Em jogo ruim, Palmeiras sai na frente mas falha na defesa e permite o empate do Boca Juniors
Catimba argentina funciona e o Boca Juniors conseguiu seu objetivo de voltar para Buenos Aires com 1 ponto na bagagem e tirar os 100% do Palmeiras na Libertadores.
Emoção mesmo apenas nos últimos 10 minutos quando o duelo ficou aberto com os dois times buscando o gol com mais qualidade. No mais, o jogo – aguardado desde o dia do sorteio dos grupos da Libertadores – foi catimbado, brigado, nervoso e feio… muito feio.
Como que sofrendo ainda com o revés no Paulistão (leia mais aqui, aqui e aqui), o Palmeiras foi a campo com duas mudanças – Keno no lugar de William e Diogo Barbosa na vaga de Victor Luís – e muito mais nervoso do que o normal. Entrando na pilha da torcida – mais de 40 mil compareceram ontem ao Allianz Parque – e na catimba argentina, jogadores como Keno e Lucas Lima sumiram após os primeiros minutos enquanto que Felipe Melo, com sua mania de ser o “xerifão” que tudo resolve na truculência, levou o amarelo aos 12 minutos quando acertou Ábila com o pé alto após o árbitro ter parado o lance em jogada anterior dando falta para o Verdão. Praticamente no lance seguinte, Melo subiu para disputar a bola pelo alto com o braço na cabeça do adversário – falta bem marcada que só não lhe rendeu a expulsão porque o juiz estava de bom-humor.
Futebol que é bom, nada
A proposta do Boca Juniors era muito clara: gastar o tempo e voltar para casa com 1 ponto. Não perder era a missão. Abusando da catimba e fazendo cera em quase todas as faltas à seu favor, o time argentino conseguiu segurar a força do Palmeiras que, preocupado em reclamar de tudo e mais um pouco com o árbitro, perdeu sua capacidade de criação, abusou dos passes errados e pouco ameaçou o gol de Rossi.
Como a bola não chegava com qualidade, Borja foi praticamente um espectador de luxo e lembrou os seus melhores momentos como “cone” no comando de ataque palmeirense em 2017. Sem cacoete para fazer o papel de pivô e precisando de um time que crie situações de perigo para que ele possa concluir, o colombiano sofreu com a apatia de Lucas Lima e pouco fez nos mais de 45 minutos que ficou em campo – até que foi substituído por William no início do segundo tempo.
Com a mudança no ataque, o Palmeiras melhorou, mas não o suficiente para assustar Rossi ou o Boca – que também pouco fazia para incomodar Jailson. O rosário de passes errados e grande volume de faltas – eram mais de 30 na metade do segundo tempo – mantinham o jogo travado e sem emoção.
Mexer para ganhar
Aos 21 do segundo tempo, Roger Machado trocou Lucas Lima por Moisés e aos 34 foi a vez de Bruno Henrique – que perdeu gol incrível ao finalizar dentro da pequena área para fora –, deixar o campo para a entrada de Guerra (com o técnico assumindo o risco de ver o imprevisível Felipe Melo ser expulso). O Boca respondeu com Tévez no lugar de Cardona aos 24.
O Palmeiras ganhou um pouco mais de volume de jogo mas sofria para criar perigo de verdade até que aos 44 minutos da etapa final, o lateral Jara furou na saída e deixou a bola nos pés de Guerra que fez grande cruzamento para Keno estufar o gol argentino: Palmeiras 1 a 0.
Falhou… de novo
Mas aos 46, o castigo. Antônio Carlos – que faz uma temporada razoável na zaga palmeirense – falhou (como havia falhado no lance do gol do Corinthians no último domingo). Pavón se aproveitou da furada do beque palestrino e cruzou para a área, na direção de Tévez, que teve apenas o trabalho de desviar para o fundo do gol de Jailson.
Ao final do jogo, Roger Machado tratou de “blindar” o seu zagueiro e disse que “mesmo com o erro que gerou o gol do Boca, ele foi um dos melhores em campo” e lembrou que “futebol é um esporte de quem erra menos”. Felipe Melo, que em campo não pegou leve na bronca com Antônio Carlos, na saída disse que “é triste e injusto colocar a culpa em um só jogador em um esporte coletivo” e que o zagueiro “é um garoto, tem um futuro brilhante e quando erra um, erram todos”. Lucas Lima seguiu a mesma linha de defesa e lembrou que o defensor fez gols salvadores nos clássicos contra Santos e contra São Paulo pelo Paulistão.
Claro que nada disso muda o fato de que Roger Machado precisa rever o posicionamento de sua defesa que, muito boa até aqui, sofreu com duas falhas seguidas em dois jogos importantes – uma custou o título de Campeão Paulista e a outra custou os 100% de aproveitamento na Libertadores.
Como fica?
O resultado mantém o Palmeiras na liderança do Grupo 8 com 7 pontos, seguido pelo Boca com 5. Alianza Lima com 1 e Junior Barranquilla com 0 fecham o turno do grupo no próximo dia 19 e não ameaçam os líderes independente do resultado. Já Palmeiras e Boca Juniors voltam a se encontrar no próximo dia 24 de abril em Buenos Aires na abertura do returno do Grupo 8.
Pelo Campeonato Brasileiro, o Palmeiras faz a sua estreia na próxima segunda-feira, dia 16, contra o Botafogo no Engenhão.
Enquanto isso, no Paulistão…
O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva-SP (TJD-SP), Antônio Olim admitiu ontem, dia 11, que há a possibilidade de a partida entre Palmeiras e Corinthians pela final do Campeonato Paulista ser impugnada. De acordo com Olim, ao anunciar o início das investigações, o resultado do jogo pode mudar. Ele disse que não vai falar antes de investigar, mas que a investigação “é muito rápida e vai ser bem profunda”. O alvo de investigação é se houve ou não interferência externa do chefe de arbitragem Dionísio Roberto Domingos na decisão do árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza em mudar sua marcação de pênalti de Ralf em Dudu para escanteio.
Mas de acordo com reportagem do UOL e do Globoesporte.com, a chance de impugnação da partida pode ser encerrada porque o Palmeiras não efetuou o pagamento de uma taxa de R$ 9 mil à Federação Paulista de Futebol e que consta no Código Brasileiro de Justiça Desportiva para casos de impugnação.
Em resposta, o Palmeiras divulgou a seguinte Nota Oficial em seu site:
“Em relação à reportagem veiculada nesta quarta-feira (11) no site globoesporte.com contendo declarações do presidente do TJD-SP, Dr. Antonio Olim, esclarecemos que apresentamos pedido de instauração de inquérito (Art. 81), o qual não exige recolhimento prévio de custas e que, inclusive, o Dr. Olim já afirmou às redes de televisão que entendia ser o caso. Ao final do inquérito, o Palmeiras terá a prerrogativa ou não de requerer a impugnação.
De qualquer forma, o Palmeiras faz o seguinte questionamento direto à FPF: existe interesse e coragem para se buscar a verdade real sobre os fatos ou tentarão utilizar de subterfúgios processuais (como foi feito em inúmeros casos precedentes no futebol brasileiro) para justificar o engavetamento do problema?”