi mas que, até o momento, não viram suas conversas evoluírem.
No cenário atual, o São Paulo, mais uma vez, perde talentos e não repõe à altura. Se continuar repetindo os mesmos erros da última temporada, entrará no Paulistão com o “favoritismo da camisa” e terá como resultado o mesmo pesadelo vivido no Brasileirão em 2018: fuga do Z-4.
Fluminense
O tricolor carioca parece viver um pesadelo sem fim. Com poucos recursos financeiros, salários atrasados e uma campanha ruim de doer em 2017, o clube entra em 2018 tendo que administrar a “bomba” Gustavo Scarpa, jovem talento das Laranjeiras que não se reapresentou junto com o restante do elenco e que pode estar preparando seu desligamento do clube por vias judiciais. Em meio a tudo isso, o clube dispensou 8 jogadores para aliviar a folha de pagamento (uma economia de R$ 20 milhões por ano). Entre eles, o goleiro titular Diego Cavalieri e o zagueiro Henrique, capitão do time na última temporada e que está de malas prontas para o Corinthians.
Entre as baixas importantes que Abel Braga terá que administrar neste ano (além de Cavalieri e Henrique), estão as saídas dos volantes Orejuela (a caminho da LDU) e Wendell que sendo vendido para o Sporting renderá R$ 31,6 milhões ao tricolor – dinheiro que cairá bem no combalido cofre do Fluminense.
No que diz respeito aos reforços, o clube pouco vem se mexendo. Foi buscar o volante Jadson na Ponte Preta e o lateral-direito Gilberto no Vasco da Gama.
Não fosse a súbita decisão de Scarpa em não se apresentar, o Fluminense poderia ter os reforços de Hyoran e Roger Guedes (Palmeiras) ou Léo Príncipe e Giovanni Augusto (Corinthians). Na hora de concluir o negócio, entretanto, segundo noticiado pelo Globoesporte.com, os representantes de Scarpa queriam que o jogador fosse negociado por empréstimo de dois anos e não um – como o clube propôs. O impasse deixou o tricolor agora sem reforços e, aparentemente, sem Gustavo Scarpa que deve mesmo procurar uma forma judicial – baseada nos atrasos salariais do clube – para se desligar e assinar com quem fizer a melhor proposta.
Para o Fluminense, o pesadelo parece não ter fim e Abel Braga entrará 2018 achando que ele é apenas a continuação de um longo 2017, enfrentando os mesmos problemas – falta de recursos, falta de reforços, falta de experiência do elenco – e, muito provavelmente, colhendo os mesmos resultados (a luta para não voltar à Série B).