Análise: Bélgica sobe de patamar no mundo da bola ao aliar qualidade individual com sentido coletivo
Comandados pelo espanhol Roberto Martínez, Diabos Vermelhos são o único time com 100% de aproveitamento na Copa do Mundo
Para quem ainda duvidava da chamada geração belga, a vitória por 2×1 sobre o Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo foi a prova definitiva de que os Diabos Vermelhos estão entre os grandes do futebol mundial na atualidade. Na próxima terça-feira (10), às 15:00 (horário de Brasília), a Bélgica enfrenta a França em busca de uma inédita final, e mantém mais vivo do que nunca o sonho do primeiro título.
Bélgica é o time de melhor campanha na Copa
Dentre as quatro seleções semifinalistas da Copa do Mundo, a Bélgica é a única que chega com 100% de aproveitamento. Além disso, conta com o melhor ataque da competição, com 14 gols, média de 2,8 por partida.
Na primeira fase, os Diabos Vermelhos foram cabeças-de-chave do Grupo G, que tinha ainda Panamá, Tunísia e Inglaterra.
Logo na estreia, o time confirmou sua condição de favorito ao golear os panamenhos pelo placar de 3×0. Autor de dois gols, o atacante Romelu Lukaku foi o grande destaque.
Em seu segundo compromisso, novo passeio, desta vez diante da Tunísia. Lukaku voltou a marcar duas vezes, e desta vez foi acompanhado por Hazard. Batshuayi completou o placar de 5×2, e ainda desperdiçou diversas oportunidades para ampliar.
Com a classificação garantida, o técnico Roberto Martínez optou pela escalação de uma equipe reserva para enfrentar a Inglaterra, em partida que valia a liderança do grupo. A qualidade do futebol passou longe da expectativa, mas ao vencer por 1×0, com um gol de Adnam Januzaj, a Bélgica pôs um ponto final nas especulações de que poderia entregar o jogo para ter um caminho mais fácil nas fases eliminatórias, e evitar equipes como Brasil, Argentina e França.
Nas oitavas de final, o adversário foi o Japão, e ao contrário do que se previa, a Bélgica encontrou enormes dificuldades para se classificar. O time teve um apagão no início do segundo tempo e levou dois gols dos asiáticos, comprovando que a defesa, vazada em quatro dos cinco jogos é, de fato, o calcanhar-de-aquiles dos Diabos Vermelhos. O lado positivo foi a força mental demonstrada pelos jogadores, que em momento algum se desorganizaram em campo, e foram recompensados com a virada no último lance da partida.
Passado o susto, chegou a vez de encarar o Brasil, um jogo que definiria se a equipe repetiria as campanhas medianas das últimas Copas ou ascenderia a um novo patamar no mundo da bola. Para a tristeza da torcida brasileira, os belgas entraram em campo muito mais concentrados do que na partida anterior, e liquidaram a fatura ainda no primeiro tempo. Os comandados de Tite melhoraram na segunda etapa, e até descontaram com Renato Augusto, mas a vitória, com muita justiça, ficou mesmo com os europeus, que agora chegam com ainda mais moral para tentar desbancar a França.
Como jogam os Diabos Vermelhos
O grande mérito de Roberto Martínez no comando da seleção belga foi ter conseguido criar sentido de coletividade a um grupo de indiscutível qualidade técnica. Contra o Brasil, ele surpreendeu Tite ao mudar a formação do 5-3-2 para um esquema que na prática tornou-se um 4-3-3, com Lukaku e Hazard jogando pelas pontas, De Bruyne fazendo as vezes de um falso nove e Chadli recuando para a cabeça-de-área. Tudo isso, é claro, com constantes trocas de posição.
Após a vitória, o espanhol não escondia o orgulho pelo nó tático imposto ao brasileiro: “Como treinador eu nunca perdi uma partida na parte tática. Só no campo que sim. Tínhamos de estar atentos com tudo. Nossos jogadores foram bravos, jogaram muito bem.”
Atletas também miram as conquistas individuais
Apesar de ser o principal objetivo, não é só o título mundial que estará em jogo nos gramados russos nos próximos dias. Como um dos destaques da competição, a seleção belga conta com uma grande quantidade de jogadores que brigam por prêmios individuais, e suas atuações nas fases decisivas serão o fiel da balança.
Entre os artilheiros, Lukaku é a única ameaça ao reinado de Harry Kane. Os jogadores disputam a Chuteira de Ouro, e neste momento o inglês tem dois gols de vantagem. O centroavante da Bélgica está há três partidas sem marcar.
Correndo por fora, Lukaku também é candidato à Bola de Ouro, prêmio conferido ao melhor jogador da competição. Nesta disputa, porém, Hazard e De Bruyne aparecem à sua frente.
O gigante Thibaut Courtois também acalenta o sonho de ser coroado o melhor goleiro do mundo, mas o alto número de gols sofridos o deixa um pouco distante da Luva de Ouro.
Semifinais da Copa do Mundo 2018
Terça-feira, 10 de julho
- 15:00 – França 1×0 Bélgica
Quarta-feira, 11 de julho
- 15:00 – Inglaterra 1×2 Croácia