Final da Superliga Feminina tem Rexona-Sesc x Vôlei Nestlé, em jogo único
Rexona-Sesc é favorito, e a superioridade é reconhecida até pelo Vôlei Nestlé, rival da decisão deste domingo
O Rexona-Sesc (RJ) já está na história. É uma das equipes mais ganhadoras do esporte brasileiro – seja a modalidade que for. Os números não dão muito espaço para argumentos. O time está na decisão da Superliga Feminina deste ano pela 13ª vez seguida. Ou seja: a última final da maior competição do vôlei nacional sem o time de Bernardinho foi em 2004!
(Já pararam para pensar em como era o mundo em 2004? Em quantas coisas mudaram, menos a supremacia do Rexona?)
O adversário, mais uma vez, vai ser o Osasco (SP), cujo nome oficial é o Vôlei Nestlé, que neste ano consolida uma marca respeitável: são 14 finais nos últimos 16 anos. Houve um hiato na temporada passada, com a classificação do Praia Clube como rival do Rexona.
O título será de novo decidido em jogo único. E a partida está marcada para este domingo (23), às 10h, na Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro.
A superioridade do Rexona-Sesc é admitida por todo o time adversário, que vê, porém, uma janela para a surpresa que pode ser dada neste sistema de decisão em só um jogo. Uma má atuação do Rexona-Sesc e pronto: o título pode perfeitamente parar em Osasco com o Vôlei Nestlé.
A partida única vem sendo adotada desde 2008, e o retrospecto neste tipo de decisão é de 7×2 para o Rexona-Sesc diante das demais equipes.
“Nosso time não era favorito contra nenhuma das duas equipes que se classificasse na semifinal, tanto o Rexona quanto o Minas. Mexemos muito no elenco em relação ao ano passado, e nem a chegada à final era dada como certa para muita gente. Mas as meninas responderam em quadra e estamos na decisão mais uma vez. Já tive sensações ruins com esta final em jogo único em anos anteriores. Em alguns, pensei até que poderíamos vencer se o playoff tivesse três ou cinco jogos. Mas desta vez a decisão em uma só partida é sim favorável para a gente”, declarou o técnico do Vôlei Nestlé, o experiente Luizomar de Moura.
Ele tem à disposição uma equipe igualmente experiente. O destaque vai para a levantadora Dani Lins, de larga trajetória na seleção brasileira, e a ponteira Tandara, decisiva para a equipe durante toda a temporada. Os números comprovam que ela é a jogadora a ser parada na decisão: Tandara tem o melhor saque e o segundo ataque mais positivo de toda a Superliga. Com isso, chega à final como maior pontuadora do campeonato – são 408, mais de 16 sets completos só de pontos seus.
E mais: ela se impôs em quadra depois de ser mãe e se afastar da seleção justamente pela gestação: “Todo meu trabalho está sendo recompensado. Quero errar menos, ser mais objetiva e evoluir fisicamente e taticamente. Tenho trabalhado muito forte para isso”, disse Tandara, que analisou a decisão: “Vai ser um grande clássico. Vamos precisar ser quase perfeitas”.
Pelos lados do Rexona-Sesc, não há uma grande jogadora que se destaque. O forte do time é o coletivo, tanto que o elenco foi tratado mais de uma vez durante a temporada como uma equipe ”operária”, lembrando o começo de Bernardinho como técnico da seleção brasileira feminina – e lá se vão quase 25 anos.
O grande ponto forte do Rexona-Sesc é o volume de jogo – principal indício que a equipe realmente aposta nas ações coletivas e nas dificuldades impostas ao adversário.
Uma grande prova desse estilo veio na semifinal, quando a equipe de Bernardinho esteve muito perto de ser eliminada, mas encontrou forças para superar o Camponesa/Minas no limite. Ou seja: somente no quinto jogo do playoff.
Quem merece uma consideração toda especial para esta decisão é a ponteira Drussyla, de somente 20 anos, que comandou o ataque do time e provou merecer uma vaga na equipe titular da decisão. A grande dúvida de Bernardinho é justamente esta, se escala Drussyla ou a holandesa Anne Buijs para compor a equipe ao lado da agressividade da ponteira Gabi, da eficiência da meio-de-rede Juciely, grande nome da semifinal, e da levantadora Roberta, de 26 anos, grande amiga da adversária deste domingo, a rival (pelo menos por um dia) Dani Lins.
“A Dani é uma pessoa incrível, que se dispõe a ajudar sempre e é muito guerreira”, comentou Roberta. “Ela é a melhor levantadora da atualidade: alta, forte, um toque lindo de ver, além da sua postura e todo o amadurecimento que teve nesses anos. Ela é um espelho para mim. Agradeço a ela pelas ajudas e conversas”, disse Rô, como é chamada – e a gente só tem a aplaudir ambas por tamanha gentileza e esportividade.