O Flamengo deve confiar em Carpegiani?
Clube aposta em técnico de 68 anos e rema na contramão da maioria, que é a escolha por treinadores mais jovens. Rubro-Negro estreia hoje na Taça Guanabara, contra o Volta Redonda
O Flamengo mudou de comando, mas a expressão “técnico novo” talvez não seja a mais adequada. Paulo César Carpegiani está de volta para abrir o seu terceiro ciclo à frente do clube da Gávea, e as respostas sobre o sucesso ou não da parceria vão começar a ser dadas a partir desta quarta-feira (17), quando o Fla visita o Volta Redonda às 21h45 (de Brasília) no Estádio Raulino de Oliveira, na rodada de abertura da Taça Guanabara.
Um chefe explosivo
Carpegiani tem a seu favor o bom trabalho recém-desempenhado no Bahia, que se salvou do rebaixamento graças a ele. Paulo César, porém, é bastante criticado no Rio antes mesmo de sua estreia. Os que mais questionam a sua contratação dizem que o clube de Salvador só obteve sucesso com o técnico porque o vínculo durou apenas três meses. Não são poucos os relatos que apontam Carpegiani como um profissional inflexível e difícil de lidar, dois obstáculos particularmente difíceis no mundo atual, onde tudo parece seguir um ritmo cartesiano no qual cabe apenas o bom senso, não arroubos de arrogância ou autoridade.
Não basta saber, é preciso demonstrar com o maior tato do mundo, como vem comprovando Tite na seleção brasileira.
Outra grande interrogação sobre o trabalho de Carpegiani tem a ver com os seus últimos títulos ocorrerem em outros tempos. No Flamengo, por exemplo, ele foi o campeão da Libertadores e do Mundial de 1981 e do Brasileiro de 1982. Estamos falando de 36 anos atrás. É de se esperar que Paulo César comande atletas na faixa dos 25. Ou seja: ninguém era nascido quando o treinador adquiriu a pompa que hoje exibe na conversa com os mais chegados.
Antes do Bahia, por exemplo, Carpegiani colecionou problemas nas passagens por Vitória, Coritiba e Ponte Preta, para citar só três exemplos. Uma das dificuldades apontadas pelos dirigentes desses clubes era a tentativa de Paulo César promover o trabalho do filho, Rodrigo, outra pessoa complicada de lidar e alvo fácil de atritos com os jogadores.
Não se sabe sequer quanto tempo Paulo César terá à frente do clube. É esperada que a sua permanência como técnico dê lugar a uma mudança de cargo, com ele ocupando um espaço como coordenador no futuro. Ou seja: Carpegiani seria um “técnico-tampão” até a chegada de um outro nome, que a diretoria ainda sonha que seja Renato Gaúcho, de contrato renovado com o Grêmio.
Há, porém, a esperança de que Carpegiani demonstre no Flamengo aquilo que construiu no Bahia, que foi a concretização de um futebol ofensivo e que escapou com folga do rebaixamento. “O Paulo César está no auge e é o técnico ideal ao Flamengo neste momento”, analisou o ex-lateral Júnior, hoje comentarista.
O tempo vai dizer se é uma previsão baseada na amizade ou na real capacidade de Carpegiani no futebol moderno.
Até pelo investimento, o Fla estreia neste Carioca como favorito ao título. É de se esperar também que o meia Diego seja mais efetivo do que no ano passado. O uso das categorias de base, outro selo tão comum do Rubro-Negro, deve dar as caras na campanha deste ano outra vez.
Volta Redonda luta contra limitações
O Voltaço estreia com a ilusão de melhorar o desempenho do Carioca do ano passado, quando terminou apenas em oitavo. Para isso, o time aposta em atletas que atuam juntos há um bom tempo e que podem aproveitar o entrosamento diante de clubes que reformulam suas peças – caso do Flamengo.
O técnico vai ser Felipe Surian, que tem duas grandes esperanças no ataque: Dija Baiano e Luã Lúcio.
Dija é rápido e não tem medo de cara feia e nem de decisões. Foi o destaque da equipe ainda em 2016, e é de se esperar que agora, mais maduro, contribua melhor. Ele consegue jogar bem tanto nos lados do campo como centralizado. Espera-se bastante de sua dupla com Anselmo.
Luã Lúcio, por sua vez, pode estrear na Taça Guanabara justamente contra o Fla que o revelou. Ele tem 20 anos e chama a atenção pela inteligência que demonstrou na Série C do Brasileiro do ano passado. Tem visão de jogo e bom passe. Pode ser uma das surpresas do Campeonato Carioca que começa agora.
Jogos da 1ª rodada da Taça Guanabara
Quarta-feira, 17 de janeiro
- 16:30 – Madureira x Macaé – Palpite: Macaé
- 16:30 – Nova Iguaçu x Cabofriense – Palpite: Cabofriense
- 16:30 – Boavista x Fluminense – Palpite: Fluminense
- 21:45 – Volta Redonda x Flamengo – Palpite: Flamengo
Quinta-feira, 18 de janeiro
- 19:30 – Vasco x Bangu – Palpite: Vasco