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O que Demetrious Johnson nos ensinou após a queda de seu reinado histórico como campeão do UFC

Foto: Divulgação / UFC

Em breve ainda vou escrever sobre Henry Cejudo e seu feito extraordinário ao superar um lutador inigualável e assim conquistar o cinturão dos moscas dos UFC. Mas, antes disso, nada mais justo do que exaltar o reinado histórico de Demetrious Johnson na categoria até 56kg, que chegou ao fim no último sábado (4), em Los Angeles, Califórnia (EUA), pelo UFC 227. Mais do que a postura de campeão a qual vestiu para conduzir seu reinado de quase seis anos na maior organização de MMA do mundo, o que mais nos faz respeitar Johnson é sua postura pós-luta. Sem mágoa, rancor, raiva, provocação, ou qualquer sentimento que diminua o feito de seu rival. Mais do que isso, a expressão de dever cumprido no rosto, mesmo após uma derrota.

Demetrious Johnson se tornou campeão em setembro de 2012, ao bater Joseph Benavidez no UFC 152, no Canadá. Naquele tempo, quando se tornou dono do cinturão dos moscas, nomes como Anderson Silva, Jon Jones e Junior Cigano reinavam no UFC. As mulheres nem sequer tinham conquistado seu espaço no octógono ainda. Isso é só para se ter uma ideia de há quanto tempo Demetrious se manteve no topo. Foram 11 defesas de cinturão consecutivas. Um recorde. Ele superou o número (10) de Spider nos médios.

Mais do que as vitórias no octógono, sempre brilhantes, o tópico que cercou o reinado do americano foi o fato dele ser um atleta incrível, mas que muitas vezes não tinha o reconhecimento que merecia. Mesmo como número um no ranking peso-por-peso do UFC, “DJ” nunca foi um astro de grande apelo no evento. Os shows encabeçados por lutas suas venderam muito pouco e normalmente, assim como foi no UFC 227, mesmo em disputa de cinturão, ele acabava fazendo co-lutas principais abaixo de nomes mais expressivos junto ao público.

Por conta de uma equação de brilho dentro do octógono e a falta dele fora do cage, sempre insistimos: “Será que Johnson seria mais valorizado se tivesse uma postura mais confiante, provocativa ou de autopromoção”? E vejam só vocês como são as coisas. Logo após a luta, depois de ver ruir um reinado longo, dominante e histórico, ele mantém a postura de respeito e nos surpreende quando na verdade não deveria. Um cara que sempre foi reconhecido como respeitado e respeitoso iria mudara postura na derrota? Mas a culpa não é nossa. Estamos acostumados a perdedores pedindo revanche imediata, colocando a culpa em juízes, lesões e naquilo que puderem se agarrar. Johnson, não. Pela primeira vez na história, vimos um campeão dominante assim como ele foi perdendo sua coroa da forma mais disciplinada possível. Nem revanche o cara pediu. É claro que ele merece e deve receber, mas talvez ele saiba disso, e entenda que não precise falar aos quatro ventos.

Que Demetrious Johnson seja sempre lembrado como o campeão que fez no mais alto nível seu trabalho dentro do cage. Ter milhões de seguidores nas redes sociais, vender milhões de pay-per-views entre outros méritos de grandes nomes do MMA atual não é tudo, e nem todos almejam isso. Independente do apelo público que ele gera, Johnson merece ser exaltado pelo maior reinado da história do UFC. E mais ainda por ter resistido e se mantido fiel aos seus valores como representando das artes marciais e do mundo dos esportes.