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A trajetória sem precedente de McGregor até a luta com Khabib no UFC 229

Conor McGregor - UFC 205
Foto: Divulgação / UFC

“I’m the fucking future” (eu sou o futuro, em português). Essa foi a primeira frase disparada por Conor McGregor a uma câmera depois de sua vitória por nocaute aos 1m22seg de luta contra Stephen Bailey, no dia 12 de dezembro de 2008, pelo evento “KO – The Fight Before Chrsitmas 1”. Era a quarta luta da carreira do irlandês no MMA, ele vinha de sua primeira derrota, e na época, quando estava iniciando sua trajetória no esporte, já demonstrava as mesmas características que o levaram a se transformar, anos depois, em uma força sem precedente não só no mundo das lutas, mas no mundo dos esportes em geral. Neste sábado, mais uma vez, o mundo para para vê-lo entrar em ação, desta vez diante de Khabib Nurmagomedov, pelo cinturão dos leves, no UFC 229, em Las Vegas (EUA). Como ele chegou até aqui? É uma história divertida.

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Antes das lutas, Conor tentou a sorte como jogador de futebol. O irlandês atuou pelo Slieveamon United e também pelo Yellowstone Celtic em uma liga de futebol amador em Dublin, Irlanda. Como ele define sua experiência no futebol: “Eu era uma máquina de fazer gol”. Embora fosse artilheiro de algumas temporadas ao atuar como atacante, McGregor aliava a prática no futebol com os treinos de boxe, antes de ingressar no MMA, até o momento que o foco se virou totalmente para a luta.

Nascido no dia 14 de julho de 1988, Conor pisou numa academia pela primeira vez aos 10 anos. Um treinador conta que ele entrou no local com chuteiras de futebol. Na época, ele já tinha relação com o futebol e uniu as duas paixões por um longo tempo, até que a luta dominasse sua atenção por completo. Uma vez imerso no mundo das lutas, Conor estreou no MMA no dia 8 de março de 2008, pelo Cage Of Truth, evento local em Dublin. McGregor venceu por nocaute em menos de um minuto. Ele acumulou dez vitórias e duas derrotas – ambas por finalização – até chegar a sua primeira disputa de título. No dia 2 de junho de 2012, ele bateu Dave Hill por finalização e se tornou campeão peso-pena do Cage Warrios. Na luta seguinte, foi em busca do segundo título, estreou na divisão dos leves, nocauteou Ivan Buchinger no primeiro round e acumulou dois cinturões da organização.

Com dois cinturões do Cage Warrios em posse, McGregor ainda não havia conquistado estabilidade financeira. Segundo seu treinador, John Kavanagh, o lutador desapareceu por um tempo dos treinos e pensou seriamente em desistir da carreira no MMA devido a dificuldades financeiras, até que o UFC fez contato e o convidou para fazer a estreia no octógono mais famoso do mundo. Em abril de 2013, ele bateu Marcus Brimage por nocaute no primeiro round e iniciou sua trajetória meteórica no Ultimate.

No UFC, foram cinco vitórias – quatro por nocaute – até chegar a sua primeira disputa de título. Antes disso, logo após sua segunda vitória no octógono, Conor já esbanjava confiança e disparava provocações com os principais nomes da categoria, o que o fez se tornar “notório”, fazendo jus a seu apelido. José Aldo, campeão na época, era seu alvo favorito, e tudo contribuiu para que o desafio entre o irlandês e o brasileiro ganhasse proporções astronômicas. O Ultimate chegou a promover uma turnê mundial com os dois, mas o manauara se machucou nas vésperas da disputa de cinturão e Conor acabou enfrentando Chad Mendes. Um novo rival, o mesmo desfecho. Com um nocaute no segundo round, McGregor conquistou o cinturão interino dos penas e passou a figurar como a maior astro do UFC.

Daí em diante, McGregor começou a se destacar não só no âmbito esportivo. O irlandês virou uma máquina de fazer dinheiro. Se tornou garoto-propaganda de diversas marcas valiosas, recebeu convites para estrelar papéis no cinema e muito mais. Em dezembro de 2015, diante de José Aldo, McGregor chocou o mundo. O irlandês, visto por muitos na época como “bobo da corte”, precisou de apenas 13 segundos para nocautear o brasileiro e encerrar uma invencibilidade de 10 anos no MMA. Dali pra frente, Conor se tornou intocável no UFC e passou a “ditar as regras”do jogo.

McGregor sempre buscou mais do que apenas o cinturão. Ele buscou dois, e anunciou que faria isso desde o início. Após bater Aldo, ele foi escalado para enfrentar Rafael dos Anjos pelo cinturão dos leves, mas o brasileiro se machucou e deu lugar a Nate Diaz. Contra o americano na categoria dos meio-médios, McGregor ousou além do ponto e conheceu a primeira derrota no octógono ao ser finalizado no segundo round da luta principal do UFC 196. Meses depois, na revanche, ele deu o troco e bateu Diaz na decisão. Foi o último ato antes de seguir em busca do objetivo maior: o segundo cinturão. Em novembro de 2016, Conor obteve uma performance antológica no UFC 205, que marcou a volta do UFC a Nova York, e nocauteou Eddie Alvarez no segundo round, se tornou o primeiro homem na história a deter dois títulos simultâneos do UFC.

Dono de contratos milionários, McGregor se tornou o primeiro lutador do UFC a aparecer na lista da Forbes de atletas mais ricos do mundo por dois anos seguidos. Em 2018, ele apareceu na quarta colocação na lista dos atletas mais bem pagos do planeta, ficando a frente de Neymar, Lebron James e Roger Federer. Os únicos que o superaram foram Floyd Mayweather, Cristiano Ronaldo e Messi. E parte desse resultado se deve a sua aventura no boxe.

Faminto por desafios, dinheiro e conquistas que agreguem a seu legado esportivo, Conor protagonizou com Floyd Mayweather, em agosto do ano passado, uma superluta improvável no boxe. Após uma rivalidade quente e turbinada por uma turnê mundial, o irlandês resistiu por dez rounds, mas acabou nocauteado pela lenda do boxe. McGregor recebeu uma bolsa de US$ 30 milhões (cerca de R$ 120 milhões ), enquanto o rival embolsou US$ 100 milhões.

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De volta ao MMA, Conor garante que a motivação não é mais o dinheiro – ele tem o bastante. Hoje, ele se prepara para o UFC 229, que acontece neste sábado, em Las Vegas (EUA), para reconquistar o cinturão dos leves, sim; para bater o rival Khabib Nurmagomedov, sim. Mas também para, conforme o mesmo falou em entrevista ao The Mac Life, voltar “ao jogo pelo qual se apaixonou”. Dinheiro não é mais motivação, conquistar feitos históricos no esporte, ainda é. É mais uma vez a hora de mostrar que ainda é “the fucking future”ou quem sabe aceitar que se tornou o “the fucking past”. Façam suas apostas!