Paulista A1

Corinthians vence a Ponte Preta e encaminha seu 28º título paulista

Foto: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Com organização tática e tranquilidade, Fábio Carille está próximo de seu primeiro título como técnico de futebol

Após ter sido efetivado como técnico do Corinthians para a temporada 2017, Fábio Carille, muito consciente do material humano que teria à disposição para trabalhar, não prometeu títulos. Prometeu entregar um time taticamente organizado e com raça para disputar os campeonatos ao longo do ano.

Ontem, no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, o disciplinado – até demais –, esquadrão corintiano, que no começo do ano foi rotulado como “a quarta força do futebol paulista”, não tomou conhecimento do bom time da Ponte Preta e, com gols de Rodriguinho e Jadson, colocou as duas mãos na taça do Campeonato Paulista e está a ponto de fazer Carille entregar mais do que prometeu: um título. Estadual, é verdade, mas ainda assim um título que deixa pelo caminho o Santos (que deu continuidade ao bom trabalho de 2016 mantendo o técnico Dorival Júnior), o talentoso São Paulo de Rogério Ceni que ainda não se encontrou defensivamente e o badalado Palmeiras do (até então) cobiçado técnico Eduardo Baptista. No papel, todos elencos melhores que o corintiano, mas incapazes de derrotar a organização tática do time do Parque São Jorge.

Os três a zero em Campinas deixam a Ponte Preta com a quase impossível missão de fazer pelo menos 3 gols no Corinthians no próximo domingo e não sofrer nenhum para conseguir levar a decisão para os pênaltis – o que aumentaria a chance de título para o time campineiro, já que historicamente o Itaquerão não gosta de ajudar o time da casa em decisões por pênaltis. Quatro a zero dá o título para o time do interior – mas este é um placar tão improvável quanto a seleção brasileira levar um 7 a 1 em casa frente a dura seleção alemã.


Ponte Preta 0x3 Corinthians

A Ponte Preta bem que tentou pressionar a saída de bola do time corintiano no início do jogo, mas o elenco da capital possui uma defesa que raramente se assusta e que não se importa de ser pressionada. Uma segurança e confiança que não provoca sustos, mas pode levar a resultados perigosos como o 1 a 1 diante do Internacional pela Copa do Brasil e que levou à fatídica disputa nos pênaltis que culminou com a desclassificação do Corinthians. Aparentemente, porém, parece que os comandados de Fábio Carille aprenderam a lição e além de aguentarem bem a pressão pontepretana, foram cirúrgicos em seus contra-ataques e, aos 14 minutos do primeiro tempo, em uma envolvente jogada pelo lado esquerdo da defesa da macaca que contou com a boa participação de Romero (sim, às vezes ele acerta), Jô (mais uma vez decisivo mesmo sem fazer gols) e Rodriguinho (o melhor em campo) que fuzilou sem a menor chance para o goleiro Aranha.

O Corinthians ainda teve mais duas chances de marcar no primeiro tempo. Porém, de novo foi vítima das limitações técnicas de seu ataque. De emoção mesmo no primeiro tempo só um entrevero entre Potker e Gabriel que, tivesse visto o juiz, poderia resultar na expulsão de ambos. Resta saber se a Justiça Desportiva, a exemplo do que aconteceu entre Fágner e Cueva no segundo jogo da semi-final entre Corinthians e São Paulo, usará as imagens para penalizar o(s) jogador(es).

No segundo tempo a Ponte voltou sabendo que precisava reagir e o técnico Gilson Kleina mandou Artur e Renato Cajá para o jogo no lugar de Reynaldo e Jadson (o dele e não o de Carille). Mas não adiantou muito: aos 13 minutos do segundo tempo, em mais uma jogada que começou com Jô ajudando o trabalho defensivo, Rodriguinho avançou pelo defesa da Ponte, chamou a marcação e fez um passe perfeito para Jádson (o que continuou no jogo) estufar a rede da meta defendida por Aranha.

Com a folga no placar, o time da capital passou a administrar o resultado, ao passo que à Ponte Preta restava apenas se lançar ao ataque e pressionar uma defesa que não se incomoda com a pressão. Isso deu ao Corinthians a chance de fazer aquilo que ele mais gosta: deixar a bola com adversário e explorar os contra-ataques. E foi numa jogada de contra-ataque que nasceu o lateral cobrado por Fágner para dentro da área pontepretana e, depois de mais uma falha bisonha da zaga da macaca, Rodriguinho fez o seu segundo no jogo e deu números finais ao placar.

 

A volta da final do Paulistão 2017

No próximo domingo, o Corinthians recebe a Ponte Preta em Itaquera, desfalcado de Gabriel e Rodriguinho (terceiro cartão amarelo) e, talvez, Fágner (que será julgado nesta terça-feira) podendo perder por até dois gols de diferença para erguer sua 28ª taça de campeão paulista, um título que na prática não serve para muita coisa, mas que no caso de Carille serve para dar tranquilidade no início do Brasileiro – onde seus comandados lutarão, se muito, por uma vaga na Libertadores –, e o privilégio de olhar para o banco de reserva dos outros três grandes do Estado e dizer: “quarta força, né?”. O que, para um técnico “sem grife”, é muita coisa.