Humor: podia ser pior
Foi por muito pouco – mas por muito pouco mesmo – que a seleção brasileira feminina ficou pelo caminho na Copa do Mundo. A derrota por 2 a 1, na prorrogação, contra as francesas (donas da casa e favoritas ao título) aconteceu quando nossas meninas não tinham mais fôlego, no segundo tempo dos 30 minutos adicionais. Falta de fôlego, aliás, que foi um problema recorrente com a atual comissão técnica que deixou para trás um retrospecto de 9 derrotas seguidas para sair do Mundial de cabeça erguida com a sensação de dever cumprido mas sabendo que há um longo caminho a ser percorrido. E este talvez seja o melhor momento para acelerar o passo e entrar no clube das grandes seleções femininas do mundo e jogar em condições de igualdade com pesos-pesados como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França, por exemplo.
Sem contar com um “ídolo” que atrai antipatia – como é o caso de Neymar na seleção masculina – as meninas do Brasil conseguiram angariar mais torcida e muito mais simpatia que os rapazes que disputam aqui a Copa América. Com um investimento muito abaixo do que é destinado ao selecionado masculino, a seleção feminina jogou de igual para igual com a França – cuja base é formada pelo Lyon seis vezes campeão da Champions League – e é fruto de um trabalho de base de longo prazo que começa a mostrar resultados.
É a constatação do óbvio: planejamento e investimento geram frutos. Oba-oba só dá certo até a página 2, depois disso, acaba como o jogo de ontem, em uma derrota previsível até, mas que poderia ter sido evitada (como, aliás, quase foi).
O fato é que, no momento, a torcida é mais simpática à seleção feminina que à masculina – que goleou o Peru no Itaquerão e parece ter (finalmente!) se encontrado sem Neymar. O momento de investir nas meninas é agora porque, como bem lembrou Marta ao final do jogo, uma hora ‘não teremos mais Formiga, Cristiane ou Marta na seleção’. A hora de preparar a nova geração é esta e, se possível, sem os erros cometidos no selecionado masculino (e sem o discurso paternal e chato de Tite, cada vez mais “coach” e menos “treinador”). Aceitando, afinal, que há males que vêm para o bem.