Entenda por que Carpegiani está prestes a ser o “homem que venceu o tempo”
Decisão da Taça Guanabara pode representar a volta de um cenário que vai encher a torcida do Flamengo de saudosismo
A final que poucos imaginavam representa muito para um homem em especial: o Flamengo x Boavista das 17h (de Brasília) deste domingo (18) em Cariacica (ES) pode dar a Paulo César Carpegiani uma sensação raríssima no esporte e na vida, a da vitória do homem sobre o tempo. Carpegiani conquistou seu último título pelo Flamengo em 1982, justamente com uma Taça Guanabara, então vencida em cima do Vasco. Estamos falando de um espaço de quase 36 anos – aquela decisão ocorreu em 23 de setembro. Que um profissional volte a atingir glórias alcançadas praticamente quatro décadas atrás é algo mesmo muito raro por onde quer que se olhe.
Um casamento inusitado
Carpegiani completou 69 anos no começo deste mês e, vale sempre lembrar, caiu neste Flamengo praticamente de pára-quedas. O técnico do clube até a virada do ano era o colombiano Reinaldo Rueda, que foi para a seleção do Chile, e o nome de Paulo César despontou com interesse no mercado depois de seu bom trabalho salvando o Bahia do rebaixamento do Brasileirão do ano passado.
Contribuiu para o acerto também a memória afetiva do torcedor, pois Carpegiani era o técnico de Zico, Leandro e Júnior no timaço dos anos 80. Seria natural que houvesse, com ele, uma paciência que a nação não dispensaria a outros nomes. E Paulo César correspondeu às expectativas. Tido como um técnico durão e muitas vezes autoritário, ele demonstrou um espírito companheiro com os jogadores mais novos, importantíssimos no arranque da competição. Carpegiani soube também levar os mais veteranos na melhor forma possível. Um time com um ambiente conturbado não seria capaz, por exemplo, de receber o atacante Henrique Dourado tão bem, a ponto de ele fazer o gol logo em sua estreia, no clássico contra o Botafogo. Outros destaques neste Flamengo são Juan, Diego e Everton, sempre úteis.
Técnico, este Flamengo já mostrou que tem. Elenco, também. O Rubro-Negro hoje contra com uma equipe que não é vista nos outros clubes no Rio de Janeiro. O Vasco está se esforçando e surpreendendo na pré-Libertadores, enquanto Fluminense e Botafogo parecem muito longe dos dias de glória. Coube ao Fla vestir o uniforme do favoritismo e demonstrar aquilo que a torcida até agora está mais do que satisfeita, que é a boa apresentação coletiva suficiente para despachar os rivais locais sem sofrer.
Carpegiani se recusa a falar em favoritismo diante do Boavista. O Boa é uma equipe esforçada, sem dúvidas, mas muito longe da capacidade que demonstra ter o Flamengo neste instante. “Não vejo favorito. A minha preocupação é com meu time. Nós temos que impor. Se vamos conseguir ou não sobre Boavista, Botafogo ou qualquer equipe, só saberemos depois do jogo. O jogo sai do 0x0”, falou o técnico.
Histórico ideal
O Flamengo não costuma dar chances ao Boavista ao longo dos tempos. As duas equipes já se enfrentaram 13 vezes, com 12 vitórias do Fla e apenas uma do Boa, ocorrida na Taça Rio de 2012.
Houve até mesmo uma goleada recente do Rubro-Negro sobre o rival de Saquarema, com um 4×1 no ano passado. O saldo de gols do confronto também é totalmente favorável ao Fla. Ao todo, a equipe, hoje comandada por Paulo César Carpegiani, marcou 27 gols e sofreu apenas 11. Não há nenhum indício, no retrospecto, de que uma zebra será possível na partida deste domingo (18).
O Boavista espera contar com o bom desempenho de seus atletas veteranos. A equipe foi campeã da Copa Rio no ano passado e manteve os titulares que são tidos pela sua torcida como os jogadores mais “cascudos” do elenco, como o goleiro Rafael (34 anos), o zagueiro Gustavo (31), o lateral-esquerdo Júlio César (35), o lateral-direito Thiaguinho (33), o meia Fellype Gabriel (32) e o centroavante Leandrão (34).
O Verdão de Saquarema, como é chamado, tem outros veteranos também no banco de reservas, como o zagueiro Anderson Luiz (35), os meias Léo Pimenta (35) e Thiago Coimbra (35) e o lateral-volante Thiaguinho Silva (32).
O Boa, vale lembrar, disputa o Brasileiro da Série D, uma prova cabal do desnível entre a equipe de Saquarema e o gigante Flamengo. O clube, porém, fez um jogo equilibrado contra o Botafogo nesta Taça Guanabara, perdendo só por 1×0, e conseguiu vencer o Fluminense por 3×1. Houve também um empate interessante pela Copa do Brasil: um 1×1 com o Internacional, mas com a classificação do clube de Porto Alegre para a próxima fase.
Final da Taça Guanabara 2018
Domingo, 18 de fevereiro
- 17:00 – Boavista x Flamengo – Palpite: Flamengo