Por que Adesanya x Romero no UFC 248 foi perfeito para Paulo Borrachinha
O UFC 248 foi perfeito para Paulo Borrachinha. Melhor impossível. Já na posição de desafiante antes mesmo do show, o brasileiro cumpriu seu papel de pretendente ao cinturão e foi até Las Vegas (EUA) assistir de perto a disputa do título dos médios, vencida por Israel Adesanya contra Yoel Romero em luta morna de cinco rounds que gerou muita polêmica. Além de ter ainda mais certeza de que é o próximo da fila tamanho o fiásco de Adesanya x Romero, o brasileiro viu o atual campeão perder o brilho conquistado contra Robert Whittaker. E, de quebra, viu sua última vítima no octógono levar para casa uma espécie de vitória moral.
Depois de protagonizar uma performance histórica diante de Whittaker, quando conquistou o cinturão diante de mais de 56 mil pessoas num estádio na Austrália, Adesanya pediu para enfrentar Yoel Romero em sua primeira defesa de cinturão, mesmo o cubano vindo de duas derrotas consecutivas. O motivo? Ninguém queria enfrentá-lo. Acontece que dentro do cage o duelo passou longe de ser o que se esperava. Depois de cerca de quatro minutos de estudo no primeiro round, um desperdício absurdo em se tratando de luta pelo título, Romero adotou uma postura pouco agressiva e atacava em raros momentos em busca apenas de golpes contundentes, enquanto Adesanya respeitou demais o cubano, demorou para se encontrar na luta e teve de apostar nos famigerados chutes baixos para magoar a perna do rival e conquistar a vitória “por detalhe”.
A disputa de cinturão do UFC 248 foi monótona, sonolenta, e gerou diversos argumentos úteis a Borrachinha. Adesanya foi atingido diversas vezes no duelo contra Romero, precisou de quase três rounds pra marcar a distância e acabou vencendo de forma apertada, polêmica e sem brilho. Por outro lado, Romero, que acertou verdadeiras bombas no campeão, apesar do estilo sempre confuso de lutar, meio desinteressado, meio aéreo, conectou os melhores golpes da luta, o suficiente pra fazer muita gente enxergar sua vitória. O cubano, inclusive, conseguiu fazer Israel, literalmente, correr no cage em determinado momento.
Depois da luta, Borrachinha não perdeu tempo e botou a cara pra jogo na sala de imprensa do UFC 248, fazendo sua presença valer a pena no evento. O brasileiro imediatamente chamou o campeão de medroso e até de “cagão”, garantindo que sempre soube que o nigeriano não é tão valente quanto parece. “Eu sempre falei isso, sempre soube. Ele é um cagão, medroso. Essa luta foi ridícula. É uma vergonha um campeão fazer uma luta dessas. Por isso vou pra “matá-lo”. Ele vai ter o que merece”, disparou Borrachinha.
Pra completar, o presidente do UFC Dana White precisou ativar seu modo promotor depois da decepção que foi o UFC 248. Afinal, a melhor forma de apagar uma performance ruim é projetando a próxima. E assim Dana White não só voltou o foco para o futuro duelo entre Adesanya e Borrachinha como exaltou o brasileiro e previu uma “luta bizarra” entre o nigeriano e o brasileiro. “Borrachinha vem pra cima o tempo todo e vai tentar socar a sua cara a qualquer custo. Ele vem pra decapitar Adesanya. Ele sempre traz a luta até você. Adesanya será forçado a lutar na próxima”, garantiu o dirigente do Ultimate, exaltando o estilo agressivo de Borrachinha.
Por fim, a revelação antes da luta por parte de Paulo Borrachinha e Wallid Ismail, seu empresário, de que o UFC planejava colocá-lo no UFC 252, dia 11 de julho, em Las Vegas, pelo título, fez pressão em cima de Adesanya após a luta contra Romero. Como resultado, o nigeriano foi mais ou menos na mesma onda. Ele sabe que a luta com Romero não rendeu o esperado e apesar da vitória, ele vem buscando construir seu legado no UFC de forma mais expressiva. Ele sabe que só a rivalidade com o brasileiro e a expectativa pela luta serão o suficiente pra fazer muita gente esquecer o que foi o combate com Romero. Por isso, ele sabe que caso negasse o duelo com o brasileiro em julho poderia sair por baixo.
No fim das contas, Paulo Borrachinha, mesmo sem entrar no octógono, ganha moral pra disputar o cinturão contra Israel Adesanya. É óbvio que o estilo do brasileiro é diferente de Yoel Romero e “favorece” Adesanya, que gosta de lutar em pé, mas ainda assim o UFC 248 representou um grande passo a Borrachinha rumo a tão aguardada chance pelo título.