Paixão Nacional: Paz?
“Vendido” durante toda a semana passada como “O Clássico da Paz”, pregando a harmonia entre as torcidas e se esforçando para mostrar que diferente de São Paulo – onde mora a “ditadura” da torcida única – é sim possível fazer um clássico com “estádio dividido”, o Ba-Vi disputado no último domingo válido pela 6ª rodada do Campeonato Baiano, falhou miseravelmente em sua missão de espelhar a paz.
Que as torcidas passassem a semana se estranhando, era de se esperar – seria preciso uma dose cavalar de ingenuidade para a achar que isso não aconteceria. Mas o que se viu em campo – depois da bonita foto com todos os jogadores abraçados antes do apito incial pronta para ter uma enorme e desproporcional pomba branca colocada ao fundo por algum mago do photoshop – foi uma sucessão de jogadas duras, reclamações, dedos em riste e cusparadas no meio campo (se bem quem as cusparadas fazem parte do jogo).
No que se teve de jogo mesmo, o Vitória saiu na frente aos 33 do primeiro tempo, com Denílson que aproveitou belo rebote do goleiro Douglas Friedrich. Na etapa final, Uillian Corrêa meteu a mão na bola após cobrança de escanteio. Pênalti bem marcado pelo fraquíssimo juiz Jailson Freitas que Vinícius não teve problema em converter. Na comemoração, a desgraça feita: o jogador do Bahia cometeu o hediondo crime de comemorar – como sempre comemora – dançando o créu na frente da torcida… do Vitória.
Como o futebol é um esporte muito tolerante, houveram 5 segundos de tolerância até o que o goleiro do Rubro-Negro, Fernando Miguel, partiu para cima de Vinícius, seguido por meio time do Vitória e um outro tanto de jogadores do Bahia. O pau comeu solto, a pomba da paz perdeu muitas penas, a arquibancada foi “contaminada” e quando houve condições de o árbitro agir, o cartão vermelho cantou alto – no ritmo do carnaval baiano – e Rhayner, Denilson e Kanu (Vitória); Lucas Fonseca e Vinícius, além de Rodrigo Becão e Edson que estavam no banco (todos do Bahia), foram pro chuveiro mais cedo. O jogo recomeçou e não demorou muito para que Uillian Corrêa, com saudades de seus amigos, também fosse expulso. Solidário, Bruno Bispo, também do Vitória, entrou na fila do cartão vermelho um minuto depois e também foi pro chuveiro mais cedo. Com apenas 6 jogadores do Vitória em campo, o jogo foi encerrado – assim como a paz – e o resultado do jogo será determinado pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia (TJD-BA) – que deverá dar a vitória ao Bahia por 3 a 0 (praxe neste tipo de caso).
E seguimos em frente, tentando parecer civilizados…