Humor: O Brasileirão e o Corvo
O corvo passou voando pelos clubes brasileiros após a 21ª rodada do Campeonato Brasileiro e fez estrago nos bastidores de algumas das principais equipes da Série A. A dança dos técnicos envolveu Cruzeiro, São Paulo, Fluminense e Fortaleza e talvez o caso mais emblemático da esculhambação do futebol brazuca seja o que envolve Rogério Ceni, mineiros e cearenses.
Rogério Ceni, o Breve, fazia grande trabalho no Fortaleza – equipe pela qual conquistou a Série B em 2018, o Campeonato Cearense e a Copa do Nordeste neste ano –, quando foi chamado pelo Cruzeiro para assumir o comando do time no lugar de Mano Menezes que pediu o boné ao perceber que, após três anos, não tinha mais o controle do vestiário da equipe (ou em bom português: os atletas não faziam mais o que ele pedia). Seduzido pela possibilidade de fazer história também na Toca da Raposa, o “mito” sãopaulino aceitou a missão, rescindiu contrato com o Fortaleza e começou a dar expediente em Belo Horizonte.
Claro que Ceni comandar um equipe de “operários” como é o Fortaleza é uma coisa. Enquadrar atletas do peso de Thiago Neves ou Fred é uma história completamente diferente. O estilo autoritário do treinador não deu liga com o elenco cruzeirense e na queda de braço entre os “donos do vestiário” e o “professor”, a corda estourou para o lado do treinador que ficou à frente do time por pouco mais de um mês.
Foi mais o mesmo tempo que Zé Ricardo ficou à frente do Fortaleza. Chamado para substituir Ceni, o treinador que vem passando de clube em clube desde que foi demitido do Flamengo em 2017, não conseguiu bons resultados com o mesmo grupo que rendia sob o comando do “M1to” e acabou demitido após nova derrota.
Com o dinheiro da rescisão de Ceni no bolso – o Cruzeiro pagou para tirar o treinador de seu emprego anterior – o Fortaleza não perdeu tempo e escolheu para substituto de Zé Ricardo ninguém menos que… Rogério Ceni! O treinador retorna às praias do Ceará (de onde não deveria ter saído) com contrato até dezembro.
Mais do que influência do corvo que sempre voa sobre o futebol brasileiro, o caso Rogério Ceni é um retrato bem-acabado da administração do futebol em nosso país onde técnicos pedem respeito e estabilidade mas esquecem, antes de mais nada, de darem-se o devido respeito.
Abel Braga chegou à Toca da Raposa poucas horas após a demissão de Ceni e terá agora a missão de tirar o gigante mineiro do Z-4. A seu favor, a boa relação do técnico com Thiago Neves que, ao que tudo indica, manda prender e soltar em Belo Horizonte.
Mesmo caso de Fernando Diniz que saiu do Fluminense apontado como o grande culpado pela má-campanha do tricolor, assumiu o São Paulo após Cuca pedir o boné e já no primeiro jogo, segurou o ataque do todo-poderoso Flamengo, líder isolado do Campeonato Brasileiro.
E já que falamos em Fluminense, o time que demitiu Oswaldo de Oliveira, voltou a vencer na competição e com os 2 a 1 sobre os reservas do Grêmio, garantiu-se fora do Z-4 por mais uma rodada.
Quanto ao corvo, ele não deverá voar nesta semana porque Atlético-MG, Corinthians, Santos e Internacional conseguiram bons resultados na rodada. Mas canja de galinha não faz mal a ninguém e a agourenta ave ainda pode visitar Rodrigo Santana, Fábio Carille, Jorge Sampaoli e Odair Hellmann antes do final da temporada. Basta os resultados não aparecerem.